FENÔMENO OVNI e o caso do professor Leandro Félix

Capítulo 6: o depoimento de Julio Santos

Diferente dos outros dois interrogados, Júlio Santos estava vestido com o jaleco do laboratório. Ele usava um óculos de aros azuis e Delegado Guimarães teve uma primeira impressão de que ele era inofensivo.

- Por que você está vestindo as roupas do laboratório?

- Eu pensei que seria um interrogatório sobre a saída de campo. – respondeu Júlio, secamente.

- É um interrogatório sobre o que for necessário para descobrir quem matou Potyra e onde se encontra o professor Leandro Félix! – respondeu o homem da lei, em tom intimidador.

O estudante de jaleco se ajeitou na cadeira, desconfortável. Seu rosto parecia tenso e seus ombros duros denunciavam a tensão que sentia. Apesar da resistência, decidiu ser mais colaborativo:

- Eu estava no laboratório quando fui intimado.

- O que foi fazer lá?

- Eu trabalho lá. Tenho uma bolsa no setor de Ecologia.

Júlio encarou o delegado com olhar sério e fez uma breve pausa. Sargento Nogueira interveio, no intuito de fazê-lo falar:

- Jovem, sei que deve ser difícil estar nesta situação, mas precisamos compreender o que aconteceu naquela noite!

O estudante de Biologia encarou-o com olhar enigmático. Não parecia alguém que estava ocultando informações. Ele parecia querer revelar algo. Ajeitando-se mais uma vez na dura cadeira de plástico, Júlio decidiu falar:

- Não me leve a mal, Senhor. Mas... têm certas coisas no Universo que nem todos estão preparados para compreender!

- O que quer dizer com isso, garoto? – disse o delegado, não gostando daquele tom.

- Quero dizer que há mistérios ainda desconhecidos pela Ciência!

- Que tipo de mistérios? E o que o professor Leandro Félix tem a ver com isso?

- O professor Leandro dedicou os últimos anos da sua vida para desvendar um incrível fenômeno de contato!

- Contato com extraterrestres? – sugeriu Guimarães, com ar duvidoso.

- Não, eles não são extraterrestres!

O delegado ergueu os olhos para o Sargento. Guimarães, um homem cético e sem muita paciência para rodeios, indagou:

- Então, me diga Sr. Júlio Santos, o que o professor Leandro estava procurando?

O estudante universitário manteve o seu olhar sério e firme quando respondeu:

- Um portal interdimensional ultraterrestre!

Delegado Guimarães deu uma gargalhada incrédula e parou. Passou a mão sobre o próprio rosto, como que para tirar a água fria jogada por um balde. Ele estava de saco cheio de toda aquela ficção desmedida. Havia um assassinato e também um corpo desaparecido. Como estudantes aspirantes a cientistas poderiam estar envolvidos com essa fantasia toda? Foi o que pensou naquele momento.

- Os exames toxicológicos indicaram altas doses de álcool no seu sangue e também no sangue de Márcio Torres! Vocês estavam bêbados vendo luzes ou o quê?

- Nós não estávamos drogados! – afirmou Júlio, categoricamente. – Quer dizer, a gente tomou um pouco de vodca, sim... mas, ninguém usou qualquer outro tipo de drogas, eu posso garantir!