lips | cristiano ronaldo

[03] D I F E R E N Ç A S

6 de Junho de 2017

Dia 4 de Junho ficou marcado pelas celebrações no Estádio Santiago Bernabéu para Cristiano. Enquanto o português festejava a sua nova Champions League, Mara, do outro lado do hemisfério, celebrava com alguns colegas de trabalho e amigos as suas últimas conquistas.

Dia 5 de Junho. Cristiano não sabia muito bem como explicar o que sentia quando chegava ao dia 5 de qualquer mês, ele não gostava do número cinco. E o mês de junho não mudaria isso. Apesar de ter continuado a festejar o título com os seus companheiros pelas ruas de Madrid, o seu dia terminou da pior forma quando tentou falar com Irina e a mesma não atendeu as suas chamadas mais uma vez.

Com a chegada do dia 6, logo pela manhã, Cristiano e a sua família estavam a tomar o pequeno-almoço em casa do português quando o seu irmão, Hugo, decide trazer o assunto Irina.

-E a Irina, Cris? Vai ter connosco à Madeira ?

Cristiano Junior rapidamente levantou o seu olhar para o pai querendo também saber a resposta do mesmo.

-Ela não vai para a Madeira connosco e também não vai aparecer lá de surpresa, por isso podem ficar descansados! - Assim que Cristiano proferiu estas palavras, estranhou o suspiro de alívio que o seu filho soltou pois na sua cabeça, Cristianinho e Irina tinham uma boa relação. Então, o craque fez imediatamente uma nota mental para o questionar sobre o assunto quando ambos estivessem sozinhos.

-Os Moraes já estão na Madeira? - Cristiano perguntou tentando evitar possíveis perguntas sobre Irina.

-Não, eles também chegam só hoje! Falei com eles ontem à noite e eles estavam na herdade que tem no Alentejo... E a Mara parece que só chega amanhã. - Dolores responde ao filho, estranhando o seu repentino interesse mas logo percebendo o objetivo da sua pergunta.

-O namorado dela vai, mãe? - Kátia pergunta à progenitora, lembrando-se da última conversa que tivera com Mara no outro dia.

-Ainda bem que falas nisso! A Alice pediu-me para não tocarmos muito no nome dele ou no tópico casamento, segundo ela, a filha não lhe parece muito bem e acha que a relação deles está com problemas. - Dolores rapidamente encarou Cristiano percebendo que o filho estava atento à conversa. - Vocês sabem que eu nunca fui muito com a cara do rapaz apesar de parecer que ele até a fazia feliz... acho que ele se podia esforçar mais para se dar com a família dela e também connosco! Ela é uma menina tão bonita e tão doce, acho que merecia alguém que a valorizasse mais! No entanto, se ele a faz mesmo feliz, espero que eles ultrapassem esta má fase.

Era impossível. Impossível. Era o único pensamento que rondava a mente de Cristiano. Estariam ele e Mara a ter exatamente os mesmos problemas ao mesmo tempo? Ambos com problemas nas relações perfeitas para quem vê de fora e ambos não queriam ouvir falar de casamentos durante um longo tempo. O português só conseguia pensar que certamente dar-se-ia muito bem com Mara.

-Ronaldo estás a ouvir o que te estou a dizer? - Hugo empurrou o ombro do irmão pela quinta vez e o mesmo olhou para si - Aleluia, estava a ver que não! Eu disse-vos logo que quando o chamasse por Ronaldo ele ia olhar.

-O que queres, Hugo? - o português perguntou após dar um gole no seu sumo natural de laranja.

-Estava a dizer que quando vires a Mara o teu queixo vai cair até ao chão!

-Hugo! - Dolores chamou à atenção ao filho.

-E porque dizes isso, maninho? - Cristiano pergunta confuso, não entendendo o propósito do que o irmão dissera.

-Tu vais perceber quando a vires, Cristiano. Confia em mim.

O craque deu de ombros com a afirmação do irmão e no outro canto da mesa, Dolores questionava-se sobre qual será a reação do filho quando reencontrar Mara, a menina que ele mal se lembra, após tantos anos.

(...)

O jato privado acabara de aterrar no aeroporto Cristiano Ronaldo. O português achava um exagero ter dado o seu nome a um aeroporto mas quando lhe contaram a homenagem que lhe iam fazer não teve coragem sequer de recusar.

A verdade é que Cristiano sentia-se em casa sempre que colocava os pés na ilha da Madeira. Ele pertencia lá. Sabia isso melhor que ninguém. Era, possivelmente, o único sítio do mundo, onde o português conseguia manter-se escondido pelo menos durante duas semanas. Ele não sabia se era ele que tinha uns truques muito bons, se as pessoas não reparavam no homem de boné e barba falsa na rua porque eram ignorantes ou se as pessoas reparavam que era ele e ignoravam-no. Sabia que certamente já tinha sido apanhado a andar pelas ruas da Madeira com a barba falsa porque apesar de não terem trocado uma palavra sequer com ele sobre o assunto, os velhinhos que estavam a pescar reconheceram-no pois disseram ambos ao mesmo tempo Siuuuuuu! quando o português passou por eles.

-Acabei agora de falar com a Alice e ela e o marido já estão lá em casa! - Dolores avisa a família assim que entra na espécie de carrinha que os veio buscar ao aeroporto e os levaria até casa.

-Pai, nós podemos ir nadar? Por favor, diz que sim! - Cristianinho abanava continuamente o pai, pedindo a sua atenção.

-Podemos, se não tivermos nada mais importante a fazer!

(...)

-Eva, eu não me sinto bem em leva-lo para um momento de família quando neste momento nem sequer me apetece olhar para a cara dele. - Mara, prestes a embarcar num voo com destino à Suíça numa conversa com a sua melhor amiga.

-Tu é que sabes, Mara. Só te estou a dizer que se calhar era bom vocês passarem mais tempo juntos e podia ser que fizessem as pazes! Mas eu entendo o que estás a dizer!

A menina prodígio como alguns dos seus colegas de trabalho a chamavam, seguia num voo para a Suíça e não num voo para Portugal, porque à última da hora, o seu namorado ligou-lhe a pedir que ela comparecesse a um jantar de família que os pais dele iam dar. Mara não teve coragem de negar pois sabia que apesar do mau momento que a sua relação atravessava, os pais do namorado sempre a tinham tratado como uma filha.

(...)

-Mas afinal porque é que a Mara só vem amanhã? - Kátia perguntou a meio das conversas aleatórias que surgiam na mesa de jantar.

-Oh meu anjo, sabes que nem eu sei... Ela apenas me ligou e disse que tinha que ir à Suíça porque algo tinha surgido à última da hora. - Alice Moraes, mãe de Mara, esclarece as dúvidas de Kátia... ou pelo menos tenta. - Mas não te preocupes que por estas horas amanhã, se deus quiser, ela já cá está!

Cristiano, apesar de mais atento ás conversas dos homens na mesa, também prestava atenção nos assuntos aleatórios discutidos pelas mulheres. O craque não conseguia evitar começar a ficar um pouco curioso sobre a tal Mara. Toda a gente parecia gostar tanto dela e ele nem sequer se conseguia lembrar da cara da rapariga muito bem! Era óbvio que estava curioso e com vontade de a conhecer, algo que só aumentou quando o português percebeu que também o seu filho, Cristianinho, parecia ser apaixonado por ela.

Uma coisa Cristiano sabia... queria conhece-la porque na sua mente, eles podiam virar grandes amigos que sofriam dos mesmos males e problemas.

Ai se ele soubesse...