quanto você bebe?

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"é preocupante." ele apenas diz.

eu coloco a garrafa de vinho no chão e viro minha cabeça para curiosamente olha-lo. ele é bonito, mas visivelmente desgraçado como bukowski. consigo ver no fundo dos seus olhos que não há mais resistência.

"quanto você bebe?" pergunta.

"quase todos os dias. um pouco ao acordar, outro pouco antes de ir trabalhar..."

"antes de ir trabalhar?"

"sim."

ele suspira, passando a mão em minha perna.

"você deveria parar."

trocamos um olhar de tristeza mútua por alguns segundos até que a tristeza se desfaça lentamente enquanto sua mão para em minha calcinha.

talvez eu devesse ouvir os conselhos da minha mãe sobre não me entregar com tanta facilidade. eles não se interessam por isso, eles nunca vão me levar a sério. a mulher independente dentro de mim manda todos para puta que pariu. ela diz: "não me encaixarei em seus padrões comportamentais para que se sintam atraídos! serei eu mesma SEMPRE!". outra mulher dentro de mim, aquela escondida entre meus discursos de autosuficiencia e as declarações de que já superei o abandono do meu pai, fraqueja e implora para ser amada ou ao menos reconhecida. e no final, eu me rendo a mulher independente. me recuso a precisar pedir por atenção... exatamente como fazia com meu pai.

um dia isso vai me matar.

Esqueça-me se puderOnde histórias criam vida. Descubra agora