Tarde Te Amei (Conto)

3⃣- Viagem

“Sua viagem será daqui a um mês, se prepare!”.

A mensagem da Chica chegou em meu e-mail, e fiquei feliz por finalmente poder realizar meu sonho de fazer o intercâmbio e, agora seria melhor, pois era uma junção de curso e missão na África, um ano dessa experiência.
Voltei minha atenção ao estudo do inglês quando outra mensagem chegou:

“Oi, Isis, é o Matheus. Eu sei que já faz meses que não nos falamos, mas tenho uma notícia, enfim, tirei férias e tenho pensado em ir para sua cidade. O que acha?”

Ao ver a foto de perfil no celular, meus ânimos se alteraram.

“Olá, Matheus! Há quanto tempo, hein? Seria ótimo! Eu o receberia com todo prazer. Você ficará por quanto tempo?” – respondi, tentando passar certa calmaria, apesar de internamente está eufórica.

“Excelente! Eu ficaria por uns três meses, eu consegui um bom tempo de férias”. – Não demorou e a nova mensagem dele chegou.

Ao ler aquelas palavras, meu coração murchou. Só porque agora ele teria bastante tempo, era eu que iria embora. Matheus e eu conversamos por algumas semanas após o casamento, até a viagem dele para o interior. Havia quase cinco meses que não tínhamos um mínimo contato. No início, eu esperei, depois fiquei frustrada, e no fim havia desistido de nossa amizade. E do nada, ele aparece.

Afundei meu rosto entre minhas mãos e inspirei fundo. – Oh, Senhor! Por que isso agora? Por quê?

Em meio a minha reclamação, o celular apitou mais algumas vezes.

“Isis, você ainda está aí?”

“Oi, estou sim. Sim, é um excelente tempo de férias. Venha, eu vou lhe aguardar!” – respondi, respirando fundo para não chorar.

“Ótimo! Em dois dias desembarco no Mato Grosso”. “Como você está?”

Aquela pergunta dele fez a nossa conversa se estender por horas. Matheus era sempre muito sábio em suas palavras e um excelente ouvinte. Falar com ele trazia calmaria e um vigor novo para mim. Eu tinha medo dos meus sentimentos se transformarem em algo mais forte. Não queria me iludir e nem estragar nada.

***

Minhas pernas balançavam em meio ao meu nervosismo. Eu estava no desembarque esperando meu amigo. De longe, avistei o seu cabelo loiro, Matheus trazia apenas uma grande mochila em suas costas e andava com passos firmes. Quando me enxergou abriu um belo sorriso em seus lábios.
Ao se aproximar me abraçou forte e ficamos naquela posição por alguns segundos. Eu não sabia direito o que sentia, mas era diferente e posso até me atrever em dizer que bom.

– Isis, que bom revê-la!

– O prazer é todo meu – falei com um sorriso e nos afastamos e começamos a andar para fora do aeroporto. – Eu cheguei a pensar que nunca mais nos veríamos... Faz tanto tempo.

Ele soltou uma risada abafada e disse:

– Eu também pensei, achei que nem responderia minha mensagem.

– Foi uma surpresa, de fato, mas... – entrelacei as mãos e mordi os lábios inferiores, sentindo um frio na barriga – poder conversar com você de novo foi um presente do Senhor.

Matheus percebendo minha timidez abraçou-me de lado.

– Então, agora nós temos muito o que fazer para repor esse tempo – ele disse, enquanto botava a mala na parte de trás do carro.

– Sim, mas hoje vou levar você para comer e deixa-lo na casa da sua tia. Tenho certeza que precisa descansar. – Matheus soltou o ar e confirmou com a cabeça.