Guiné-Bissau era a nossa primeira parada do intercâmbio de missões. O nosso guia nos levou até a casa de um dos moradores daquele local, que ficava situado em um pequeno vilarejo. Quando estávamos próximos, eu avistei uma casa com paredes de barro e o teto de palha, era realmente uma residência humilde.
Da casa saiu uma senhora negra de cabelos brancos, com um vestido vermelho abaixo dos joelhos, já velho, mas com um sorriso que era capaz de iluminar as noites mais sombrias.
– Olá, jovens! Eu sou a Abigail Gales. – Com, cordialidade, ela nos cumprimento. – Sejam bem- vindos a esse país. Espero que sua experiência aqui seja – falou olhando para todos nós – transformadora. – Fixou em mim suas íris escuras ao dizer a última palavra.
– Nós é que agradecemos pela igreja 1º igreja crista de Guiné-Bissau fazer essa parceria com a nossa agência de intercambio – declarou Ruan, nosso agente.
– O prazer é nosso! – A Sra. Gales estendeu a mão para ele. – A obra do Senhor sempre precisa de mais obreiros.
Ela disse essas palavras enquanto andava e nós a seguimos. Abigail nos levou para conhecer a pequena igreja daquela cidade. Não havia uma bela estrutura, apenas paredes de barro pintado de branco, possuía assentos de madeiras, um pequeno altar com um púlpito de madeira. Do lado de trás da igreja havia algumas salas de aula para as crianças, algumas cadeiras e mesas. O terreno não era tão grande, mas era o suficiente para abranger as pessoas que congregavam ali.
Ela nos levou a pequena casa que nos abrigaria durante aqueles três meses de intercâmbio em Guiné. Era um local com quatro beliches de madeira, o que serviria para 8 jovens que ficariam ali, duas cômodas e um banheiro.
– Vocês vão comer na minha casa todos os dias – informou Abigail. – E lá nós iremos conversar, acertar tudo que vocês farão e também expor as dificuldades que encontrarão. Porque, meus jovens, serão muitas. – Ela terminou aquela fala com um sorriso no rosto e me fez engolir em seco.
Eu e os demais jovens organizamos nossas coisas e o nosso agente foi embora para a base do intercambio. No quintal da Sra. Gales havia uma mesa de madeira com dois bancos em cada lado e nos assentamos no local. Ela colocou em cima da mesa uma espécie de mingau branco e sinceramente meu estômago revirou. Eu queria naquele momento voltar para casa.
Ao ver nossas caras e bocas para a comida, ela disse: – Vamos, comam e não fiquem com nojo!
Após receber aquela repreensão, nós nos servimos e após provar, até que não era tão ruim assim. A Sra. Abigail sentou-se na cadeira na ponta da mesa e pronunciou:
– Bom, jovens, vocês irão servir tanto na igreja quanto na comunidade. Os rapazes irão ajudar os homens nas construções das casas, irão carregar os caixotes, trabalharão no campo, plantando e colhendo. – Os rapazes olharam entre si e a senhora percebendo isso disse: – Aqui vocês usarão a masculinidade que Deus os deu e as vossas futuras esposas agradecerão mais tarde. – Os jovens apenas consentiram.
– As meninas irão ajudar as idosas nos afazeres domésticos, irão ensinar as crianças na escolinha, atenderão os doentes. Eu sei que o Senhor deu para cada um aqui a oportunidade de estudar, agora usem isso para o serviço do próximo.
***
As primeiras semanas foram intensas em Guiné, eu achava que não ia conseguir dar conta de tanto serviço, acreditava que fazer missão era algo meio sobrenatural, mas a verdade era que não. Era uma rotina diária e as vezes nem conseguíamos falar de Cristo para ninguém. Eu percebi como as pessoas eram duras de coração e não estavam interessadas em nada além de si mesmo. Eu me sentia frustrada e desencorajada.
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Tarde Te Amei (Conto)
EspiritualQuando o nosso querer é interrompido, o dEle não é". Elizabeth Elliot. Esperar era sinônimo de dor no vocabulário de Isis. Ela já havia perdido as esperanças de achar na terra o seu par. "Deus se esqueceu" - Esse era o seu pensamento constante. E q...