6️⃣- Epílogo

2.7K 478 148
                                    

Eu olhei para a mesa de vidro repleta de brigadeiros, bem-casados, e mais uma variada porção de doces e roubei um, o sabor era delicado e derretia na boca. Virei-me para contemplar a organização dos arranjos de flores no centro das mesas, que estavam
organizadas em fileiras, a fim dos convidados poderem se sentir como num grande jantar em família e poder compartilhar daquele momento ímpar em nossas vidas.

Contemplei o céu límpido daquele fim de tarde, sentindo o vendo frio acariciar minha pele, deixando-me levemente arrepiada. Eu poderia dizer que o meu momento de felicidade estava começando, mas acontece que aquilo só fazia parte da mesma, que há tempos já habitava em meu coração. E assim eu sabia que tudo daria certo. Minhas reflexões foram interrompidas pelos constantes chamados de Betina.

– Ah, meu Deus! – Ela estava de olhos arregalados e a mão na boca. – Não acredito que eu saio por um instante e foge para o lado de fora procurando estragar minha obra de arte. – Me segurou pelo braço e puxou-me para o quarto novamente.

Eu havia saído para dar uma volta e ver a preparação do casamento e o vento começou a querer desfazer os bobes em meu cabelo. Certamente, Betina não iria me perdoar tão cedo
por aquele ultraje para com seu penteado. Mas eu não consegui evitar.

Adentramos no quarto e a expressão enrugada no rosto de minhas outras três amigas, me fez apenas dar um sorriso torto para cada uma delas, caminhei em silencio, como ovelha ao matadouro, e me sentei na cadeira, permitindo que elas terminassem de me preparar.

– Isis some no meio de nossa arrumação – declarou Melissa, começando a espalhar a base em meu rosto. – Como pode?

– Desculpe, meninas, mas eu precisava espairecer – disse apenas.
Eu não estava inquieta, pelo contrário esta muito calma, no entanto queria ver as coisas do lado de fora.

– Essa noite será linda e perfeita! – exclamou Agnes com exultação e um longo suspiro.

– Nossa amiga preciosa irá se casar e será com um homem bom e temente a Deus.

Ao relembrar de meu noivo meu coração se aqueceu e a saudade de Matheus ficou mais intensa. Por incrível que pareça havia um mês que não nos víamos pessoalmente. Desde quando nos reencontramos na África, isso era há quase seis meses. Nos três primeiros meses nós – ainda lá – ficamos noivos e dois meses depois eu voltei para o Brasil para organizar as coisas do casamento e ele teve de ficar com a sua equipe, e agora um mês depois da minha volta, mal tínhamos contato. Era difícil não ter o apoio dele nas decisões das coisas e
preparar algo que combinasse com nós dois, felizmente conversamos muito sobre os nossos gostos enquanto estávamos juntos em Guiné Bissau. Mas na noite anterior, eu recebi a sua mensagem, informando que havia desembarcado no Brasil. Meu coração errou um compasso
ao ler aquelas palavras na tela de meu celular, querendo me fazer ir até o aeroporto naquele mesmo instante, mas nossos familiares nos aconselharam a esperar mais um dia e então no veríamos no altar.

Mamãe, a Sra. Marisa, mãe de Matheus, que Henrique, o primo dele e marido de Agnes, fez o favor de me apresentar a toda a família, para que pudéssemos, enfim, criar relações afetivas, estava me ajudando muito. Ela era como uma segunda mãe. De acordo, com o testemunho que Matheus deu de sua progenitora, só podia esperar ser uma mulher virtuosa, e ela era muito mais do que eu havia pensando.

Matheus era o filho mais velho e o último da família a se casar, sua mãe já tinha perdido as esperanças. Mas quando Henrique apresentou-me a ela, como pediu Matheus, e junto entregou a carta do primo, falando sobre nossa relação, a senhora de cabelos grisalhos, de uma humildade sem igual, abraçou-me com grande emoção. E disse: – Seja bem-vinda a família Oliveira, minha querida. Eu me senti ainda mais amada por Deus e Matheus, por me fazer ser pertencente daquela comunhão familiar.

Tarde Te Amei (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora