Canadá e seus conselhos.

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[Canadá]

Estava esparramada pelo sofá, lendo vários cartãozinhos de natal, que as crianças do orfanato haviam me dado essa manhã. Tinha que admitir que era bonitinho ver que eles gostavam de mim, que não conheciam a metade dos defeitos sórdidos que tenho, acompanhada de uma taça de vinho, de uma fatia de pizza e de uma camisola confortável era assim que eu passava minha noite de natal. Não estava no clima para festas, elas lembravam de quando comemorava essa data com minha família. Um Sms chegou em meu celular, mas ignorei, sei que se trata de George, e não quero falar com ele no momento. A campainha de meu apartamento começou a tocar, suspirei, esperando de verdade que não fosse ele atrás daquela porta, me levantei, caminhei até lá hesitante, a abri, mas não tinha ninguém lá fora, olhei para os dois lados do corredor,  logo meus olhos viram uma caixa enorme no chão, me agachei, peguei a embalagem, fechando a porta em seguida, e entrando para dentro.

Coloquei a embalagem sob a mesa de jantar e a abri, me surpreendendo ao tirar de dentro dela um vestido prata, trabalhado em pedrarias, muito elegante. Vi que tinha um cartão e o pegou para ler.

Para me redimir do fato que sujei um vestido no seu aniversário.

Feliz natal, vizinha.

D.S

Sorri, em seguida sai do meu apartamento, tocando a campainha do de Derek, mas ninguém respondeu. Seguida por um instinto que desconhecia entrei para dentro de casa, peguei um agasalho e segui até o fim do corredor, abrindo a última porta, que dava para a escadaria que levava ao telhado do prédio. Abraçando o próprio corpo,  subi vários degraus, até chegar lá em cima. Derek estava lá, sentado no parapeito do terraço, fui até ele, e me sentei ao seu lado. Derek percebeu minha presença.

— Fiz tudo errado...Venho fazendo tudo errado. — murmurou, não para mim, mas para qualquer um que se oferecesse a escutá-lo.

Nos últimos dias desde que Dean me falou aquelas coisas preferi me manter longe de Derek, não sei se ele estava certo ou errado, sei que já fui magoada demais por tentar amar alguém para continuar o querendo, não somos feitos um para o outro. No mais George foi o que quis, porque já sabia como terminava. Mas, sabia que desde meu afastamento algo havia acontecido com Derek, sua aparência e seus modos demonstravam algum erro, e não me dava ao prazer de achar que o problema era eu, nunca foi.

— Por Jasmine. —  afirmei, já tendo certeza disso.

— Como você diz: Sempre por Jasmine. — Derek disse sorrindo sem humor — Agi como um babaca nos últimos tempos, magoei a Amélia simplesmente por não conseguir superar que não fui o suficiente para a Jasmine. — contou e suspirei.

— E sua namorada? —  indaguei lembrando-me da loira que vivia no apartamento dele.

Derek queria que eu acreditasse que ele era apaixonado por essa loira, como se eu fosse estúpida. Só queria me afastar.

— Terminamos, ela disse que não pode ficar comigo enquanto meu coração pertencer a outra. —o Derek comunicou — Agora cá estou eu, passando o natal sozinho. —  debochou.

— Jasmine " a responsável por suas frustrações" — ironizei, referindo-me tanto a ele, como a mim própria. Quando ouviu aquelas palavras, o moreno me encarou.

— Nunca gostou mesmo da Jasmine? —  perguntou um tanto incrédulo.

— Não, eu nunca gostei da Jasmine. — afirmei sem hesitar, e aquilo surpreendeu ele, não imaginaria que eu seria tão sincera — Eu amava a Jasmine, ela era minha irmã, ela nunca desistiu de mim, ela nunca me abandonou. —e essas palavras desarmaram o Storm.

— Então por que... — ele não conseguiu terminar a pergunta.

— Porque eu não sei lidar com amor. Porque eu estava quebrada, e queria que o resto das pessoas ficassem quebradas também, porque eu sou egoísta. — contei, unindo minhas mãos, e olhando para um ponto qualquer.

— Eu não te entendo. — ele disse de súbito.

— Eu também não te entendo...Você tem tudo para ser feliz e fica se apegando a um sentimento que só você sentiu. —  retruquei.

— Você também tem tudo para ser feliz...Mas fica se apegando a frustrações infantis. — disse de volta.

— O que eu tenho para ser feliz, posso saber? —  questionei irônica.

— Você é linda, você exala vida, você tem dinheiro. Para de se fazer de vítima da situação. —  aconselhou irritado.

— Então pare de se humilhar para a Jasmine, e pare de ama-la. — aconselhei de volta no mesmo tom.

— É impossível parar de ama-la. —  afirmou.

— E é impossível me tornar uma pessoa boa

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— E é impossível me tornar uma pessoa boa. — disse convicta. E assim ficamos encarando um ao outro, azul no verde, verde no azul — Encontre alguém que faça você duvidar da sua própria sanidade, alguém que te faça ir contra tudo, que te enlouqueça, que faça cada músculo do seu corpo implorar por ela, alguém que ofereça perigo, incertezas e não a deixe escapar, a ame com toda intensidade que puder. —aquele conselho soou mais como um pedido, e dito aquelas palavras, me levantei, caminhando em direção as escadas.

— Sabe ...desde que cheguei aqui fico me perguntando, por que você não se ofereceu para ser essa pessoa. — Derek confidenciou,  estanquei no lugar e suspirei.

— Eu posso se uma vadia repugnante, uma traidora sórdida, mas eu nunca iria me propor a ser uma tampa buracos para alguém que amou Jasmine Thompson, não mais...Eu sei que sou uma péssima pessoa, mas eu mereço mais que isso. Eu devo merecer.

Totalmente Por Ironia - Livro 2. - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora