Capítulo 37

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_______ Sophie Pavel

[...]

Depois de saber do envolvimento do Andrey no salvamento da Sasha, me pus em reflexão sobre como a nossa relação tem sido nos últimos tempos, precisamente desde que o meu irmão chegou. Eu gosto tanto dela até ao ponto de não querer perdê-la, porém, ela e o meu maninho apaixonaram-se.

Eu gosto dela de verdade, mas vê-la feliz é o meu maior desejo. Confesso que não foi fácil entender toda essa situação, há um bom tempo tive certeza daquilo que ambos sentiam devido a forma que os dois se evitam. Então, quero deixar claro a eles, a minha vontade de permitir que ambos vivam esse sentimento sem eu ser a razão dos seus afastamentos.

***

Fui até ao quarto do Andrey para ter uma conversa sobre toda essa confusão sentimental triangular, logo após eu bater na porta ele permitiu a minha entrada apesar do semblante triste em seu rosto. Por alguns instantes hesitei em transmiti-lo a decisão que acabara de tomar.

Mas, seria a melhor notícia a receber no meio desse caos todo que se instalou depois da Sasha estar hospitalizada. Sentei ao seu lado na cama, deitou sua cabeça em meu colo recebendo um cafuné aconchegante. Enquanto isso, pensava nas melhores palavras, para dizer tudo aquilo que ele há muito tempo queria ouvir.

— Eu andei observando você e a Sasha, notei que vocês gostam um do outro, estou errada?

— Não, eu sou apaixonado por aquela mulher que está lutando pela vida. Mas, sempre soube respeitar a relação de vocês e por isso decidi manter distância para esquecê-la.

— Eu tenho a certeza que isso não resultou e por isso mesmo vim conversar consigo sobre.

— Como assim!?

— Isso mesmo que ouviu, eu vou deixar o caminho livre para que tu e ela possam desfrutar desse amor.

— Infelizmente isso não adiantará em nada, Sasha está neste momento em uma situação complicada, nem mesmo os médicos acreditam na sua recuperação, é bem provável que ela...

— Viva, tenhamos fé. Ela é forte, mais cedo ou mais tarde abrirá os olhos e estará em seus braços.

_______ Boris Nikolai (Delegado)

O caso do desaparecimento do Dimitri Salim, tem tirado o meu sono, não só por estar em minha anuência, mas também pela minha relação de amizade com os seus pais. Sucede, porém, que, nem mesmo com clima de pressão a todos funcionários do hotel onde ele foi visto pela última vez, alguma testemunha crucial surgiu ao ponto de ser chamada a depor diante das autoridades.

Sem mencionar a assinalada disparidade de depoimentos dos mesmos quanto ao caso, por essa razão, dei um tempo de duas semanas nas investigações para estudar e analisar minuciosamente cada detalhe desse quebra cabeça. Mas, hoje. Decidi voltar a recolher os factos relatados, principalmente com aqueles que alegaram terem o visto.

Por esses disporem de conhecimento direto, a intenção é averiguar tudo aquilo que disseram antes, para comparar com o que dirão agora. Tendo em conta que na fase de inquirir as presumíveis testemunhas, dificilmente têm o cuidado de manter a serenidade e acabam alterando a redação do auto relativo no seu depoimento.

Espero que estas mesmas pessoas, tropecem ao depor e dêem indícios relevantes para dar outro ar nas investigações e que os culpados sejam arguidos para a prolação da acusação, fazendo eles ouvir a sentença em julgamento. Quando me levantei para deixar a delegacia, fui informado por telefone que alguém pretendia falar comigo.

— Bom dia, eu sou o delegado Boris Nikolai. Qual é a sua inquietação?

— Bom dia, eu sou a Giulia Vittorio. Acontece que a minha irmã se mudou para esta cidade há alguns meses, e há duas semanas que perdi o contato com ela. Preocupada com a situação, sai da Itália para saber o que se passava. E de forma surpreendente fui informada que ela nunca esteve hospedada no hotel onde ela disse-me estar.

— Poderia me dizer o nome do hotel e os dados pessoais da sua irmã?

— InterContinental – Ljubljana, Soraia Pochettino.

— Interessante! É o mesmo hotel onde eu estava prestes a me dirigir, agora tenho mais motivos para desconfiar do que todo mundo que trabalha lá diz. Tens como confirmar que ela realmente esteve hospedada nesse local?

— Felizmente, sim. Tenho fotos, vídeos e o endereço que ela partilhou. E melhor, tenho registada a última chamada que tive com ela.

Após coletar todos os dados prestados pela Giulia, tive uma pista importantíssima sobre o caso do Dimitri, isto porque as datas dos seus sumiços coincidiam e o hotel era o mesmo. Evitei avisar de primeira aos seus familiares, de modo a não ter fugas de informações para a imprensa e não só.

Depois de obter a autorização do juiz para virar aquele hotel da cabeça aos pés, reuni uma equipa de confiança para desta vez conseguir informações plausíveis, uma outra equipa se encarregou de verificar informações sobre as entradas e saídas da senhora Pochettino. É hoje ou nunca, todo mundo vai ter que abrir a boca como deve ser.

Para a minha satisfação, os depoimentos colhidos durante os interrogatórios concluíram que, os dois estavam juntos no mesmo quarto antes de sumir misteriosamente. A atendente que estava de serviço na mesma noite foi detida, por ter mentido a justiça e ter se livrado com todos registros da senhora Pochettino.

O mesmo sucedeu com o operador do sistema de vigilância, que se livrou das imagens gravadas em troca de dinheiro. Ambos serão indiciados como cúmplices, logo após a detenção foram enviados para delegacia afim de obter mais informações, principalmente conseguir nomes de todos os envolvidos e o paradeiro dos reféns.

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