Daniela Fernandes sabia que Tiago Volpi era um lobo em pele de cordeiro. A destruição escondida atrás de seus traços belos, tal como sugestivos.
Fútil demais na época, a estudante deixou seu corpo falar mais alto e iniciou um relacionamento potencia...
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São Paulo, 2014.
O sol escaldante, juntamente com o ar abafado e potencialmente seco indicavam o dia estressante que Daniela Fernandes parecia ter pela frente.
Mesmo que o tempo estivesse do jeito que ela gostaria, nublado e úmido o suficiente para sua alergia não atacar, a jovem não iria se desprender do nervosismo que abraçava seu corpo com todas as forças. Estava caminhando, desviando das pessoas em plena metrópole para finalmente poder começar a desenhar seus propósitos que planejava para a sua vida.
Daniela caminhava para a sua primeira entrevista, para supostamente ter seu primeiro tão sonhado emprego.
A jovem de 18 anos estava cansada. Cansada de ver seus pais se desdobrando para bancar seu curso de inglês e gastos que ela passava a ter após sair do ensino médio. Queria mais do que tudo ter um emprego para ajudar a família a se estabilizar novamente, ainda mais que seu padrasto tinha perdido o emprego a pouco tempo, fazendo sua mãe penar ainda mais para sustentar a casa. Daniela nunca fora uma menina que reclamava da sua vida não muito satisfatória financeiramente, pelo contrário, sempre teve certo orgulho de ser de onde vinha, desenhar sua história em um local não muito favorecido da cidade de São Paulo. Isso foi crucial para o afloramento de sua essência, humildade e determinação.
Estava, como a maioria dos paulistas, procurando incessantemente por uma oportunidade no mercado de trabalho e quando foi chamada para uma entrevista em uma loja em um shopping center no centro da cidade, levantou as mãos para o céu, agradecendo pela chance.
Havia acabado de descer na estação de metrô da Consolação, estava batucando com os dedos pela escada rolante, acompanhando o ritmo do som de Levels, do DJ Avicii, um dos seus maiores ídolos. Era como uma oração, ela sempre escutava essa música em momentos cruciais de sua vida.
O mar de gente a levou até a superfície e Daniela ainda se assustava com o número absurdo de pessoas que saíam do metrô, fazendo-a manter os olhos mais atentos a medida dos seus passos. Parou a música e olhou para o celular de modo sorrateiro, procurando o número do shopping e quando avistou o local, sorriu fraco, tentando de alguma forma ficar um pouco mais calma.
Ela podia sentir os olhares em cima dela. Uma garota alta, magra, de cabelos quase raspados e pele alva demais era ainda algo diferente para a maioria das pessoas que passavam pela avenida mais movimentada da cidade. Daniela sabia que algumas pessoas a olhavam com estranheza, ainda mais pelas roupas escuras demais para o dia quente que São Paulo apresentava. Mas aumentando o volume, agora trocando a eletrônica pelo som pesado de Bring Me the Horizon fez a esquecer um pouco do ambiente onde transitava.
Entrou no shopping e agradeceu mais uma vez pelo forte ar condicionado batendo em sua nuca desprotegida. Olhou mais uma vez pelo celular e viu que estava muito adiantada, mais de uma hora antes da entrevista.