Capítulo 2 (Somente degustação)

14 0 0
                                    


Um dos motivos pelo qual Kassaia Leal Maia não se mudava da pequena cidade de Veredas, era a baixa temperatura.

A cidade ficava isolada no meio das montanhas, cúmplice a magnanimidade da natureza.

Com arquitetura estilo europeu, e, baixa temperatura, Veredas parecia um pedacinho da Europa.

Mas, Kassaia não morava propriamente na cidade. Sua mansão ficava nas proximidades da cidade, cercada pela mata e com uma esplêndida vista para o mar.

Filha única e herdeira de uma fortuna, devido à morte dos pais em um acidente aéreo, ela se viu sozinha sem saber o que fazer, com uma herança para administrar.

Mesmo formada em administração de empresas, Kassaia não tinha nenhuma vontade de assumir os negócios que havia herdado.

A rede de lojas de eletrodomésticos "Casas Kassaia",era administrada pelo bom e velho amigo da família chamado: Décio Molina.

Uma vez por mês em uma reunião em São Paulo, Kassaia era colocada a par de tudo que estava acontecendo nos negócios.

Por enquanto, ela não tinha interesse em assumir os negócios. A maior parte do seu tempo ela gastava com viagens e solidão.

Se não fosse por Olegna a governanta que havia começado a trabalhar para os seus pais quando ainda ela era criança, e Ivana a filha dela, Kassaia estaria vivendo na mais completa solidão.

Fazia cinco anos que seus pais haviam morrido.

Ela estava com vinte e cinco anos.

Apesar de todo o dinheiro que tinha, Olegna sabia perfeitamente que Kassaia não era feliz.

Bastava olhar para a jovem e ver a tristeza, no fundo dos seus belos olhos azulados.

Kassaia não era uma mulher feia.

Ela tinha um rosto bonito, um olhar terno e sereno.

Os cabelos negros e perfumados davam ao rosto da moça, uma beleza única.

Kassaia era um pouco acima do peso, era gordinha, ela acreditava que esse era o problema que afastava os homens dela, mesmo tendo todo o dinheiro que tinha.

-- Deixa de ser boba, Kassaia. Esses homens são uns tolos. Você é uma gordinha linda e sexy! Um dia o amor vai chegar para você, pode acreditar. Vai chegar, ainda o dia, que vai aparecer um homem que vai amar loucamente você. – Era o que Ivana vivia dizendo a ela, para fazê-la se animar um pouco e tirá-la da tristeza que às vezes a golpeava.

-- Com certeza vai amar o meu dinheiro. Os homens não gostam de mulheres gordinhas.

-- Gostam sim. Têm muitos que gosta você só ainda não o encontrou. Você precisa ter calma, paciência...

-- Estou com vinte e cinco anos e ainda não sei o que é ter um homem! Eu não quero morrer virgem, entende? Eu não quero. Com o tipo de homem que eu sonho, eu nunca vou ter, eu sei!

-- E qual é o seu tipo de homem?

-- Que use barba, cabelos negros, olhos verdes e com um corpo de deus grego. Acho que estou pedindo muito, não é? Um homem assim jamais olharia para mim, jamais faria amor comigo anão ser pagando, é claro.

-- Não se desvalorize, Kassaia. Como já disse, você é linda, vai encontrar o seu homem.

-- Não. Eu sei que não vou. Um dia você vai se casar e vai embora, e com certeza, vai querer levar a sua mãe, e eu vou ficar completamente sozinha nessa casa.

A conversa entre as duas havia acontecido a uma semana, bem ali no quarto de Kassaia, onde ela estava naquele momento com lágrimas nos olhos.

-- Nunca vai ficar sozinha, o homem que vai amar você, vai aparecer, mesmo você sendo gordinha. Gordinha e linda, tanto por fora, como por dentro. – Ivana sorriu.

Tocou de leve o belo rosto da amiga.

-- Eu nunca saberei se ele estará comigo pelo meu dinheiro, ou se por amor. Cansei de esperar. Cansei de esperar, pelo menos, o meu dinheiro vai me fazer feliz por uma, ou duas horas...

-- O que tem em mente, Kassaia?

-- Vou contratar o melhor garoto de programa para tirar a minha virgindade.

-- Kassaia, você não está falando sério!

-- Nunca falei tão sério em toda a minha vida, Ivana!

E era verdade, Kassaia nunca havia falado tão sério em toda a sua vida.

Mas agora, deitada em sua cama, com lágrimas nos olhos, com o revólver bem próximo do seu rosto, ela desejou nunca ter procurado aquele garoto de programa.

Seus dedos tocaram no revólver, enquanto uma dor aguda de tristeza alcançava o seu coração.

Ela não havia nascido para o amor.

Ela não havia nascido para ser amada por nenhum homem.

Ela trocaria todo o dinheiro que tinha para ser amada, para casar e formar uma família.

E foi pensando nisso, que ela enfiou o cano do revólver na boca.


Chegou o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora