*Jimin*
O mercado do bairro estava cheio hoje. Justo quando eu decido usar todo o talento herdado da minha mãe por mim pra cozinha, comprar os ingredientes parecia impossível
As pessoas se aglomeravam na prateleira de miojo, por algum motivo eu realmente não entendo esse amor por macarrão instantâneo, o gosto realmente não me agrada, a facilidade de preparo não é o suficiente pra me fazer digerir cem gramas de miojo
Na seção de legumes havia gente o suficiente pra me fazer ter que me contorcer pra poder conseguir alcançar as cenouras e o repolho. Pegar o repolho foi meio difícil graças ao grandão de cara fechada na minha frente mas minha altura às vezes me faz de amigo e consegue me alcançar repolhos
Lutando pra conseguir os outros ingredientes, eu finalmente cheguei a guerra número dois, o caixa. Dessa vez eu não teria que enfrentar apenas grandões mal-humorados, mas além deles, velinhas impacientes, crianças obsessivas com o novo doce Fini, garotas adolescentes comprando bebidas com identidade falsa e mulheres de direta discutindo com os maridos a quantidade de pizzas que ele colocou no carrinho
Enquanto eu olhava pra criança chorando com um pouco de catarro no nariz, como se já não bastasse p escândalo, senti meu ombro ser cutucado e logo depois o rosto bonito e expressivo do meu amigo apareceu no meu campo de visão
— jiminie, não nos vimos hoje — taehyung diz sorrindo pequeno. Não era para ser estranho o fato de não terem se tombado pelos corredores, taehyung havia mudado de turma, consequentemente mudado de bloco
— por que será né, Tae?! Como ele está? — eu disse com sarcasmo, afinal, era óbvio que não nos veríamos mais regularmente como antes desde que o Kim mudou de turma
— nós demos um passo à frente. Quando nos despedimos ele me deu um beijo no canto da boca — Tae disse como se fosse a melhor coisa que já o aconteceu. Animadamente, ele citou yoongi e seu beijo
— no canto da boca? Que estranho, ele não é de preliminares. Se ele quer fazer, ele faz — minhas sobrancelhas de unirão em sinal de confusão. Realmente Min não era de beijos de canto, selinhos roubados, flertes inocentes, ele era direto com seus "alvos". Sei disso porque ele é muito amigo de Jungkook e, praticamente, mora no nosso apartamento
— é...eu também achei estranho mas antes ele só dizia "até, cara". Pelo menos agora ele me trata como alguém por quem tem interesse — explicou o motivo de sua empolgação. Eu poderia usar a vantagem de ter Yoongi o tempo todo no meu apartamento e perguntar-lhe sobre ele e Tae, eu o farei assim que o vir lá
Rimos da situação entre taehyung e yoongi. Ele era o motivo de Kim ter mudado de turma. Com a desculpa de que não conseguia entender o que o professor de fotografia analógica dizia e com a característica marcante de teimosia, taehyung conseguiu o documento de transferência assinado pelo diretor em menos de dois dias. Além de ter conseguido fazer a menina que sentava na frente de yoongi sair pra que ele pudesse sentar lá, mas pra isso ele usou sua carteira
Minha vez na fila chegou, sem muita demora a moça do caixa já tinha passado todos os produtos do meu carrinho. Me despedi de taehyung e fui para o carro que, aliás, era do Jungkook
Ele não gostava muito quando eu pegava o carro. Na verdade ele tratava aquele carro como se fosse um filho, não era pra menos, era qualquer carro caríssimo que ele conseguiu comprar, ou pelo menos que ele conseguiu convencer seu pai de comprar. Uma poeirinha sequer e ele me mata. Ele dirige como um louco que acabou de fugir do hospital, eu dirijo como...uma pessoa normal, e o medo dele é de eu bater o carro e não de ele ser preso além de ter que pagar o concerto do maldito carroQuando pus os pés no apartamento vi que Jungkook não dormia mais como quando eu havia saído, foi assim que eu consegui ir com seu carro pro mercado, eu roubei a chave enquanto ele dormia
— meu carro — não foi um "oi", não foi um "tudo bem?", foi apenas ele perguntando se o carro ainda estava intacto em forma de uma pequena frase simples composta por apenas um pronome pessoal e um substantivo. Por essa mínima frase ele quis dizer "eu vou matar você se aquele carro que custa o meu rim e o seu juntos tiver uma poeira"
— passei com ele num buraco, por que não verifica a suspensão e me deixa quietinho aqui? — verdadeiramente, tinha passado por um buraco na pista, era a desculpa perfeita pra ele me deixar fazer o que eu pretendia na cozinha tranquilamente
— você roubou o meu carro — indagou indignado como se eu nunca tivesse o feito. Considerando todas as vezes que seu carro foi roubado por mim, já era pra Jungkook ter se acostumado
— você vive roubando minha paciência e eu continuo aqui pra quando você precisar, gookie— disse brincando num meio termo entre debochado e verdadeiro, com um sorriso sínico,
— E é por isso que eu te amo, neném, mas você não pode roubar o meu carro porque isso é ilegal e eu não pagaria sua pensão se fosse preso por roubo — ele tinha dito muitas coisas, mas eu apenas consegui ficar no "eu te amo", a cada oportunidade que ele tinha de dizer essa frase ele dizia, sem medo, sem complexidade, ele apenas dizia. A um tempo atrás eu também dizia isso o tempo todo pra ele mas quando eu percebi que o meu "eu te amo" não era tão amigável quanto o dele eu parei de dizer. Eu tinha medo, pra mim era complexo, dizer essas três palavras pra ele, era difícil porque já não era só amizade
— Eu não serei preso e se for, é claro que vai pagar minha pensão. Eu vou fazer Tteokbokki — caminhei até a cozinha ouvindo suas reclamações sem sentido que acabavam numa mistura entre "sabe que eu não gosto quando pega meu carro sem pedir" e "você não comprou nem mesmo uma pizza". E, claro, ele não pode deixar de relembrar sobre os talheres
Na televisão passava qualquer luta que Jungkook gravou pra assistir depois, o moreno estava jogado no sofá sem camisa e com a calça de moletom que roubou do Namjoon, nosso amigo - era uma calça bonita mas ficava grande nele, lê-se mostrava a marca "Supreme" da cueca que usava, o vermelho da borda do tecido e nome da famosa marca o deixavam realmente charmoso - enquanto eu me dedicava a fazer o prato que minha mãe sempre fazia para mim e para meu irmão. Estava sendo terapêutico, eu estava tão estressado com a faculdade, os trabalhos, as exigências, que a cozinha acabou servindo de terapeuta, mas eu não morava sozinho. Existia um moreno, alto, sem camisa e com a metade da bunda coberta pelo tecido preto de borda vermelha de fora ao meu lado julgando o que eu fazia
— o que foi Jungkook? — não era como se eu não soubesse o que se passava com ele pra que sua cara tivesse aquela típica expressão de desagrado, as cenouras eram suas piores inimigas depois de suco de manga
— são cenouras. Sabe, neném, às vezes eu acho que você não me conhece direito — ergueu suas sobrancelhas e colocou as mãos no bolso da calça larga, quebrando o quadril pro lado esquerdo se apoiando em uma só perna
— eu sei que não gosta de cenouras, mas são importantes pra saúde e pra esse prato então...vai ter que comer — não era como se Jungkook não comesse bem. O futebol pedia que sua alimentação fosse balanceada, mas cenouras não eram uma opção pra ele
— você não é minha mãe, não vai me obrigar a comer cenouras — riu nasalado, debochado
— eu sei que não sou sua mãe, mas você é como uma pequena criança que precisa aprender que, na vida, nem tudo é como você quer e que cenoura faz bem à saúde então vai comer, sim — regularmente eu o tratava como a criança muito grande que ele era, era estranho quando os papéis se invertiam e ele chegava em casa com um pacote do meu doce favorito e dizia "são pra você, neném". Era a nossa relação, eu cuidava dele e ele de mim, foi assim desde que passamos a morar juntos numa cidade completamente desconhecida pelos dois

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𝑴𝒚 𝒅𝒂𝒏𝒄𝒆𝒓 {𝘑𝘪𝘬𝘰𝘰𝘬}
Fiksi PenggemarEle adora vê-lo dançar. Naquela grande sala de ensaio, a luz do sol invadindo o espaço e refletindo em sua pele. Não tinha passatempo melhor que assisti-lo. Jimin, melhor amigo de Jungkook, era realmente talentoso