Capítulo 2

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CAROLINE.

— Escuta, Katherine. Eu não estou de bom humor, então eu acho muito bom você ir dizendo o motivo de você ter vindo até nós!

Raiva. Era só o que eu sentia naquele momento. Porra, minha filha foi atacada e quase morreu! Eu acho que estava no meu direito de estar tão puta. Apesar de Katherine ter me salvado, de certa forma, eu não consigo confiar nela. É uma egoísta sobrevivente que faz de tudo pra continuar respirando.

— Eu acho que você me deve um obrigada, não acha? Acabei de salvar sua vida. — ela retrucou, fazendo biquinho.

Sequer tenho palavras para descrever o quão eu odeio esse jeito da Katherine. Na realidade, ultimamente tudo tem me deixado perturbada, mas aquela mulher com toda certeza tinha o dom de intensificar meu estresse. E o exercia com tanta perfeição que me fez perder o controle.

Usei a velocidade a meu favor e a prensei contra parede, utilizando minha destra em seu pescoço para mantê-la presa ali.

— Escuta aqui, sua vadia miserável. Quero saber como você descobriu onde estávamos e porquê estava atrás de nós. — cuspi tais palavras entre os dentes, a medida que apertava cada vez mais sua garganta.

Não media minhas forças quando estava com raiva, observava o ar se tornar escasso para a morena, mas a ignorei e fiz o total contrário do que pedia. Aproveitei a posição e bati sua cabeça contra a parede com força, conseguindo arrancar dela um belo gemido de dor.

— Caroline! — ouvi a voz de Elijah, que foi o único a tentar me impedir.

Não mataria ela daquele jeito, era pura diversão torturá-la daquele jeito e ele sabia perfeitamente disso. Só consegui entender o motivo quando virei-me para ele, após soltar Katherine que tossiu aliviada. Hope havia acabado de entrar na sala, minha filha de forma alguma me veria na minha pior versão. Ela sorriu pra mim, e logo direcionou seu olhar para Katherine, correndo até ela.

— Garota, você está mais forte do que eu imaginei. — Katherine comentou, após analisar seu pescoço e logo mostrou um sorriso convidativo para Hope, que sorriu de volta e voltou seu olhar pra Klaus.

— Papai, não me sinto bem... — ela sussurrou, e se aproximou dele, cabisbaixa. — Estou com raiva dela, mas não sei o motivo. — apontou para Katherine, e logo depois apoiou a mão sobre a barriga. — E agora me sinto tão enjoada...

Ela não conseguiu dizer mais nada, logo caiu desmaiada aos pés de Klaus que a segurou em total desespero, coisa que eu também faria se não começasse a sentir um enjôo terrível. Precisei correr até o banheiro mais próximo e fiquei por lá vomitando por no mínimo dois minutos. Freya apareceu para me ajudar, parecia preocupada. Quando tudo passou, ela me ajudou a voltar para sala e me deixou perto de Hope. Apoiei a cabeça da minha pequena em meu colo e acariciei seus cabelos esperando que acordasse. Klaus estava sentado ao meu lado apoiando seus pés.

— O que aconteceu com ela? Que inferno, ela é só uma criança. — comentei, após um tempo me acalmando.

— Ah, claro. Uma criança filha de Klaus Mikaelson, que é nada mais nada menos do que o híbrido original mais odiado, junto com uma nova espécie de monstro, que possui nada mesmo que os três seres mais poderosos do universo dentro do corpo. Tudo que uma criança precisa para ter uma vida normal. — Kol provocou, sentando-se.

Klaus o fuzilou com o olhar, as vezes ele sabia mesmo ser inconveniente.

— Vocês estão ligadas. Tudo que você sentir Caroline, sua filha vai sentir também. — Freya disse, após fechar o grimório que folheava.

— E sem querer ser muito inconveniente, a Caroline perdeu o anel da Lua, ou seja... — Katherine disse, e gesticulou como se sua mão estivesse sendo quebrada.

Eu obviamente não tinha reparado isso, meu anel da Lua havia evaporado quando minha mão foi posta para fora da barreira, fazer outro era uma opção, mas com certeza não ficaria pronto antes da próxima lua cheia.

— Hoje é lua cheia... — sussurrou Klaus, e em seguida se levantou.

Era totalmente notório como ele estava estressado. Com total razão. Porra, eu não podia deixar minha filha sentir a dor da minha transformação.

— Eu acho que eu posso...

Freya tentou falar algo, mas foi interrompida por Klaus, que a segurou pelo pescoço e a prensou contra a parede.

— Você acha, Freya? Você vai conseguir desfazer isso ou criar outro antes do horário, falhar não é uma opção.

Hope começou a se mover em meu colo antes que qualquer outra coisa pudesse acontecer. Ela se levantou aos poucos, e Klaus soltou Freya dando espaço para que Rebekah a ajudasse.

— Mamãe... — ela sussurrou, tentando se levantar. — Eu vi... você, o papai. Estavam diferentes. Separados.

— Separados? — Klaus perguntou, parecendo indignado.

E com razão. Como assim Klaus e eu separados? Fomos feitos um para o outro, eu o amo e ele me ama. Com certeza foi apenas um sonho bobo.

— Sim. A mamãe estava... cheia de sangue. O papai estava com os olhos negros e... brigavam. Vocês vão brigar?

Hope parecia estar em agonia. Sua respiração ficou ofegante do nada e sua destra se apoiou em seu peito. Porra. Estava tudo quieto, muito quieto. Eu já deveria saber que nada fica bom por muito tempo quando se trata da família Mikaelson.

— Escuta, bebê. Seu pai e eu estamos bem. Juntos. Nós vamos ficar sempre juntos. Ok? — a abracei, e comecei uma carícia calma em seu cabelo, tentando acalmá-la.

Klaus saiu furioso. Com razão. Essa porra estava começando a atingir Hope, que não tinha culpa alguma das coisas que Klaus e eu fizemos. Enquanto continuava acariciando a minha menina, Freya saía em busca de ervas junto a Rebekah. Elijah foi atrás de Klaus. Meus olhos pousaram sobre a janela, observando a noite. Quanto mais o céu escurecia, mais meu coração se apertava. Teria que enfrentar a dor de uma transformação, porra, eu aguentaria? Minha única esperança era Freya.

— Mãe, vai doer... vai doer muito mãe... eu não quero virar um monstro.

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