1- Quem somos?

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Chovia torrencialmente enquanto um jovem aspirante a advogado, com a certeza de quê poderá mudar o mundo com sua desejada futura profissão, virava a noite estudando incansável para a prova da OAB. Não que já não estivesse preparado o suficiente, mas é que precisamos entender que Vitor Hugo Bernie Carenteli Rovila, era e é, um fanático por seus sonhos. Não cabia a pequena margem de erro comum que qualquer ser mortal tem direito. Sem dúvida um realizador de suas intenções, conhecedor de seus caminhos, ávido "escolhedor" de suas causas, sensível o suficiente para entender tantas outras, mas resiliente o bastante para lidar com às perdas sem encara-las como derrotas.

Quem dera todas essas qualidades cooperassem não só no meio social e profissional. Precisava de toda essa avidez também para arrebatar um ser que aos seus olhos parecia impossível de ser arrebatado.

"Teteza, ou melhor, Thereza Silva"

Perto dela era apenas um menino sonhador.
Vindo de uma família grande, amorosa e nada convencional onde o lema é: "se sua felicidade está no impossível, há sempre que buscar uma oportunidade de lutar pelo possível" desistir nunca foi uma opção, mas essa força da natureza por quem Vitor Hugo se vê apaixonado desde suas primeiras palavras ditas ao mundo, é completamente desenfreada e tão ávida quanto ele em relação aos seus objetivos e ao que pensa como certo. Uma cabeça dura. E o que mais enlouquece Vitor Hugo é conhecê-la tão bem e de fato entender suas escolhas  respeitando-as, mesmo que isso os afaste como um casal e o deixe completamente triste. Ir contra Thereza nunca é uma opção e mesmo que fosse não seria possível. Ela o desarma com o olhar, com um toque, com seu perfume ou até mesmo apenas com sua presença.
Não que esse desarme fosse sinonimo de paz, era apenas uma trégua para quem sabe um dia consiga elaborar uma nova estratégia e assim frear a razão de seus pensamentos mais carnais, e fazê-la entender que o único motivo de suas passagens por essa vida, além de realizar seus respectivos objetivos, diria até bem semelhantes, seria passando juntos, como seus corpos e corações desde sempre vem confirmando e relembrando.
Vitor, sempre muito paciente, seguia perseverante que essa causa já estava ganha, porém, não sabia quando chegaria essa certeza para Thereza.

Naquele momento a cabeça dele latejava por conta das horas de sono perdida estudando e, se fosse verdadeiro consigo mesmo, diria também que pela preocupação com a teimosa e ultimamente incomunicável Thereza, que já não via fazia alguns dias.

Thereza Silva, mais velha que Vitor uns dois anos, já havia terminado a faculdade, também de direito, mas não queria advogar. Estava iniciando seus passos no meio policial.
Sua vontade sempre foi encontrar os bandidos, se possível, no mano a mano e não toda emperequetada dentro de um terninho ou toga.
Desde bem novinha tinha o intuito de seguir carreira policial assim como seus dois pais que eram policiais federais, os famosos "Durões da PF" eles e seu amado saudoso avô eram seus maiores exemplos desse meio. O sangue era só mais um indício que ser policial seria seu destino incondicionalmente, além é claro de sua aficção por lutas, esportes radicais e jogos que envolviam armas.
Menina precoce, independente e corajosa para encarar qualquer tipo de situação. O que deixa seus pais, mãe e irmãos com o coração apertado. Tem uma paixão e gratidão pela sua família que é tão diferente, mas tão maravilhosa quanto todas as outras. Não admitia qualquer insinuação maldosa à condição em que sua família fora constituída, o quê fez sua adolescência repleta de brigas escolares e algumas outras animosidades em locais diversos em que sentia olhares e falas capciosas aos seus pais. Os amava, respeitava e se orgulhava pela coragem que tiveram de enfrentar o mundo para viver um amor tão diferente, mas tão maravilhoso, e desse amor construir uma vida, uma família, onde puderam criar ela, suas irmãs ( Trigêmeas ) e seu irmão. Uma criação baseada no amor e uma educação excepcional, sem preconceitos e cheia de verdade.
Uma filha e irmã amorosa e leal mesmo sendo muito arteira, indomavel, intimidante e obstinada.
Nada e nem ninguém atrapalharia seus objetivos. Nem sua família, muito menos uma louca conexão física e emocional desde a infância com seu melhor amigo Vitor Hugo, que também vêm de uma família nada tradicional como a sua. Conexão que cisma em achar inoportuna, mas que no fundo sabe que se deixar rolar a toma por completo. Ela entendia que não podia se envolver. Não se quisesse se tornar a policial implacável e destemida que tanto desejava. Seu coração não tinha escolha. Apenas a razão a guiava.

Vitor Hugo &Thereza (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora