Vitor Hugo &Thereza (EM PAUSA)

2- Colo.

Com os olhos avermelhados e corpo cansado Vitor Hugo terminava a prova da ordem dos advogados, no entanto, tinha certeza de que se não havia gabaritado as questões, teria errado o mínimo. Mesmo assim essa certeza não lhe dava satisfação. Seus lábios não queriam sorrir, seu coração não sentia nenhum rastro de alegria e seu corpo parecia retesado como se sentisse dor.
Por mais que tenha aceitado o afastamento definitivo de Thereza em sua vida não conseguia fugir da ideia de que isso era apenas uma situação momentânea e que um dia eles poderiam encontrar uma maneira melhor de resolver o problema.
"O problema" - como se fosse um problema duas pessoas amando uma à  outra - os pensamentos sobre ele, Thereza e esse grande problema não paravam de martelar sua cabeça que doía. Chegar em casa e encontrar peças antigas dela impregnadas com seu cheiro o deixou ainda mais doente. Aquele lugar, aquela cidade não era mais lugar para ele. Se não tinha Thereza, não tinha graça e, para que ele não entrasse em desgraça, decidiu que o melhor seria voltar para casa, para sua família, onde sabia que além de colo, lhe sobraria amor. Precisava disso para não se ver quebrando.

- Alô, Lore?

- Oi irmão! Nossa, parece que advinhou que queria lhe falar. Ja ia te ligar. Sonhei contigo, achei seu semblante no sonho muito aflito isso me deixou preocupada, mas como lembrei que faria a prova da ordem, relaxei um pouco e deixei para ligar depois. Então anjo, me diz, arrasou né?

Escutar o som da voz de sua irmã e melhor amiga fez voltar a sombra de um sorriso em seu rosto. Vitor Hugo sentou no sofá mais calmo, até inspirar fundo e sentir cheiro de Thereza misturado ao seu do sexo quente da noite passada.

- Lore, preciso de ajuda!

- O que foi? Você está bem? Se deu mal na prova, diz logo o que aconteceu? - a irmã queria atravessar o telefone se fosse possível. Seu irmão mais querido, o anjo de sua vida tinha uma voz sofrida em seu pedido de ajuda. A ligação que tinham não era sanguínea era ainda mais especial.

- Calma, deixa eu falar. A prova foi ótima. Em breve estarei advogando se Deus quiser...

- Então... Então... foi a vaca da Thereza! Eu já sabia. Eu venho te avisando desde que vocês eram adolescentes e começaram com essa palhaçada. Eu avisei! Thereza é uma garota ótima, mas não serve para você. Meu irmão você merece uma mulher completamente diferente de Thereza. Uma mulher sensível, amorosa, companheira e que esteja realmente disposta a te fazer feliz e ser feliz ao seu lado.

- Eu quero THEREZA! Eu a amo. Nós  nos amamos. Eu não te liguei para receber sermões. Já está difícil o suficiente. Fora que não quero um conjunto de fatores em uma mulher do quê - na sua visão ou de outras pessoas - acham que seria o melhor pra mim. O amor acontece ou pode não acontecer, e quando acontece, não temos escolhas, não há como moldar. É amor e pronto. O problema é quando existe pessoas tão  cabeça dura como Thereza que adia ainda mais a felicidade dela e das outras. - ele ouvia o suspirar de sua irmã na linha.

- Ela enfim deu um basta na relação de vocês não é? - Lore adotou uma postura mais amena. Seu irmão tinha um tom de desesperança e isso ela nunca pensou que fosse possível ver um dia. Não ele.

Do outro lado do aparelho Vitor Hugo não conseguia responder sua pergunta. Doia verbalizar a afirmação. Não conseguia segurar sua emoção ao falar com a irmã. Precisava tanto de seu abraço.

- Junta as suas coisas e vêm para minha casa. Vou comprar a passagem e te mandar por email. Falou com os pais ou a mãe sobre isso?

- Ainda não.

- Tudo bem. Melhor assim. Vem, aqui resolvemos tudo. Eu te amo, desculpa o jeito que falei contigo. Você sabe, eu gosto da Thereza, mas eu fico possessa sabendo o poder que ela tem sobre você. Odeio quem te faça sofrer. Estou te esperando.