3 - O quê a displicência não faz.

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VITOR HUGO

Se havia alguma dúvida de que eu estava bêbado já não tinha mais. Não era possível que o "ladrão" fosse quem eu pensava em tantos sentidos diferentes que eu ri alto.

- O que foi? Acha engraçado ser assaltado e imobilizado?

- Longe disso. Mas alucinar que você é alguém que eu acho que esta parecendo ser, é. - nem eu entendi o que disse, mas assim que fui tentar explicar fui virado bruscamente de frente para minha possível alucinação. E, ao ficarmos cara a cara me preocupei. Alguém deveria ter me drogado, pois via perfeitamente o rosto com aquele olhar azul hipnótico tão marcante de Thereza, senti também seu cheiro que me embriagou ainda mais. Era ela. Teteza. Me ascendi inteiro no roçar de seu corpo no meu e, com esse misto de sensações me invandindo, foi difícil me concentrar e agir de acordo com o que havia me programado em fazer quando reencontrasse Thereza... como ser indiferente?

- Realmente ser imobilizado assim não é engraçado, mas não posso negar o quanto é gostoso. Você sempre me surpreende The.

Ao me ouvir Thereza sorriu de forma sacana ao mesmo tempo em que se esfregou mais em meu corpo comprovando o quanto eu estava achando realmente gostoso ser imobilizado por ela.

- É Vit, posso sentir o quanto está gostando, mas, fica uma dúvida... será que já não estava excitado antes por causa daquela loira aguada, e ser imobilizado só aumentou seu tesão, ou, foi somente a minha surpresa, a minha presença que te deixou assim.

Sorri ao perceber o ciúme escapar em suas palavras e a confissão velada de que me vigiava, ainda fiquei mais aceso com sua impressada. The estava quente por baixo da calça de tecido fino que usava, e, se esfregasse mais um pouquinho em mim, tinha certeza de que sentiria sua umidade escaldante. Pude notar que seu corpo reagia ao meu através dos bicos empinados na blusa solta e decotada, na pele do seu colo e bochechas enrrusbecida e no seu olhar que pegava fogo. Eu poderia me aproveitar dessa pequena entrega de Thereza e fazê-la provar mais um pouquinho desse ciúme, por outro lado, poderia aproveitar esse momento - no fundo tão esperado por mim - e carrega-la para meu apartamento.
Nos encaramos. Fazia meses que nem ouvíamos a voz um do outro, coisa que não acontecia desde que nos conhecemos ainda crianças, e agora estavamos ali, cercados por aquela velha conhecida conexão que não diminuiu em nada, mesmo com o afastamento. Poderia até dizer que estava ainda mais forte agora e que se não estivéssemos tão concentrados nas reações na troca do nosso olhar e na proximidade dos nossos corpos, poderíamos esticar as mãos e toca-la de tão palpável que estava. Era fato que não iria resistir, mas fiz o possível para retardar minha derrota.

- O que foi, deu para me seguir agora? - consegui levantar minhas mãos e estaciona-las em sua cintura - Achei que queria ficar longe de mim e agora aparece de repente, me rouba, me prende, e ainda me questiona por estar acompanhado em uma perfeita noite de sexta?

Senti o antebraço de Thereza pressionar minha garganta e seu olhar queimar ainda mais o meu como se quisesse me intimidar. Parecia querer falar, mas suas palavras não saiam. Minha The não era tão indiferente assim.

- O que foi? Vai me castigar por me ver com outra? - minhas mãos ganharam vida e se aboletaram na bunda dela sem reclamação. Seus olhos automaticamente caíram para minha boca. Previ que nossos lábios logo iriam se unir... Previ errado.

Ela sorriu. Pude acompanhar suas feições voltando ao natural, ou seja, voltando ao controle.

- Em primeiro lugar: só sigo bandidos e, convenhamos, você está muito longe disso; em segundo: realmente quis "quero" o nosso afastamento, mas serei hipócrita em dizer que não sinto sua falta... afinal, você é além de qualquer coisa meu melhor amigo... E, terceiro lugar: eu não questionei nada, só quis tirar uma dúvida, você tem todo direito de curtir "uma perfeita noite de sexta"... assim como eu estava...

Vitor Hugo &Thereza (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora