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   Brian agarrou a mão de Roger e andou para trás, o híbrido olhou para aquela mulher como se estivesse vendo o próprio diabo.

   — Mãe?! — Lucy também arregalou os olhos. — O que está fazendo aqui? Você tinha se mudado para Manchester depois de se aposentar...

   Era uma mulher na faixa dos cinquenta anos, com olhos azuis idênticos aos de Lucy e longos cabelos castanhos, ela sorria de forma tão amigável que não parecia uma louca que fazia experimentos em humanos e animais.

   — Acontece que o nosso trabalho nunca acabou, híbrido Felis Catus, sente-se.

   Por mais que Roger não quisesse, ele sentou no chão, se esforçando para voltar a ficar de pé.

   — Ela é louca? — John também se afastou.

   — Deixe ele em paz!

   — Eu o criei, ele obedece a mim. Acho que ele se esqueceu de como foi criado, acha que você nasceu assim? Estava tão desesperado para saber?

   — Eu não bato em mulheres, mas se você não deixar o Roger em paz...

   — Deixe-me falar primeiro, rapaz. — Ela arrumou o jaleco, fuzilando Roger com o olhar. — Eu fui uma das cientistas convocadas para o projeto H, humanos não seriam mais fortes se tivessem habilidades de alguns animais? Nosso mentor, Harris Golden, pesquisou sobre isso a vida inteira, mas o filho dele, Edward Golden, foi quem nos convocou para iniciar o projeto. Conseguimos misturar algumas espécies de ratos com pequenos animais, e quando eu cheguei aqui, precisávamos começar os testes em humanos e em animais maiores.

   — Como conseguiram as cobaias? Ninguém é tão louco para entrar nessa em numa boa. — Freddie comentou.

   — Clínicas de aborto, pagávamos uma fortuna para que as mulheres desistissem e entregassem os bebês pra nós, sua mãe não estava muito feliz com você Roger, isso é uma pena. Tínhamos dois bebês para cada animal, e você foi o único que sobreviveu na mutação com os gatos. Você acha que escolheu o nome Roger, mas quem o escolheu pra você fui eu, por um descuido eu deixei você fugir, mas eu te procurei sempre, até achar de novo treze anos depois.

   — Então quando você me adotou, você já sabia?

   — É claro que eu sabia bobinho, mas fingi não saber, eu precisava ganhar sua confiança para te trazer aqui e continuar com os testes, porém você fugiu da segunda vez, e eu acabei te perdendo de vista... Mas o destino é tão impressionante que trouxe você até mim, não temos muito tempo para conversar, eles já devem ter percebido a invasão.

   — Invasão?

   Antes de Brian ter sua resposta, várias luzes vermelhas apareceram, juntamente com uma espécie de sirene. O chão em que eles estavam começou a se abrir, e abaixo deles, um laboratório em perfeito estado, ainda maior do que o ouro, com vários cientistas e animais. Todos caíram em cima de uma mesa de ferro, três vezes maior do que a outra, e os cientistas colocaram armas nas cabeças deles.

   — Ao contrário do que muitos disseram, nós nunca paramos. — Lisa Boynton desceu as escadas, ela foi até a mesa e estendeu a mão para a filha. — Você não precisa passar por isso...

   — Não! Eu não vou fazer parte disso. — Ela se afastou da mulher. — Vocês sabem o quão errado é o que vocês estão fazendo?

   — Imagina só, uma legião de híbridos de animais grandes, híbridos de lobos, ursos, leões, todos lutando ao nosso favor. A raça humana tem que conquistar esse planeta, somos a forma de vida superior, os animais fazem o que mandamos, os humanos são submissos quando conseguimos entrar em sua mente, se conseguíssemos usar isso com animais selvagens, o poder da raça humana iria ser maior! É necessário Lucy!

   — Isso é loucura. — Brian protestou. — Vocês estão mexendo com humanos também,

   — É, e vamos mexer com vocês. Os híbridos tem que sofrer as mutações assim que nascem, mas como vocês são adultos... Se acabarem morrendo no processo, não vai ter ninguém para nos denunciar.

   Um dos cientistas agarrou Roger, o jogando no chão, ele tentou arranhar a mão do homem e chegar até Brian, mas recebeu um choque de outro cientista atrás dele.

   — Não vamos gastar tempo com eles 773. — Uma voz masculina rouca foi ouvida, todos olharam para um senhor com cabelos brancos, usando um jaleco velho e rasgado, seu nome era Doutor Spilburn, e seu número, 111. — Eu sou o líder dessa operação, eu decido o que faremos com os invasores.

   — Brian! — Roger gritou, tentando se soltar, mas recebeu outro choque.

   — O híbrido Canis lupus familiaris vai ter tempo para lidar com eles, Doutor 494, solte-o.

   — Rami! — Um homem de óculos e cabelos ruivos chamou. — Ele é o híbrido mais evoluído que temos até agora, vão adorá-lo, Canis lupus familiaris!

   Um rapaz veio andando rapidamente, ele usava uma camiseta branca com o número 494, calças também brancas, andava descalço e usava uma coleira no pescoço. Ele tinha cabelos negros e olhos azuis, seria um rapaz tão bonito se não carregasse uma expressão de alguém semi morto.

   — Canis lupus familiaris, ataque. — Foi tudo o que o ruivo disse, antes do belo rapaz se transformar completamente.

   Ele se transformou em um Pitt Bull grande e raivoso, que rosnava enquanto andava lentamente até a mesa aonde os quatro estavam deitados, dois outros cientistas agarraram os braços de Lucy e a tiraram da mesa, um deles pressionava seu pescoço, ela não conseguia respirar, enquanto os três continuaram com armas na cabeça caso pensassem em fugir.

   — Desculpe envolver vocês nessa, vocês iriam casar em poucas semanas e eu simplesmente... — Brian sentiu uma lágrima escorrer pelo canto de seu olho.

   — Está tudo bem. — Freddie segurou a mão dele. — Amigos são amigos até morrer não é?

   — Brian! — Roger continuava gritando.

   — John! — Freddie chamou e lhe beijou, acariciando o seu rosto com cuidado. — Eu te amo!

   — Eu também te amo. — John respondeu, tentando segurar o choro.

   — Roger! — Brian chamou. — Não chora! O seu namorado não gosta de te ver chorar.

   — Brian... — O híbrido caiu no chão, soluçando de tanto chorar e depois de tantos choques.

   — Eu te amo Roger! — Ele disse, enquanto o Pit Bull estava subindo na mesa. — Eu vou ficar bem!

   Quando Brian ia ser atacado, se abaixaram graças ao som de tiros, o Pit Bull se afastou, e policiais começaram a tomar conta do laboratório inteiro, e a equipe da ONG Amigos dos Animais também estava lá.

   — Eu deixei... Um recado... Com o resto da equipe, caso a gente não voltasse. — Foi tudo o que Lucy disse, antes de desmaiar por causa da falta de ar.
  
  

Meow!? • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora