Prólogo

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Os olhos de todos marejaram ao meu adeus, mas não era tão ruim, de fato, mostrava que o amor deles por mim era verdadeiro e confiante. E mesmo de forma dolorosa, sair daquela cidade significava que minha coragem e meu amor próprio, também eram, tão verdadeiros e tão confiantes quanto. Sair de lá me levou a aceitar as portas abertas que a vida com todo seu esforço se propôs a abrir pra mim.

Sentirei falta da calmaria e do vento forte que sussurrava sua importância para mim, que vivia me dando a paz que eu corria para procurar todos os dias. Da lareira da sala de estar que junto dos quadros da família ouviu silenciosamente meus pensamentos mais absurdos, tristes ou felizes e com o fogo, viam a criatividade emanar de mim, dando apoio aos meus sonhos mais secretos, às vezes tão distantes que nem eu mesma, com todo o meu coração esperançoso conseguia acreditar que se realizariam.

Agora, tenho a companhia de estantes vazias e caixas de papelão tão desesperadas pela nova vida quanto eu, vivendo junto comigo a esperança de que um dia, aqui, tais sonhos venham começar a se realizar, dando-me a felicidade que eu tanto procuro em mim mesma.

Me tornei uma página em branco, pronta para o destino que, em forma de lápis, tornou-se sedento pelas linhas que logo, logo começarei a escrever.

Minha SorteWhere stories live. Discover now