Como uma geada forte na montanha mais alta, seu coração congelava mais a cada dia que passava. Só havia uma única e pequenina faísca em meio ao gelo, esperançosa e motivadora, que aquecia todo o resto e lutava pela vida em um terreno tão escasso e morto.
— O homem do táxi.
— A mulher do táxi.
Eu sentia meus olhos arregalados e mal me mexia, estava completamente paralisada, tudo parecia girar e o rosto do senhor Stewart era meu terror naquele momento. Me apressei para chegar mais perto e por pouco não me ajoelhava em sua frente. Perder aquele emprego significava perder meu sonho, eu não podia deixar acontecer, não era justo acabar com tudo por uma língua afiada.
— Eu preciso pedir desculpas. Jamais o trataria dessa forma se soubesse que era meu chefe. Por favor, me perdoe.- Pedi.
— E faz diferença? Gritar com alguém na rua só torna-se problema quando se é alguém importante? - Perguntou. Sua expressão era dura, não havia emoção, parecia mais como um esporro certo do que uma simples repreensão. Droga. Meus olhos arderam.
Não chore, Eva, mantenha-se forte. Não chore, não chore. Respirava fundo para acalmar as emoções que insistiam e gritavam para sair, enquanto as deles se mantinham frias.
— É brincadeira. Relaxe um pouco, eu também te provoquei.— Ele riu.— Não costumo demitir ninguém por coisas assim, mas não prometo a mesma compreensão se a senhorita gritar novamente.
— Não vou gritar mais, juro! — Enrolei meu dedo mindinho no dele e em poucos segundos percebi a besteira que fiz.
Sério, Eva? Agir como criança com o próprio chefe? Desenroscei o dedo rapidamente e pedi desculpas, agora seu olhar estava sob mim e seus olhos estavam pouco cerrados, como se estivessem me visualizando lentamente. Aquilo me incomodou, mas não por ser desconfortável, e sim por não ter sentido algum.
— Todos os trabalhos do dia estão na sua mesa.— Explanou friamente.— Está esperando o que? — Perguntou.
— Nada. Obrigada pelo aviso, senhor Stewart.- Me direcionei a mesa, posicionada no meio de um pequeno escritório e pude ver que o local era bonito, decorado estranhamente de uma forma que eu amo. Não sabia que teria um lugar só pra mim, ainda mais um lugar que só nos separava por uma porta, já que um vidro bem grande deixava todo o meu escritório visível para ele.
Eu podia dizer que ele era profissional, não grosso. Mas não era nada igual ao seu irmão, não da forma que eu imaginava. Seu rosto era moreno e os cabelos negros contrastavam perfeitamente com a cor de seus olhos, azuis tão fortes como a cor do mar mais lindo. Enquanto seu irmão tinha cabelos loiros, lisos e que iam quase até o ombro, seu olhos castanhos os diferenciava mais ainda e as bocas eram de fato muito opostas. Por que um chefe tão bonito? Deus...
— Eve.— Assustei-me com a entrada repentina dele e ajeitei o corpo, tentando mostrar o máximo possível o quão educada eu era, e talvez aquela postura curvada o mostrasse o contrário.
— Eva.— Cuspi. Abri um sorriso grande para tentar disfarçar a pequena raiva de ser chamada pelo nome errado e me levantei.
— Como? — Franziu a testa.
— Meu nome é Eva, não Eve.— Continuei sorrindo.
— Okay, Eve.— Ele riu. Segurei a raiva e parei de sorrir.— Vamos comigo.
— Para onde?
— Você é minha assistente, não deveria fazer perguntas, e sim me seguir para onde eu for.— Disse debochado.
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Minha Sorte
RomanceEva vive em seu próprio mundo, desfrutando de momentos que sua mente cria para si. Em uma trajetória arrebatadora, Eva recebe a oportunidade de viver sozinha e aceita esse desafio como forma de viver uma nova vida e inspirar-se para a criação de se...