- Quem é? - Alli sempre fazia isso para irritar Kim, porém, dessa vez, ela parecia realmente não reconhecer quem era.
-Como assim quem é, garotinha? - Disse Kim deixando uma risadinha assim que termina de falar, deitando na cama, passando a unha vermelha do dedo indicador sobre a coxa de leve.
-Ah, oi, Kimberly.. - A voz rouca parecia estar mais atenta agora, mas ainda de maneira distante. Ela soltou um bocejo ao final da frase.
- Ué, por que tá me chamando assim?- Distraída, ela lança um olhar pro teto de seu quarto- Tá chateada comigo, meu amor?
Ela ouve um suspiro do outro lado da linha.
- Você não lembra de nada do que rolou ontem, né? - Alli fala num tom um pouco seco.
-Claro que lembro! - Kim disse antes que Alli acabasse de falar- Lembro que tivemos uma noite ótima, que você me pediu em namoro, e que nós não teríamos mais que nos esconder, mesmo que seja difícil para você.- Ela termina de falar e nota um sorriso em seus lábios.
Ela, cheia de expectativa, ouviu outro suspiro do outro lado da linha.
- Você nunca vai mudar. - Kim pôde perceber que tinha acordado Alli.
-Como assim?- Kim vacila com o olhar pelos móveis de seu quarto. - Me explica isso.
-Você sempre vai se lembrar, ouvir e viver apenas o que te convém. - Alli demonstrou um pouco de raiva no tom de sua voz.
-Como é que é? - soltando uma risadinha irônica e instigante ao final do que fala.
- Ah, Quer saber? Esquece. - A respiração de Alli começa a ficar pesada. - Não quero mais falar sobre isso.
- Amor, eu posso ir para aí? Aí você me conta o que aconteceu e a gente conversa para resolver..- A voz de Kim recebe um tom meigo.
- Ah, agora você quer conversar? - Alli solta essa frase um pouco esbaforida, mostrando estar saturada de tudo aquilo.- Eu não sei se quero te ver ou conversar com você agora.
- Tem certeza? - Kim pergunta percebendo que Alli não tinha confiança alguma no que estava dizendo.
Ambas ficam em silêncio.
-Olha.. - Kim simula um suspiro na tentativa de comover quem a escutava, na plena certeza que Alli iria mudar de ideia. Sempre era assim.- Tudo bem, eu vou respeitar sua decisão. Quando você quiser me ver ou falar comigo me procura, tá bom?
-Quer saber? Tá bom... Eu preciso ficar sozinha.- Kim podia sentir euforia e cansaço na voz de Alli- E, ah...- fez uma pequena pausa- Obrigada por respeitar minha decisão, sabemos o quanto você é boa nisso. - Apesar da voz calma, ficou nítido o tom de ironia na voz da doce Allice. - Passar bem.
Quando Kim respirou para responder o que havia ouvido, escutou o sinal de que a ligação havia sido encerrada. Ela ficou olhando para a tela do celular, tentando entender o que aconteceu.
Kim tinha todas as técnicas para fazer Alli voltar atrás nas decisões, afinal, essa era Kimberly Briant: com a pele impecável, olhar bem decido, sorriso malicioso, melhores roupas, aquela cascata negra que descia pelos seus ombros a fazia ficar ainda mais estonteante. Sem contar com a ótima genética corporal que herdara da mãe, tinha tudo, todos e todas que queria sem fazer o menor esforço. Não era acostumada a ouvir não, pois mal sabia o significado dessa palavra. Era perseverante e nunca precisou de muita coisa para atingir seu objetivo, então, nunca se subestimava. E com Alli, não era muito difícil fazer isso, inclusive, pois apesar de qualquer coisa,o que mais Kim admirava nela, era sua inocência, tanto no olhar desconfiado e puro, quanto no sorriso, quanto na própria cabeça. Alli parecia ter seu próprio mundo interno e se fragilizou quando o abriu para Kim. Apesar de todas as brigas, ela sempre voltava para Kim, por isso, nem a afetava quando Alli ficava brava. Ela sabia como ia terminar.
Em algumas conversas, Alli afirmou com convicção que elas tinham uma conexão de outras vidas. Kim nunca acreditou nessas coisas, por isso, apenas ria e achava "engraçadinho" o modo de ver a vida dela. Quando algo dava errado, bastava Kim chegar na casa de Alli, que ela ficava totalmente vulnerável. Elas poderiam até se dar bem, mas Allice não sabia esconder o que estava sentindo. Sempre no pós briga, sua respiração mudava quando se viam e Kim, com toda sua esperteza, percebia e sempre contornava a situação. Como a própria Alli dizia: tinham o "final feliz" que mereciam. De qualquer forma, Alli nunca havia tratado Kim daquele modo, o que, mesmo assim, não a deixava preocupada.Olhou as horas no celular, marcava dez horas da manhã. Instintivamente balançou o celular entre as mãos e sorriu ao ter uma ideia que com toda certeza melhoraria aquela situação. Levantou da cama e caminhou até o closet. Abriu as portas com cuidado e entrou no mesmo. Tirou o vestido que estava usando, e pegou a blusa preta é a saia que Alli tanto elogiava quando ela usava. Calçou o tênis que havia ganhado dela no aniversário passado. Caminhou para fora do closet pegou chave do seu carro em cima do criado mudo junto com a carteira e tirou o celular da tomada e caminhou até a porta. No corredor encontrou passou por duas empregadas que limpavam por ali. Desceu as escadas espirais que davam pra sala principal, ao tirar a mão do corrimão e se aproximar da porta, escutou uma voz familiar.
- Onde a senhorita pensa que vai? - Seu pai disse saindo de seu escritório e andando até ela.
Ela olhou para ele de perfil e abriu a porta. Lançou um sorrisinho.
- Vou pra casa da Alli, mas eu volto rápido, prometo. - piscou para o pai e voltou a sorrir, afim de transmitir confiabilidade.
-Tudo bem, Mas lembre-se que você viaja amanhã de manhã. - Ele disse prestando atenção nos movimentos que Kim dava enquanto ele falava.
- Ah,pai.. Sobre isso.. - ela fez uma pequena pausa- Eu pensei, que eu podia levar a Allice. O que você acha? - Kim sabia que a única amiga em quem seus pais confiavam era ela.
Richard ficou calado durante alguns minutos e pensou um pouco.
- Acho que será ótimo, essa moça é uma ótima companhia. - Para a felicidade de Kim; ela estava certa sobre a resposta do pai- Mas, eu já comprei sua passagem e o vôo estava lotado. Ela pode ir no outro que estava disponível na parte da tarde, se não tiver problemas com isso. - Enquanto falava, Richard mexia no celular como quem checava as passagens e ao terminar de falar, lançou um olhar observador para a filha.
- Ah, pode ser sim! - ela sorri para o pai- Tô indo. Até mais. - Ela diz saindo e fechando a porta em seguida.
Caminhou até o carro e destravou o mesmo. Deu a volta no mesmo e abriu a porta. Entrou, fechou a porta e colocou o cinto, ligou o som em sua música preferida "Wonderwall - Oasis" e colocou a chave na ignição, ligando o carro. Pegou seu óculos no porta luvas do carro e colocou no rosto. Deu ré, abriu o portão pelo controle, saiu da garagem e apertou novamente o botão do controle. Abriu as janelas e dirigiu até uma floricultura perto de sua casa. Escolheu um buquê de rosas e uma caixa de bombons. Colocou no carro com cuidado e dirigiu até a casa de Alli. No caminho, passou pela cabeça de Kim a possibilidade de não ser uma boa ideia levar Alli para o Tennessee, pois, ficaria livre para conhecer pessoas novas lá. Tentou não pensar muito nisso, pois uma parte dela queria levá-la. Estacionou em frente á casa de Alli e escreveu: "Sabe como é, tu é massa demais!".
Eu sei o que você deve estar pensando: "O MAIS ROMANTICA QUE ELA CONSEGUE SER É FALAR QUE A OUTRA É 'MASSA DEMAIS'?"
Essa era Kim. Ela quem recebia os presentes e formas de declaração de amor. Não era muito acostumada a escrever nada para ninguém, então sim, era o mais romântico que ela conseguia ser.Ela desceu do carro com as coisas na mão e andou com cuidado para não estragar as flores enquanto segurava. Parou em frente á porta e tocou a campainha com o braço. Ficou encarando a porta enquanto não era entendida, o que a deixou apreensiva, balançando a perna levemente. Ouviu a porta abrindo por dentro e mordeu o lábio. A porta se abriu e ali estava ela, do jeito que Kim mais gostava : com um coque todo desleixado, descalça shortinho e blusa de alcinha. Naturalmente linda. Kim não disse nada,mas observou a carinha de Alli ao olhar ela ali com aqueles presentes.
-Oi ..- ela sorri e os olhos de ambas se encontram. - Posso entrar?
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O MELHOR DOS DOIS MUNDOS
RomanceDuas pessoas, duas realidades, um só caminho. Uma simples história com várias surpresas e i imprevistos no enredo . No começo são só duas mulheres que se conhecem em um cenário bastante curioso, como visto a Kimberly (Kim) é uma mulher mimada de Nov...