2 dias para se apaixonar

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Sehun

Senti o sol entrar pela janela e arder em meus olhos. Praguejei baixinho por novamente ter ficado acordado até tarde e não ter fechado direito as cortinas.

Olhei no relógio, 6:13am.

Bufei, levantei da cama e fui até o banheiro. Fiz minha higiene matinal e me vesti para ir à escola. Desci as escadas da minha casa de dois em dois degraus, quando cheguei na cozinha encontrei meus pais sentados à mesa, me sentei também desejando um "bom dia" baixinho.

- Grande garoto. Como estão os treinos? - Meu pai perguntou.

- Ótimos. - Falei com cara de tédio.

- Eu apostei com os pais do Yixing que você fazia mais cestas que o filhinho deles. Não me decepcione. Investi muito dinheiro em você. - Meu pai disse.

- É, eu sei. Vou treinar mais, pai. - Bufei. - Tenho que ir pra escola. Tchau.

Não esperei pela resposta dos meus pais, saí de casa e caminhei em silêncio até a escola

Sempre chegava um pouco mais cedo nas aulas, não porque gostasse, mas porque não queria ouvir meu pai falando de jogos e com a escola quase vazia eu poderia ensaiar minha preciosa peça.

Entrei na sala de teatro e subi no palco. Caminhei de ponta a ponta e olhei para frente. Imaginei o salão lotado, várias pessoas esperando por mim, querendo me ouvir, querendo me ver.

- A vida pode ser difícil às vezes. Pode ser complicada. Pode ser cruel. - Comecei a falar, entoei minha voz como se houvessem centenas de pessoas e todas precisassem me ouvir. - O que a vida terá guardado para mim? Um garoto pobre, de origem judia e... Gay. Quanto mais eu poderia sofrer e aguentar? Quantas outras injustiças estariam me esperando no final dessa jornada? Meus pais... Judeus cegos. Nunca aceitariam quem eu sou. E como poderiam aceitar se não sei quem sou? Minha vida começa aqui, em Seul, na parte mais perigosa, nas ruas onde ninguém ousa andar, nos becos mais escuros e sombrios.

Caminhei pelo palco, o cenário deveria mudar, as cortinas subirem e assim mostrar uma mesa com o que seriam meus pais que começariam uma briga comigo por causa do meu melhor amigo Jim.

Continuei encenando como se estivessem todos ali, no penúltimo ato estava chorando, deitado no chão após apanhar de uma gangue do meu bairro.

Não fui até o final, ainda não sabia as últimas falas e isso me impedia de ser o ator principal da peça. Para conseguir esse final, teria que ensaiar com um homem, mas não havia nenhum. A não ser o Jongin que agora estava incutido com Kyungsoo.

- E este é o fim de uma peça inacabada pela irresponsabilidade de um ator apaixonado. - Falei como se me despedisse da platéia.

Virei as costas para a platéia e quase caí ao ouvir aplausos de uma pessoa só.

- Quem está aí?! - Perguntei assustado.

- Não precisa correr. Estudo com você, sou o Chanyeol. - Um garoto se levantou de um dos bancos do teatro e caminhou até mim.

Ele tinha praticamente minha altura, se você fosse extremamente perfeccionista diria que o garoto era dois centímetros mais alto que eu. Ele usava uma camisa preta de mangas compridas e uma calça jeans apertada. O garoto caminhava com leveza, parecia caminhar sob nuvens, carregava um sorriso no rosto mostrando seus dentes perfeitos e tinha um olhar no mínimo penetrante.

Quando ele finalmente saiu completamente do escuro pude ver seu cabelo rosa. Era Park Chanyeol. Estudava na mesma sala que eu e era melhor amigo de Do Kyungsoo.

7 dias para se apaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora