one, prologue

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VICTORIA PODE JURAR não estar sentido suas pernas. Na verdade, ela sente como se as duas tivessem virado gelatina, assim como suas mãos, que estão fazendo-a parecer estar com parkinson. Pede desculpa à Deus mentalmente por fazer piada com uma doença grave como essa.

— Você está pronta Victoria? Vai entrar em um minuto. — Por dentro, sua vontade é responder um audível e sonoro "não" e em seguida sair correndo dali, mas sabe que se o fizer provavelmente não precisará voltar depois por estar no olho da rua. Portanto, apenas afirma positivamente para um dos caras que veio a acompanhar, decidida a tentar se controlar.

Você só vai fazer uma entrevista Victoria, já fez isso mais de mil vezes. Vai fazer uma entrevista com Henry Cavill, mas é só isso. Nada demais.

Pensa consigo mesma, mas logo em seguida bufa. Claro que é algo demais, afinal, é o Henry Fucking Cavill. Ele não só é um ator foda como também é um dos maiores ídolos dela. Isso a obriga a realmente tentar se acalmar, pois a última coisa que quer é parecer uma fã maluca e histérica na frente dele. Sem contar o fato de que está ali a trabalho e deve exercê-lo com eficiência, independente de qualquer outra coisa.

Sim, é isso!

— Está na hora. Vamos. — O homem a chama novamente, e assim, ela entra na sala que foi arranjada para a entrevista e se acomoda em uma das cadeiras disponíveis enquanto os outros da equipe preparam as câmeras.

Concentrada, relê todas as perguntas que Daisy, a garota a quem está substituindo, anotou na folha, repassando cada uma delas. A entrevista está prevista para durar cerca de 20 minutos, mas Victoria sabe que das duas uma: ou ela vai ser bem divertida e leve e passará num piscar de olhos... ou ela com certeza vai pagar algum mico na frente de Henry, o que consequentemente vai fazer com que os minutos se arrastem feito tartaruga. Ela deposita suas esperanças na primeira opção.

— Ele já está vindo. Podem ligar as câmeras.

O coração da jornalista dá um salto dentro do peito, e apesar de seu nervosismo ter voltado tudo de novo, ela consegue camuflar ele com o pouco que aprendeu das aulas de teatro que fez. Se colocando de pé, vê quando o ator entra no cômodo, e por um momento tudo parece girar em câmera lenta.

Como um homem desses vive entre meros mortais como ela e não no céu ao lado de Deus e dos anjos? Ela não sabe, mas que o monumento que vê à sua frente é excepcional, isso é.

— Olá. — Ele cumprimenta à todos com um sorriso gentil, em seguida concentrando seus olhos azuis na mulher ali presente. — Oi, muito prazer.

— Olá, o prazer é todo meu. — Ela responde da forma mais educada e profissional que consegue. — Por favor, fique a vontade.

— Obrigado.

Assim, ambos se sentam nas cadeiras colocadas uma de frente para a outra, ao mesmo tempo que Victoria tenta ignorar seu coração que parece querer causar um ataque cardíaco na mesma.

— Antes de começarmos, obrigado por aceitar fazer a entrevista. — Diz a ele, que sorri enquanto balança a cabeça.

— Imagina. Fico feliz em participar dela. — Responde educado, e assim, Victoria começa com as perguntas.

Ela o questiona sobre sua carreira, seus trabalhos que estão por vir e também sobre o Superman, assim como sobre as semanas que ele tirou de férias para passar com sua família. Para seu alívio, a entrevista se segue de forma leve e descontraída como ela torcia para que acontecesse, e nem precisa dizer que cada vez que Henry abria a boca para lhe responder um "a" que fosse, um suspiro lhe escapava.

Certeza que ele deve ter chulé, ao menos isso. Não tem como ele ser perfeito em tudo e não ter nenhum defeito. Pensa consigo mesma.

— Bom, nós acabamos por aqui. Em nome de toda minha equipe quero agradecer pela entrevista e dizer que admiramos muito você e seu trabalho. — Ela diz ao final, sorrindo na direção dele.

Na verdade, a equipe de Victoria não liga muito para a pessoa Henry em si, afinal, como a maioria dos jornalistas que trabalham nesse meio, só querem saber de boas histórias para contar a respeito das celebridades e o quanto elas podem vender. Mas é claro que ela não é esse tipo de profissional e não perderia a oportunidade de dizer a ele o quanto o admira.

Henry sorri agradecido como resposta.

— Muito obrigado, isso me deixa muito feliz. Eu é quem agradeço.

Assim, eles encerram a entrevista com um aperto de mãos, e logo toda a equipe está desligando as câmeras e se preparando para ir embora, bem como Henry, que se coloca de pé enquanto ajeita um botão de sua camisa. Com isso, Victoria dá um passo a frente, pronta para pedir ao ator uma foto ou um autógrafo agora que a entrevista acabou e ela tecnicamente não está mais trabalhando, porém logo em seguida muda de ideia, desejando não incomodá-lo com isso.

Mas para seu azar, ele parece perceber sua atitude, já que ergue uma das sobrancelhas.

— Posso ajudar com mais alguma coisa? — A jornalista sente suas bochechas esquentarem por ter sido pega no flagra.

— Hã, não. Quer dizer... sim. Talvez? — Pragueja consigo mesma por gaguejar tanto. — Me desculpe, é que na verdade eu sou muito fã do seu trabalho e, sem querer parecer muito abusada, mas gostaria de um autógrafo. Se não for incomodar, claro.

Admite por fim, vendo ele sorrir em resposta. Victoria sente como se engravidasse a cada vez que isso acontece.

— É claro, com o maior prazer. E não é incômodo nenhum. Onde posso assinar?

Ela então lhe estende uma caneta e uma folha em branco do caderno em suas mãos, que não lhe pertence na verdade, embora uma folhinha arrancada não vá fazer mal nenhum. Quando ele termina de escrever seu nome e uma breve dedicatória, devolve os objetos para ela, que sorri.

— Muito obrigada.

— Não há de quer. Foi um prazer te conhecer Victoria. — O modo como ele pronuncia seu nome soa como música para seus ouvidos.

— Foi um prazer te conhecer também Henry.

— Até mais.

Assim, ele se encaminha para fora da sala, indo embora e deixando-a imersa em seus próprios pensamentos sobre ele. Solta um suspiro sem que consiga perceber.

Ao olhar para a folha do caderno em suas mãos a fim de conferir o autógrafo feito pelo mesmo, precisa morder os lábios para que não fique sorrindo feito tonta.

"Obrigado pela entrevista e pela gentileza. Espero vê-la mais vezes. Beijos, Henry."

— Puta merda.

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𝐆𝐄𝐍𝐄𝐒𝐈𝐒, hcavillOnde histórias criam vida. Descubra agora