Capítulo 3

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Hospital St. Vicent – PS

21h45min – 21 de Outubro

O lugar é enorme, estou na ala do pronto socorro. Estou sentada numa maca com as pernas esticadas enquanto um médico limpa e costura meu ferimento, eu deveria sentir dor? Se sim, não sinto, na verdade nem sequer estou prestando atenção no que ele está falando. Mamãe foi direto para uma sala de emergência, porque pelo o que os médicos me disseram o hospital estava lotado, pois havia acontecido um incêndio em uma escola perto dali.

Porém vovô e papai conseguiram ser encaminhados para sala de cirurgia. Ao mesmo tempo em que Samuel foi tirado de mim, para ser examinado na pediatria e vovó entubada em alguma sala que ainda não havia sido informada. – Sentiu isso? – senti um toque no pé e acordei de meus pensamentos e mudei meu olhar para o médico que me atendia.

- É... sim, eu sinto. Já posso ir procurar minha família?

O homem que estava com um olhar cansado e triste me encarou, com pesar. Como se eu acabasse de perguntar algo que não era possível nem se pudesse, como se.... – O caso da sua família é complicado, e um pouco crítico, mas sim você pode ir. Ele abriu a boca para acrescentar algo mais, mas o silenciei, pois ouvi um grito de dor, um grito de agonia – mãe? Fui em direção ao barulho e a vi numa sala com vários fios, panos e mãos ao seu redor.

- Você não pode ficar nessa área, aqui só o pessoal que trabalha no hospital.

- Me solte, é minha mãe ali. – apontei para a salinha onde a via lutar para continuar viva apesar dos gritos emitido de sua boca.

- Deixe-a ir. – ouvi o médico dizer, e como se tivesse sido uma ordem, os braços que prendiam sumiram, me soltei e corri até a sala, mas já era tarde. Havia um apito contínuo e uma linha reta no computador, e ouvi alguém dizer – Hora da morte: 22 horas.

Por um minuto pensei que meu coração tinha parado, minha mãe estava morta? Queria dizer que não, repetir pra mim mesma que minha mãe só estava dormindo, mas eu sabia e sentia que sim, agora eu tinha certeza que aquilo não era um grito de medo ou dor, era um grito porque ela estava sentindo a escuridão, a morte.

O Segredo de Lis (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora