Aiyra olhava a caixinha, era prateada toda adornada com pedrinhas maravilhosas, azuis, verdes e vermelhas. Helô e Bia fuçavam em montes de caixas de papelões empoeiradas, reclamavam da bagunça e que ninguém estava ajudando a manter as coisas em ordem. Aiyra tentava imaginar o que tinha na caixinha, se aproximou, pensou em abri-la, quando encostou um dedo na caixa Helô pigarreou a encarando, Aiyra sem graça recolheu a mão.
– Se eu fosse você não tocava nisso aí. – Disse Bia colocando uma das caixas de papelões em cima de uma mesinha baixa. – Sabia! Tem coisa boa aqui. O truque vai ser usar itens simples já que não sabemos com o que estamos lidando.
Bia tirou um amuleto escuro da caixa, Helô fez uma careta e Aiyra percebeu se tratar de uma figa.
– O que foi? – perguntou Bia olhando para a irmã emburrada. – É simples mas espanta o mal e ela pode carrega-lo pra onde for, muito eficaz.
– Acho de mal gosto, não é tão forte e você sabe o que penso de imagens vulgares, fora que ela não parece querer engravidar.
Bia ajeitou os óculos e colocou o amuleto no balcão, Aiyra estava observando tudo em silêncio, disseram que iriam ajudar, mas pelo visto a ajuda não seria grande coisa, amuletos de sorte?
– Hum... Temos ferraduras ornamentadas. – Disse Bia, Helô fez que não com a cabeça e olhou para Aiyra. – Olhem, um cavalinho dalarna, patas de coelhos, é meio cruel né? Apanhador de sonhos, sofre de pesadelos Aiyra?
A garota quase disse que sim, mas manteve-se calada, não saberia o que diriam seus pais se começasse a espalhar amuletos e objetos pela casa. Heloísa se impacientou e mexeu numa gaveta do balcão.
– Eu sei do que ela precisa. – Bia parou de mexer na caixa. Helô tirou da gaveta uma pedrinha azul e Beatriz sorriu aprovando. A pedra era arredondada e chata, no meio havia uma pintura que lembrava, de maneira simples, um olho. – Aiyra, pega isso.
A garota aceitou o presente, que tinha um furo na parte de cima por onde passava uma cordinha.
– Um nazar. – Explicou Bia. – Olho grego, ou olho turco há variações, mas é uma boa proteção.
Helô mexia no deposito da floricultura.
– Se ele rachar. – Gritou lá de trás. – É porque ele fez efeito e segurou o mau olhado. – Ela voltou com um vaso transparente cheio d'água e colocou sementes.
– Boa. – Exclamou Bia e Helô sorriu orgulhosa.
– E acham que você é a esperta aqui. – Comentou Helô.
– O que é isso? – Perguntou Aiyra se aproximando.
– Essa semente se chama olho de boi. – Aiyra ficou olhando, eram redondinhas e marrons, Heloísa jogou algumas na água. – Elas vão ter o mesmo efeito do olho, se elas se abrirem ou racharem estão fazendo efeito. Bia pegue um arranjo que caiba aqui.
Bia voltou com Lírios rosas e Heloísa aprovou o bom gosto da irmã, ela ajeitou a planta no vasinho transparente.
– Prontinho, agora ficou mais bonito. – Ela entregou o vaso pra Aiyra, que admirou a beleza das flores e a gentileza das irmãs de Luan. – Agora mais um conselho meu bem, preste atenção, quando chegar em casa pegue uma pequena vasilha e encha de sal grosso deixa no canto do seu quarto, ou debaixo da cama se não quiser fazer alarde, todas essas coisas juntas devem bastar.
– obrigada por tudo. – Respondeu Aiyra meio sem graça, preocupada por não ter dinheiro consigo. – Depois digam pro Luan o quanto eu devo e na escola eu pago ele, é que... Eu não trouxe nada comigo.
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Sangue Antigo
FantasiaAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...