Dois

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“Você já se sentiu como um saco plástico flutuando com o vento, querendo começar de novo? Você já se sentiu, se sentiu tão frágil como um castelo de cartas a um sopro de desmoronar? Você já se sentiu como se estivesse enterrado bem fundo, gritando...

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“Você já se sentiu como um saco plástico flutuando com o vento, querendo começar de novo? Você já se sentiu, se sentiu tão frágil como um castelo de cartas a um sopro de desmoronar? Você já se sentiu como se estivesse enterrado bem fundo, gritando a sete palmos, mas ninguém parece ouvir nada?”
Katy Perry | Firework

“Você já se sentiu como um saco plástico flutuando com o vento, querendo começar de novo? Você já se sentiu, se sentiu tão frágil como um castelo de cartas a um sopro de desmoronar? Você já se sentiu como se estivesse enterrado bem fundo, gritando...

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20 de junho de 2000,
terça-feira.

    Uma das piores sensações que uma pessoa pode sentir na vida, é a de passar pela dor do luto. Ela é mansa, chega de fininho, rouba todo o nosso ar e nos pega de surpresa. Ficamos sem reação e questionamos tudo; colocamos a culpa nos médicos, em um ser divino, no karma e até mesmo em nós. Embora desde pequena minha mãe tenha me dito como a morte funciona e que todo mundo um dia irá partir, quando chega de fato a hora de se despedir de alguém conhecido, é como se essa desgraça ocorresse apenas com nós; como se o universo se rebelasse contra a nossa pessoa e toda a dor da humanidade caísse sobre os nossos ombros. Hoje de madrugada, quando recebemos a notícia de que vovó Odete havia falecido, não senti nada além de uma sensação entorpecente de vazio. Não chorei – meu corpo se tornou um limbo e silenciou minhas emoções.

Quando eu tinha sete anos, meu avô e marido de vovó – Willian Green – faleceu por conta de um câncer no estômago. Naquela época, eu não entendia muito bem como funcionava a morte. Mamãe sempre me contava que as pessoas dormiam para sempre e viravam pequenas estrelinhas brilhantes no céu. Era fácil de acreditar e não ficar tão triste, pois eu sabia que no final da tarde quando o sol sumisse no horizonte e desse lugar a lua, as estrelas viriam consigo e eu poderia ver meu avô outra vez, mesmo que muito distante – onde meus dedos não eram capazes de alcançar, mesmo se eu ficasse na ponta dos pés.

Hoje em dia, tenho noção do que a morte realmente significa; você nunca mais ouvirá a voz da pessoa, escutará seu coração bater ou sentirá o calor de seu abraço outra vez. Morrer significa cair em um sono profundo no qual você nunca mais acordará. Foi depois que pensei nisso que desabei; e estou desmoronando desde então. Por um momento, tentei pensar com a minha mentalidade de treze anos atrás e imaginar que todas as noites vovó estaria lá no céu, olhando aqui para baixo e conversando comigo, embora eu não conseguisse a escutar. Talvez esse tenha sido o motivo pelo qual eu não chorei e nem senti de imediato; queria acreditar que era mentira. Uma pegadinha de muito mal gosto, mas aqui, agora, vendo minha mãe chorar, os amigos e vizinhos de vovó largando flores sobre o caixão fechado antes de Odete ser enterrada, é só um lembrete de que a morte é a única certeza que temos na vida e não, ela não é uma pegadinha que te dirá no fim do dia que tudo não passava de uma brincadeira.

Danger Storm 2 | EM ANDAMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora