Arrumei algum ouro e a minha espada vermelha que o meu pai me deu de presente, ela era mais fina na sua lamina e mais afiada do que as outras que eu vi os guardas usarem e tinha uma rosa vermelha feita de cristal no inicio da lamina e tinha alguns espinhos de ouro a volta do local onde eu poderia segurar a espada sem me cortar. Vesti um vestido até os tornozelos branco e coloquei o cinto que iria segurar a minha espada e de seguida vesti uma longa capa preta.
Olhei-me no espelho e observei rapidamente o meu cabelo ondulado, não tinha a certeza de como eu iria conseguir esconde-lo e penteá-lo por mim própria, sempre tive uma empregada a fazer isso por mim. Abaixei o olhar até a minha espada pelo espelho e decidi que talvez fosse melhor simplesmente corta-lo, ele estava demasiado comprido de qualquer forma. Agarrei o meu cabelo com força e puxei-o para baixo enquanto com a outra mão peguei na minha espada e cortei o meu cabelo um pouco a baixo do meu ombro.
Deixei a carta que escrevi aos meus pais sobre a minha mesa e levei o cabelo que cortei na minha mão até a minha varanda onde assoprei fogo para os queimar e esconder qualquer vestígio deles. Depois observei o jardim a baixo da minha varanda para ter a certeza de que nenhum guarda passava naquele momento para eu poder finalmente saltar da varanda.
Fui sempre com cuidado e escondida nas sombras até o estabulo, procurei pelo melhor cavalo para poder me levar para longe, a maioria deles eram cavalos de guerra, eles pareciam ser agressivos e tinham o corpo mais musculado do que os outros, depois os restantes eram os cavalos reais que usávamos para levar as carruagens. Talvez um desses fosse o melhor para me levar para longe, eles já estavam habituados ao peso, simplesmente agora não teriam de levar uma carruagem nas suas costas durante um longo trajeto.
Os meus olhos caíram sobre um cavalo preto como a noite que tinha os seus olhos igualmente escuros presos em mim. Ele era um cavalo de guerra, levantei a minha mão na sua direção, ele encostou a sua cabeça na palma da minha mão.
"És tu quem eu vou levar." Procurei pela sela de couro para poder montar o cavalo, assim que a encontrei senti uma presença atrás de mim, rapidamente peguei a minha espada e num movimento rápido ao me virar encostei a lamina da espada no pescoço do homem alto atrás de mim. Os nossos olhares se encontraram e reconheci imediatamente o meu guarda. "Sir Benjamin, o que estas aqui a fazer?" perguntei sem mover a lamina de onde estava, apenas a alguns centímetros do seu pescoço, da sua cicatriz.
"Vim ajudar a vossa alteza a sair daqui." respondeu com calma, nem parecia que eu podia mata-lo a qualquer segundo.
"E depois?"perguntei ainda sem me mover, observei os seus lábios se moverem para me responder.
"Vou segui-la para qualquer lado que vá. Ajuda-la no que for preciso e protege-la." os seus olhos não desviaram de mim uma única vez.
"Eu disse que não queria que viesses, pedi apenas conhecimento sobre outro cavaleiro de confiança para me ajudar." o meu tom foi mais rígido do que eu tencionava, observei-o morder o seu lábio inferior em frustração.
"Eu jurei que sempre estaria ao seu lado e sempre a protegeria."
"No entanto agora esta com uma espada apontada ao seu pescoço pela princesa que jurou proteger. Talvez deva reconsiderar as suas escolhas, não prometeu me proteger a pensar que anos depois estaríamos nesta posição."
"Pode fazer o que quiser comigo, vossa alteza." ele deu mais um passo em frente, a sua mão foi até a minha lamina e encostou-a sobre a pele do seu pescoço, qualquer movimento dele poderia corta-lo agora. "Se quiser me matar agora pode faze-lo, não a ressentirei. No entanto peço que não o faça pois prefiro perder a minha vida a protege-la."
O silencio nos cercou permitindo-me ouvir a respiração calma do Benjamin, ele tinha uma expressão calma como sempre, um olhar determinado e estava vestido com roupas escuras, não eram as suas roupas como cavaleiro real. Por fim abaixei a minha espada e guardei-a no meu cinto.

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𝐀 𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐨 𝐓𝐫𝐨𝐧𝐨
RomanceA Princesa Flora apesar de ser a única filha legitima do rei e da rainha de Bandohr e de ter herdado um poder imenso do fogo do Dragão, não era aceite pelos conselheiros do rei a ser a herdeira do trono. Então decidiu provar que era capaz de herdar...