𝐀 𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐨 𝐓𝐫𝐨𝐧𝐨

𝟏

♛  𝐅 𝐥 𝐨 𝐫 𝐚   𝐁 𝐚 𝐧 𝐝 𝐨 𝐡 𝐫  ♛

   A minha cabeça estava quente, todo o meu corpo estava quente. E mesmo que eu estivesse a arder em uma febre tão alta que qualquer outra pessoa já teria desmaiado há muito tempo, eu continuava a forçar o meu corpo para fugir dos golpes fortes do meu pai.

   Ele não parecia se importar com a minha febre, não parecia se importar com o meu corpo mais fraco do que o normal. O calor que saia do meu corpo que chegava a fazer vapor a minha volta tão quente que mantinha outras pessoas longe de mim, não afetava o meu pai.

"Vamos Flora. Com mais força." ele gritou, nem parecia que ele queria manter o nosso treinamento em segredo. Desviei-me dos seus golpes com dificuldade, a minha força física e a minha capacidade para raciocinar pareciam ter desaparecido. Já era muito difícil de respirar e de continuar de pé quanto mais rebater os ataques fortes do meu pai. Ele gritava alguma coisa sobre se ele fosse um inimigo a sério, ele não teria piedade de mim então eu deveria ficar forte para conseguir vencer uma batalha em qualquer circunstancia.

   E o motivo disso?

   Apesar de princesas nunca terem herdado o trono e que muitas pessoas achem que princesas são incapazes de governar por serem mulheres, porque aparentemente uma mulher é menos inteligente do que um homem, uma mulher não é capaz de matar um animal como um homem, uma mulher não é capaz de-

   Enfim, apesar disso tudo, no nosso reino o mais importante era seguir com a linhagem de guardiões do poder do fogo do dragão, e eu tendo nascido com um poder muito forte e o meu meio-irmão com um poder muito fraco do fogo, tenho as expectativas do meu pai para ser a primeira princesa a herdar o trono. Claro que ele não contou a ninguém, quer me treinar e tornar-me uma rainha perfeita para poder provar que eu era capaz de herdar o trono.

"Flora!" mais um golpe forte de espada de madeira contra a minha que fez as minhas mãos vibrarem e aleijarem ainda mais as minhas feridas das mãos provocadas pelas farpas daquelas espadas de madeira. Afastei-me do meu pai o máximo que eu conseguia com a expectativa de poder respirar um pouco com mais calma.

   O facto de eu estar com febre atrapalhava-me muito, era comum guardiões do fogo terem febre durante a infância porque o nosso corpo ainda era fraco para aguentar todo aquele poder, e quanto mais poderoso um guardião era, maior seria a sua febre. Isso aumentava as expectativas do meu pai sendo que não há nenhum registro na nossa família de um guardião que tenha feito uma febre tão alta ao ponto de sair vapor a nossa volta e de emanar calor em até dois metros de distancia.

   Mais um golpe na minha espada de madeira que fazia as farpas afundarem ainda mais na minha pele. E então ele deu um golpe baixo acertando nas minhas pernas que me fez perder o equilíbrio pela dor repentina a percorrer nas minhas pernas e cai ainda a apertar a espada de madeira com força a tentando me defender caso ele tente dar outro golpe enquanto eu caia.

"Já chega por hoje." ele avisou com um ar frio, ele era conhecido como um rei frio e que não se importava de matar se fosse preciso para ter algo que queria, no entanto, quando ninguém estava a volta e que ele estava sozinho com a sua família, ele parecia apenas um pai demasiado amoroso e até um pouco criancinha. "Minha Florzinha, o papa aleijou-te muito hoje? Estas bem? A tua febre piorou?"

   Durante os treinos para me tornar na rainha perfeita ele era frio e rigoroso e quando isso acabava, era demasiado protetor. As vezes até era engraçado.

"Estou bem pai." respondi, segurei a sua mão para ele ajudar-me a levantar e de repente, ele pegou-me ao colo passando um braço por de baixo dos meus joelhos e o outro nas minhas costas e levou-me para o meu quarto. Os corredores do palácio da rainha que era onde eu e o meu irmão ficávamos estávamos acomodados tinha o primeiro andar deserto, ordem do meu pai por eu estar doente e porque ele queria evitar que rumores se espalhassem sobre a febre tão alta que eu tinha numa idade tão jovem.