𝐀 𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐨 𝐓𝐫𝐨𝐧𝐨

𝟏𝟑

Quatro dias mais tarde

   O meu corpo estava exausto de tantos dias sempre a andar a cavalo, a dor do meu traseiro e das minhas costas eram insuportáveis, mas fiquei calada e fingi que estava tudo bem. Eu tinha de chegar o mais rápido possível ao Dragão do fogo. A nossa comida já tinha chegado ao fim pela segunda vez, tínhamos parado numa aldeia para podermos comprar mais comida mas já acabamos com ela e agora dirigíamos nos para a segunda maior cidade de Bandohr, a seguir a capital é claro. 

   Lynvale era o território do Duque Romanov, então deveria ser cuidadosa para não me encontrar com ele ou qualquer um dos seus dois filhos, no entanto quase a entrar nas terras da cidade, um grupo de três homens a cavalo cavalgava na nossa direção e o meu olhar ficou preso em quem eu menos queria encontrar, Joshua Romanov.

   Abaixei a cabeça e deixei que o meu carapuço escondesse a maior parte da minha cara, em silêncio seguimos em frente com calma enquanto o grupo avançava na nossa direção, consegui ouvir os sons dos passos deles pararem a nossa frente com ainda alguns metros de distância. Nós continuamos, sempre com calma como se fossemos apenas visitantes.

   Eles não disseram nada enquanto nós passávamos por eles, quase conseguia sentir o olhar deles desconfiado sobre nós. No entanto ele nada disse enquanto nos afastávamos dele pouco a pouco. Estávamos quase livres deles, quase longe demais para eles poderem observar os nossos detalhes, quando a voz dele fez o sangue outrora quente nas minhas veias, agora era gélido como o gelo que estava presente em algumas das minhas bebidas nos dias mais quentes do ano.

"Princesa Flora" foi como uma pergunta. Ele não tinha a certeza se era eu mas algo fez com que ele respondesse, talvez.. Benjamin. Olhei discretamente para ele, também escondia a sua cara com a sua carapuça. Seria difícil para alguém o reconhecer, pelo menos para o filho de um duque que nunca daria muita atenção a cavaleiros como o Benjamin. A minha hesitação deve ter sido evidente para ele, pois voltou a chamar-me e nunca me senti tão irritada por ouvir o meu nome "Flora."

   Olhei para trás com a cabeça mais alta permitindo-o ver a minha cara, mas não o meu cabelo. Ele veio até mim enquanto os outros dois homens ao seu lado ficavam parados onde estavam a observar-nos. As pessoas a minha volta ficaram em silêncio e os nossos cavalos pararam onde estavam como se sentissem que era momento de parar.

"Joshua Romanov. Assumo que já que me chamou pelo nome, também poderei fazer o mesmo." Disse com a voz mais doce que conseguia fazer para ele não ver a raiva que sentia por ser interrompida neste momento. Eu estava cansada, com fome assim como a Astrid atras de mim e desconfio que mesmo calados, os três cavaleiros também precisavam de descansar. Nós estávamos tão perto da cidade, tão perto para podermos descansar.

"É claro. Perdoe a minha arrogância, princesa. Estava tão surpreso em vela aqui que.. " ele parou a minha frente, ele parecia procurar as palavras certas, os seus olhos desviaram-se dos meus olhando para os meus companheiros rapidamente antes de voltar a focar a sua atenção em mim e continuar "O que faz aqui, vossa al- Flora." Ele rapidamente se corrigiu, apenas deixei-o chamar-me pelo nome e eu pelo dele para o distrair dos meus verdadeiros motivos.

"Deixe-os se iludirem com mel e nunca serão capazes de ver a espada apontada as suas gargantas." A princesa Elodie disse me uma vez depois de um treino.

"Direto ao assunto, estou a ver." o sorriso não saiu dos meus lábios. "Vim apenas visitar a cidade."

"Mas.. poderia ter vindo numa carruagem, certamente seria mais confortável do que num cavalo. O caminho daqui até a capital ainda é um pouco longo."

"Não queria chamar a atenção, vim somente com o necessário. Iria agradecer se não mencionasse a ninguém sobre a minha estadia aqui. Irei ficar pouco tempo mas preferia não ser perturbada." o meu sorriso inocente não escondia o aviso serio por de trás daquelas palavras doces. Não quero que ninguém saiba que eu estou aqui. Não te atrevas a contar a ninguém. Ele ao reparar, abriu um sorriso ainda maior.