𝟓

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♞    𝐁 𝐞 𝐧 𝐣 𝐚 𝐦 𝐢 𝐧   𝐂 𝐚 𝐫 𝐭 𝐞 𝐫   ♞

   Não sabia o que tinha deixado a Flora tão quieta de repente, eu já sabia que quando ela ficava pensativa e em silencio na presença de outras pessoas durante muito tempo era porque algo a incomodava.

   A expressão de surpresa que ela fez ao ler o conteúdo da carta que recebeu no meio da nossa viagem deixou-me preocupado, o que poderia estar escrito naquele pedaço de papel para faze-la perder a postura tão de repente?

   Queria lhe perguntar o que a incomodava, eu poderia ajuda-la. Poderia fazer o seu problema desaparecer. Poderia fazer qualquer coisa por ela, não me importava o que seria, desde pequeno que sempre quis fazer qualquer coisa para a fazer sorrir.

   Quando a conheci, ela era muito pequena, a minha mãe era a ama dela e cuidava dela praticamente o dia inteiro, como se tornava difícil de cuidar dela e de mim e da minha irmã, o rei permitiu-a levar nos para o castelo para a minha mãe poder cuidar de todos nós. A minha irmã tornou-se imediatamente amiga da princesa. E eu..

   Ainda me lembro como se fosse ontem, a forma como o meu coração parecia que iria saltar do meu peito, a forma como o s meus olhos estavam presos nela e a única coisa que eu conseguia pensar era: como podia existir uma menina tão adorável? O cabelo dela estava ondulado quando a conheci, ela tinha um enfeite de borboleta azul no seu cabelo e usava um vestido azul muito bonito. Era evidente a diferença de classe social entre nós e ela só de olhar para as suas roupas e para quão bem cuidado era o seu cabelo e pele.

   Mesmo que eu estivesse com vergonha de conversar com ela, ela nunca me deixou sozinho, sempre conversou comigo e chamava-me para brincar com ela, e quando a minha irmã caia no chão e fazia algumas feridas superficiais, ela era a primeira a ir procurar por uma enfermeira e a pedir-lhe para cuidar bem da amiga dela. Deve ter sido por volta dessas alturas quando eu decidi que queria ser um cavaleiro real e proteger a princesa para o resto da minha vida. Talvez nessa altura eu já tenha tido uma pequena paixão por ela, algo que apenas se intensificou quando o meu pai morreu alguns anos depois e ela fez de tudo para consolar a minha irmã, a minha mãe e a mim.

   Talvez eu tenha passado menos tempo com ela depois de ter começado a treinar, depois de entrar para a guarda real para poder ganhar dinheiro para ajudar a minha família já que agora o único homem de casa era eu. No entanto ela nunca deixou esse tempo separados fazer com que a nossa amizade se tornasse fria. Apenas mostrávamos que éramos amigos quando estávamos sozinhos, não era um pedido dela, era algo que eu comecei por saber o diferença de classes sociais que nós tínhamos. Doía no meu coração lembrar-me que por mais que eu me esforçasse para estar ao seu lado eu nunca poderia ser mais do que o seu cavaleiro. Nunca poderia me casar com ela, ela era demasiado boa para ser minha.

   Então mesmo que eu nunca pudesse ser o dono do seu coração ou da sua mão, eu seria quem a manteria protegida até o fim da minha vida. Preferia protege-la do que nunca mais voltar a vê-la. Mesmo que isso significasse controlar a minha raiva quando ela dava atenção a outro homem como foi quando ela conversava com aquele duque na festa de despedida ainda há apenas uma hora e meia atrás. Mesmo que significasse que eu teria de ficar em silencio e vê-la casar com outro homem no futuro. E quando ela anunciasse que estava gravida do próximo herdeiro do trono, eu teria de preparar a minha mente para não pensar nas mão de outro homem no seu corpo.

   Eu não tinha experiencia nessas coisas, mas quando era mais novo e estava a treinar para ser cavaleiro, vi muitos cavaleiros mais velhos fazerem coisas com empregadas do palacio que não deveria ver. Eles nunca se importaram quando eu os via quando passava pelos corredores ou quando eu entrava na dispensa para poder arrumar o equipamento de treino. Eu era apenas um plebeu sujo, então não esperavam que eu me guardasse até o casamento. Ainda mais sendo um cavaleiro, que pelo que eles diziam, depois de guerras deveria acalmar os meus nervos com uma mulher. Algo que nunca aconteceu, eu sabia que eu nunca me casaria, já que era perdidamente apaixonado pela princesa e sabia muito bem que eu nunca poderia me casar com ela, no entanto eu sentia-me muito mais calmo apenas de olhar para ela, apenas de ver o seu sorriso e de ouvir a sua doce voz.

𝐀 𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐨 𝐓𝐫𝐨𝐧𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora