[...]Ela respirou fundo e então sussurrou: "Eu não aguento mais"
Nia Butterfield é uma garota ímpar. Dona de um dos sorrisos mais bonitos da escola de Baylor, na pacata cidade de Ocean Shores. Poucos imaginam mas a vida de Nia não é formada apenas p...
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Eu não sou muito boa com apresentações, para ser sincera há poucas coisas na vida que eu diria ser boa, na maior parte do tempo eu sou um desastre, isso deveria fazer de mim a rainha do desastre, já que é assim que eu me sinto de vez em quando. Mas vamos lá...
— Oi, meu nome é Nia, eu tenho 17 anos e detesto pés, sabe, pés são estranhos e as vezes eu falo tanto a palavra "pés" que ela se torna uma palavra sem sentido, tipo, "pés"!
Faço uma careta.
— O que me leva a outro fato sobre mim, quando estou nervosa eu costumo repetir tantas vezes uma mesma palavra que ela para de fazer sentido na minha cabeça.
Olho em volta para as pessoas e percebo que estava fazendo aquilo de novo, eu estava enrolando. Decido ir direto ao ponto.
— Bem, eu fui diagnosticada com transtorno bipolar tipo dois quando tinha quatro anos, acho que porque meus pais sempre me acharam uma criança esquisita, ao contrário do que muita gente pensa, uma pessoa bipolar, não é bipolar por mudar de opinião ou humor muito rápido, a bipolaridade é composta de fases, eu tenho meus momentos bons, que é quando eu me sinto normal, mas também tenho fases de depressão, quando me sinto completamente desmotivada e tenho meus momentos de mania, quando sinto que posso fazer de tudo, que sou invencível, e é isso, eu sou assim.
Sorrio meio sem graça e dou um aceno para as pessoas da roda, todos soltam em uníssono um "oi Nia" e então as apresentações seguem. Quando o horário da sessão acaba, subo as escadas do porão e vou parar em uma pequena mercearia, Thomas Allens costumava disponibilizar o porão da sua mercearia para que sua mulher conduzisse o grupo de apoio, minha mãe estaciona o velho opala branco em frente a loja e eu entro no carro o mais rápido que consigo, me jogando de um jeito desleixado no banco, como se tivesse corrido uma maratona e agora o cansaço batesse.
— E então? Como foi? — minha mãe pergunta esperançosa do banco de motorista, ainda com as mãos apoiadas no volante. Ela tinha belos cachos loiros, grossos e rebeldes, que emolduravam seu rosto otimista, além das milhares de sardas espalhadas pelas bochechas e braços, eu a achava bonita, não apenas por fora, mas por dentro também, ela possuía uma aura brilhante que conseguia transmitir paz e tranquilidade a qualquer um com quem conversasse, por que minha mãe era assim.
— Eu não sei porque você ainda me obriga a vir, eu não gosto de falar dos meus problemas com as outras pessoas, elas devem pensar que eu sou maluca, é só eu abrir a boca e falar "bipolar" que todos já me olham com aquela cara! — explodo.
— Aquela cara? — minha mãe pergunta arqueando as suas sobrancelhas, o que deixa a mostra as suas rugas de expressão, rugas que ela adquiriu ao longo dos anos comigo.
