Capítulo 19 - Vidas ligadas

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Como descrever a sensação de voar?

Melanie ainda tentava encontrar as palavras para descrever a sensação, pois parecia uma tarefa impossível de se concluir, não tinha como descrever o que era voar nas costas de um dragão, lembrava de já ter lido sobre a experiência em diversos livros, mas nunca pensou que a viveria, de fato.

Depois de mais um dia se esforçando, Allyn, seu dragão, finalmente alcançou todo o seu esplendor, devia medir pelo menos trinta metros, com asas poderosas que de uma ponta a outra davam o dobro do tamanho do corpo e assim que conseguiu Merlin lhe presenteou com uma enorme sela em uma prata magnífica que parecia se fundir ao branco do dragão.

Esticou os braços, inclinando a cabeça para trás, fechou os olhos sentindo o vento, relaxou todo o corpo enquanto o inclinava, sentiu perder totalmente o peso quando Allyn mergulhou em queda livre, estremeceu sem abrir os olhos, confiava em seu dragão, quando estavam prestes a bater no chão Allyn bateu as poderosas asas e voltou a planar pelas colinas.

Enquanto sentia o vento frio balançar seu cabelo, Melanie pensava em Arthur, já estava decidia a ir embora, mas apesar de tudo, não conseguia se impedir de pensar nele, de imaginar como seria se os dois ficassem juntos, ainda sentia aquele aperto no coração, uma sensação de perda.

Nunca foi o tipo de pessoa dramática, a primeira vez que pareceu se apaixonar de verdade foi por Will e algo ainda a atraía até ele, algo familiar e confortável, como seu pai, Will era parecido com ele, diziam que você se apaixona por pessoas que pareçam com seus pais, Mel começou a acreditar nisso quando conheceu Will, ele era seguro, um caminho fácil de seguir, sem decisões extremas, uma vida calma e calculada.

Mas então apareceu Arthur, sua nova realidade era empolgante e assustadora ao mesmo tempo, Arthur trazia à tona toda a insegurança das decisões extremas e mesmo assim ela se sentia segura com ele, trazia todo o medo de um futuro inserto e um mundo novo à frente, ele basicamente a arrancava de sua zona de conforto, como se a jogasse de cabeça em um mar revolto e apesar de todas as considerações negativas aquele parecia ser o futuro que seu coração ansiava a chegar. Balançando a cabeça tentando dispersar os pensamentos, Melanie guiou Allyn em um pouso suave.

Enquanto desciam, Mel sentiu em sua pele algo molhado e frio derreter e escorrer, olhando ao redor vislumbrou os primeiros pequenos flocos de neve chegando ao solo, a visão dos flocos caindo com o castelo ao fundo era linda, digna de uma pintura.

Infelizmente junto com a beleza da neve, vinha a certeza da guerra.

***

Ao observar de longe Mortimer, ou Mo, como Merlin e Resa chamavam, Melanie pode ver o grande líder que era, seu exército era organizado e fiel, seja lá o que ele tenha feito para assumir o controle, funcionou muito bem.

Resa havia pedido para Melanie a encontrar, assim que terminasse de ajudar Mo, pois ela tinha algo para lhe dar. Mel chegou pelo final da tarde nos campos de treinamento e aguardou, pela manhã Mel continuou com suas aulas finais com Merlin, repassando os feitiços mais importantes que usaria, já os havia gravado e dominado completamente, mas, mesmo assim, queria garantir que não fosse errar ou se esquecer de nenhum.

Resa logo seguiu lentamente em sua direção, seu rosto suava, mesmo no frio do inverno que já havia chegado há alguns dias, seus pés afundavam na pouca neve que cobria o chão com passos vacilantes, Melanie ficou preocupada assim que ela se aproximou mais e viu que seu rosto estava mais pálido do que deveria e seus olhos tinham enormes bolsas escuras como se não dormisse há algum tempo.

"Vamos Mel, tenho algo para lhe mostrar, pedi que colocassem em seu quarto."

Teresa sorria fraco, Mel tentou retribuir, mas estava preocupada. Quando entrou em seu quarto ficou boquiaberta com a visão que a esperava, em pé, segura por um suporte, estava a armadura mais bonita que já vira, isso se armaduras fossem feitas para serem bonitas, sua cor resplandecia em uma espécie de ouro branco, não era de fato grandiosa, com um tamanho diminuto exatamente igual à altura de Mel, o capacete era feito de cota de malha, protegendo seu rosto de uma forma que não ofuscasse a visão, os braços articulados permitiam um melhor movimento por cima da cota de malha que também cobria o corpo todo intercalando com as partes removíveis da armadura que parecia impenetrável.

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