Capítulo 14 - Dor além da perda

16 1 0
                                    


Arthur tinha de ser rápido, os saxões eram somente uma distração, uma maldita distração, o que preocupava Arthur era que a distração fora rápida demais, se eles quisessem teriam ficado mais tempo, mas não, foram rápidos, o que significava que o que quer que queriam fazer no castelo devia ser algo rápido, algo tão rápido que não perderam tanto tempo os distraindo e isso era ruim, muito ruim, pois Arthur podia sentir, ele sentia em seu âmago que não daria tempo.

Algo terrível estava acontecendo, não, algo terrível tinha acontecido.

Ben e seus soldados por estarem mais perto foram os primeiros a se voltarem e correrem para o castelo, deixando poucos homens de guarda, como Ben estava com Boris por perto, subiu habilmente e seguiu na frente de todos, Arthur foi o segundo a conseguir subir em sua montaria, seguiu Ben ultrapassando a todos pelo caminho.

Seu coração parecia vir à boca, não o sentia bater somente, o sentia pulsar em sua cabeça, tão forte quase como se quisesse estourar por dentro, Arthur ignorou as sensações ruins e continuou em frente.

Quando quase estava chegando teve um vislumbre da cauda do cavalo passando pela porta, Ben nem se deu ao trabalho de descer, galopou com Boris castelo adentro, Arthur seguiu seu exemplo, virou alguns corredores, mas logo teve de descer como Ben também o tinha feito, pois Boris relinchava como se reclamando do corredor pequeno que o haviam deixado, Arthur deixou Dama do mesmo modo apressando.

Correndo para alcançar Ben, Arthur sabia exatamente para qual quarto ele estava seguindo, o alcançou segundos antes de ele entrar pela porta.

"Nada."

Ben resmungou.

"É um bom sinal, certo?"

Arthur tentou ser otimista.

"Espero que sim. O que acha? Dividir?"

Arthur concordou acenando, seguiu então para os aposentos reais, enquanto Ben corria por outro corredor. Cauteloso Arthur andava rápido, mas devagar o suficiente para ver o corredor antes de virar, quando chegou aos aposentos reais, por um momento ficou aliviado por não ver de início nenhum sinal de luta, até que algo chamou sua atenção, um pequeno saquinho preto com uma fita prateada jazia na frente de sua porta.

"Não."

Quase gritou correndo até ele deixando sua espada cair pegando o pequeno embrulho de veludo que tanto via Melanie carregar, o abriu quase rezando para estar errado, infelizmente suas preses não foram atendidas, dentro o livro repousava inalterado, o livro de Melanie, o livro que nunca soltava, o livro que nunca perdia, o livro que nunca deixava para trás. Nunca.

Um grito de terror de repente o tirou de seus devaneios, sua mente voltou a funcionar assim que viu a espada caída ao chão, a pegou segurando firme, enquanto tinha o livro seguro na outra mão. Mais um grito. Ben, eu estou indo aguente firme, pensava enquanto corria freneticamente pedindo para chegar a tempo, a tempo de conseguir impedir que perdesse mais alguém.

Quando finalmente chegou ao local de onde tinha vindo os gritos, Arthur não entendeu a cena, não tinha nenhum inimigo, nenhuma luta, somente alguns soldados que já os tinham alcançado bloqueando sua visão, eles olhavam para algo a frente, um dos soldados notou sua presença abaixando a cabeça como que dizendo que sentia muito, seus olhos se arregalaram. Não Ben! Cheguei tarde.

Num segundo passou pelos soldados somente para descobrir que Ben estava vivo, vivo e debruçado sobre um corpo, ao redor dele corpos saxões jaziam mortos, Arthur se aproximou sem saber se queria mesmo fazer isso e pela segunda vez sua espada escorregou de sua mão caindo com um baque assustando Ben o fazendo olhar para ele.

Os Guardiões do Tempo: Agentes da Ordem (Volume único) + AudiolivroOnde histórias criam vida. Descubra agora