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Leonard me assusta, dormi no desespero de não saber o que fazer. Nos livros diziam que em situações extremas, um adulto deveria ser procurado. Nenhum deles informa o que fazer quando não se tem um, são somente teorias!

Desejei ter uma companheira de quarto. Alguém com quem dividir o que estou passando, só para confirmar que estou prestes a fazer algo errado. Eu sei que será errado, mas não há escolhas! Os sites de busca de empregos são pura enganação, enviei vários currículos com a ajuda de um garoto da biblioteca.

Uma alma caridosa neste mundo de pecadores.

É insano a forma que a ajuda nunca nos vem quando necessária. Depois de passada toda turbulência é que as pessoas dizem que estavam a disposição, quando na verdade não se dão o trabalho de olhar para o lado. No Caminho do Céu vive isso. As pessoas vêem e não são capazes de mover um dedo para amparar o próximo. Ultimamente nem me importo com isso mesmo, não com a fome que estou.

Estou bem abaixo do peso, isso é comum de acordo com os padrões impostos pela sociedade. O problema é que o meu magro já deixou de ser saudável. Também pode ser por causa da idade, minhas refeições são bem controladas, doces são claramente proibidos.

Mesmo tendo burlado essa regra algumas, raras, vezes.

Segundo a professora de francês, que lecionava no Caminho do Céu. Lá somos preparados para sociedade e no caso de nós, mulheres, somos criadas para perfeitas donas de casa, mulheres de magnatas onde a perfeição é o mínimo a ser exigido.

Ouvi durante três incansáveis anos que meu corpo estava longe do que era o perfeito. Lutei até conseguir alcança-lo. Cintura fina, cabelos longo, nenhum resquícios de algo a mais como busto. Só não pude fazer nada em relação a minha altura, agradeço a existência dos saltos. Caso contrário, estaria ferrada.

Os livros alertam como uma dama deve ser. O que me indigna é que nenhuma menina deste colégio segue essas regras. Seria este um colégio para as não importantes de um livro. Será que me prendi tanto aquela realidade e hoje não me encaixo no quesito felicidade deles?

A felicidade para eles é algo bem simples. Vícios! Fora que gostam daquilo que é errado. São tão ignorantes ao ponto de quebrarem regras, esquecendo erroneamente das consequências. Estas, aqui, nunca vindas. Onde será que eles se escondem para nunca haver uma punição? Pudera eu, fazer algo e sair ilesa.

Não que eu já tenha tentado...

Talvez seja isso! Preciso fazer algo que me livro dos esterótipo implantados pela sociedade. Isso pode ser desagradável no começo, mas preciso me habituar aos costumes. Ir à uma pizzaria, uma bela fonte de gorduras e perdição.

Vi num comercial ontem. Aquilo sim é digno de perfeição! O hambúrguer também, as pequenas gotículas de gordura se tornam um chame a mais para ele.

—Alysson! -Me assusto com o barulho na porta. Ainda não amanheceu, chega ser indelicado. —Sou eu, Pathrick.

Meu herói!

—Path! Entre. -Quando dou conta, já estou o puxando para dentro. A imagem do garoto ilumina meus pensamentos. O sorriso é tudo que eu foco antes de descer o olhar para as mãos machucadas dele. —O que aconteceu? -Minha voz sai doce, tentando amenizar a situação. Ele está eufórico, me deixar perder o controle seria idiota.

—Jason está muito machucado! Tentei ajudá-lo, foi em vão. Só tem piorado. Você precisa me ajudar. -Ele não me deu chance de resposta. Saiu me arrastando, ao que suponho ser o lado dos dormitórios masculinos.

Durante o caminho, a respiração dele foi a única coisa audível. Tentei ignorar o fato de estar vestida adequadamente. A situação pede medidas extremas.

Espero que as aulas de primeiros socorros sirvam de alguma coisa.

Ao adentrar o quarto, uma força maior quis que eu voltasse. Há cortes expostos em todo braços direito de Jason. Senti minhas mãos tremerem e suar com o nervoso. Ainda com medo me aproximei. Sua expressão gritava dor e automaticamente tentei fazer algo com o que tinha disponível numa caixa ao lado.

Não ficou tão ruim assim. Alguns cortes eram superficiais, já outros bem profundos. Os aconselhei procurar um médico, logo me explicaram que pessoas como eles não vão ao médico.

Isso me preocupo, Jason estava aparentemente destruído e drogado.

—Ele irá ficar bem. -Digo mais para mim do que para eles. —Agora preciso ir. -Antes de sequer poder me virar, as mãos frias de Jason me pararam.

Me viro de frente a ele mais uma vez. Seu rosto está sereno, duvido que ele tenha noção do que esteja se passando.

Chego a essa conclusão porque ele está sorrindo para mim.

—Fica mais um pouco, ainda posso precisar de você. -Pondero em recusar, mas algo nele me impede de o fazer. —Vem aqui do meu lado.

Me questiono sobre o que a sociedade acharia sobre isso e no momento isso me parece o de menos. Na minha cabeça a palavra perigo se alarma, mas algo também grita para ignorá-la.

Percebo estar sozinha com ele. De tão distraída não vi Pathrick sair. Os olhos de Jason estão firmes sobre mim. Não tenho à mínima ideia do que fazer. Se ao menos Lucas estivesse aqui. Tudo se tornaria mais fácil e eu teria um motivo a mais para lutar.

—Você não tem nada a perder. -Não sei se foi minha consciência, Jason ou o Diabo. Talvez os três, mas é só a verdade.

O que eu tenho a perder?

♥♥♥

Demorei para atualizar, me perdi acreditando já ter o feito kkk

Espero que gostem. Até o próximo!

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