A Rainha - Klonnie

22- Os nove clãs

A voz de Klaus alcançou seus ouvidos, mas ela não conseguia entender nenhuma palavra do que ele dizia. Só quando Klaus olhou em seus olhos, preocupado, é que ela conseguiu entregar o celular em sua mão. Em um primeiro momento ele não entendeu, depois viu um vídeo na tela e apertou o play.

Sua mandíbula travou assim que Kai apareceu, com aquele sorriso que de tão angelical, beirava ser demoníaco. Bonnie ainda encarava Klaus, sua mente em um turbilhão de pensamentos, buscando soluções desde planos de fuga, até feitiços possíveis para se livrar de uma vez por todas de Kai. Ela teve medo que Klaus estourasse seu celular na mão, não que um objeto tivesse importância agora, mas ele apertava com força superior a necessária, ela percebeu o dourado nos olhos dele.

O lobo de Klaus era assim, possessivo, territorial, superprotetor e tão violento quanto o vampiro. "Vem cá!" Ele disse jogando o celular desligado sobre a cama e puxando o corpo torpe de Bonnie em um abraço. "Ele não vai chegar perto de vocês, eu não vou deixar." Finalmente as palavras dele chegaram a seu ouvido e ela soluçou como se despertasse de um sonho ruim, mas que infelizmente não havia acabado.

"Ele disse que viu Thom... Klaus...." Ela quis dizer em palavras o quanto aquilo era assustador, o quanto ela tinha medo que Kai descobrisse onde eles estão, mas não conseguia verbalizar. A sorte estava do lado deles, Kai não tinha muito sucesso no uso do vínculo de sangue, parte disso se devia a sua sociopatia, a dificuldade de se conectar a outras pessoas era seu traço principal, e o vampirismo tende a ampliar alguns traços, se conectar a alguém pelo sangue, por energia vital é algo de uma sutileza sentimental que ele não possuía.

"O feitiço, acha que pode fazê-lo?" Klaus perguntou enquanto acariciava os cabelos de Bonnie mantendo-a apertada ao seu peito. "Sim, está tudo pronto." Ela respondeu com um certo alívio.

Dessa vez ela não precisaria de nenhum evento celestial, ela não vincularia Kai a nada, assim, as chances dele fugir eram reduzidas a zero. O plano era perfeito, Kai seria a âncora de sua própria prisão, aquele lugar só deixaria de existir com sua morte. Bonnie se questionava se matá-lo seria tão penoso assim, considerando o terror que o herege poderia causar, mas ela sabia que jamais se perdoaria se Thomas quisesse um dia saber sobre seu pai, dizer ao filho uma mentira? Não, ela mesma desejava ter sabido a verdade sobre sua mãe, e sabia as marcas que uma mentira familiar tinha deixado em Klaus também.

Ela jurou a Thomas, ainda em seu ventre que seria verdadeira com ele, e que o protegeria para sempre. Era isso que ela faria, Kai era uma ameaça e ela o pararia, não precisava matá-lo para isso, essa era apenas a saída mais prática e confortável, mas ela também tinha consciência de sua responsabilidade em toda esta história, não é como se ela não soubesse quem Kai era de verdade quando foi para cama com ele.

As mãos de Klaus massagearam suas costas e ela apreciou o carinho, a segurança bem-vinda que os braços dele lhe proporcionavam. "Ótimo, você tem o feitiço e eu farei o plano. Esteja pronta para mandar ele ao inferno." Klaus falou com firmeza e algum traço de raiva.

Bonnie se sentia menos amedrontada, Klaus era um porto em meio à tempestade. Ela o olhou nos olhos e viu que ainda brilhavam em dourado. "Ele tem tentando te alcançar, te ver..." ele engoliu as palavras tentando reprimir a onda de ciúme que lhe atingiu. Klaus desejava arrancar a pele de Kai. Bonnie engasgou em imaginar o herege a observando, sentindo o que ela sentia, era aterrorizante. Ela ofegou se agarrando a Klaus, inspirou o perfume dele, seu cheiro de magia antiga, terra, alguma coisa entre madeira e anis, faziam-na sentir-se segura. "Não quero pensar nisso." Ela murmurou tentando criar outros pensamentos, aquela agonia lhe consumia a sanidade e ela queria esquecer, enquanto fosse possível. "Me faça esquecer." Ela pediu colando os lábios aos de Klaus.