"Peter"

11 1 0
                                    

O ter ali era definitivamente difícil, não por ser alguém chato ou totalmente ruim de serviço, muito pelo contrário. Peter entregava tudo como previsto e pedido, não incomodava nem maltratava minguem, saia para almoçar sempre com todos da empresa, não conversava se não fosse inserido no bate-papo, mas seu semblante estava sempre suave e calmo, avaliando a todos também.

Amélia achava intrigante como ele saia sempre vinte e três minutos mais cedo do almoço para fumar, como sempre pedia um chá gelado e SoJu e os tomava junto, em uma espécie de mix alcoólico e relaxante ao mesmo tempo.
Amelia achava inacreditável como qualquer roupa ficava boa em seu corpo, o jovem sempre ia com roupas aparentemente comuns, um jeans e camiseta, moletom ou jaqueta, vez ou outra em reuniões aparecia com uma blusa social branca, mas o que mexia com si era o quão chamativo ele poderia ser sem fazer nada.
Sim, isso realmente era um tópico em sua lista, como? Como conseguia ser tão chamativo e sútil ao mesmo tempo? E como, somente Amélia notava isso? O notava? O achava algo além do comum?

Amélia sentia que surtaria, com todos aqueles "bom dia" e "boa noite" ou até mesmo o típico "como vai? Aqui estão as pastas" mas o que a fazia ter certeza de seu surto era o fato de que, todos ali faziam exatamente a mesma coisa, e com toda certeza existia sim pessoas mais bonitas que o jovem Peter ali, mas ele, somente ele chama a atenção da garota, e tudo começou pela nuvenzinha chata que vira sobre sua cabeça, porque maldita? Justo ele? Ou justo vermelha? Ou por qual motivo via isso?

Amélia sentia que explodiria, ele não fazia nada de errado, mas tudo que causava em sua cabeça, tudo que fazia com seu pobre psicológico sem nem perceber a fazia acreditar em uma explosão total. Nunca odiou ver a neblina, a nuvem, mas naquele momento se questionava se, caso não as visse seria assim.

-Maldito Peter, que de Pan e mágico não tem nada, mas de garoto perdido, tem tudo...

Amélia resmungava com si no escritório, revoltadíssima com a perfeição dos desenhos, das anotações e tudo mais que lhe fora entregues nesta manhã pelo ser vermelho, que sempre que passava pela porta, de vidro, lhe lançava um olhar calmo e um sorriso ladino, nada de mais, pelo menos era o que queria/entendia/precisava entender como.

-Hey, Senhora Amelia? Posso entrar, preciso tirar uma dúvida sobre o pedido do diretor, que ele fez na última reunião... está ocupada? -Perguntou dando dois toques na porta, adentrando lentamente, logo sorrindo.

Aquele sorriso fofo e sútil de sempre, Amélia definitivamente odiava ele, tudo nele, queria o jogar da janela, o tratar o mais rude possível para o fazer sair dali chorando e nunca mais voltar, simplesmente por a deixar tão atordoada e confusa.

-Claro Peter, entre... e me chame somente de Amélia, não sou tão velha assim... tenho 27 anos.

"27 club" isso o perseguia, ou era somente a doce e nada confiável, coincidência.

The red boy Onde histórias criam vida. Descubra agora