The red boy

Simplesmente não te compreendo

Fazia exatos cinco meses que Peter estava trabalhando na mesma empresa que Amélia.
Fazia cinco meses que as ações da empresa tinham aumentando de uma forma absurda por causa do rendimento dali.
Fazia cinco meses que Amélia surtava por causa do garoto de nuvenzinha vermelha, simplesmente por não entender o que fez de errado, se culpando por nascer estranha ao ponto de ver todos em um azul e somente aquele garoto, que a seu ver era patético, de forma diferente, sendo que claramente não tinha nada de mais.
Ou, queria acreditar que não.

Peter continuava a frequentar o bar, o mesmo PUB de sempre, continuava sendo quem é, afinal qual motivo de falsidade? Não estava no mundo para agradar ninguém, estava ali somente para viver por si, ajudar, respeitar, entender e evoluir, sim, esses eram os protestos e conclusões tiradas por Peter para explicar o porquê da existência humana, e como levava a vida também. Simples.

-Amélia, como vai? Trouxe a pasta... - Peter Proferiu entrando na sala da citada.

-Não precisa dizer que trouxe, você entra aqui somente para isso. -Respondeu enquanto olhava algumas planilhas e assinava outros projetos.

-Posso perguntar uma coisa então? Fora do padrão de sempre? -Tentou novamente se aproximando da mesa.

-Já Perguntou. O que é? -Cortante tanto quanto uma faca.

-Porque você me odeia? Foi a primeira vista, tenho certeza... quando me viu saindo do Pub.

Amelia queria muito falar que nasceu vendo neblina na cabeça das pessoas, uma representação tosca das almas talvez, mostrando quase que como um shinigami quando iriam morrer ou algo assim, mas não podia, a algum tempo, cinco meses para ser mais exata, sua vida tinha modificado por inteiro, se antes acordava sem despertador e conseguia chegar exatos treze minutos adiantada, agora chega dez atrasada ou bem na hora, e tais mudanças começaram quando o jovem vermelho fora contratado, não que fosse culpa do mesmo, não duvidaria se fosse, mas não julgaria nem colocaria a culpa nele. Por causa de todas essas mudanças (nem todas negativas) as nuvens começaram aos poucos a sumirem, primeiro dicaram menores, mais simples, somente uma sombra qualquer perto das pessoas, depois, sumiram, apareciam em pessoas jovens como crianças e mais velhas, e claro, em Peter, sem nenhuma alteração na verdade no mesmo, o que só piorava sua situação já que não compreendia mais nada que estava acontecendo.

-Eu não te odeio, Peter, eu odeio não entender as coisas, e você é uma delas. -Soltou sem pudor algum, o encarando seriamente.

-Qual motivo te faz achar que não me entende Amélia? Ou melhor, por qual motivo não quer me entender? Porque sei que tem a resposta, só não quer, ou ainda não juntou as pecinhas. Mas tudo bem. - com a mesma calmaria que a respondeu saiu da sala, deixando uma Amélia atordoada e confusa dentro da sala, pronta para esganar qualquer um que entrasse ali, na base claro dia gritos e palavreados, mas mudou de ideia quando seu chefe entrou ali.