Bleeding.

Em paz.

Dois meses. Sessenta e um dias, quatro horas e vinte e sete minutos para ser exato. Foi por quanto tempo George Weasley deixou a barba em seu rosto crescer. Por quanto tempo a Ordem estava desordenada tentando localizar sua mais brilhante membro nascida trouxa. Foi precisamente quanto tempo Hermione Granger estava desaparecida.

A notícia chegou com um silêncio ensurdecedor. Ele se lembrava claramente. Era a primeira vez que alguém ouvia falar do trio de ouro desde que saíram para sua missão e, apesar da memória terrível ter sido há tanto tempo, o momento ainda estava fresco na mente de George Weasley. Lembrou-se do cheiro do amanhecer e de como o sol era ilusoriamente brilhante enquanto cobria a Toca com um brilho que se derramava através das janelas. George e seu irmão gêmeo, Fred Weasley, acordaram com uma sensação de esperança que, em retrospecto, tornou a descoberta mais dolorosa ainda mais esmagadora.

Cinco Weasleys, os que foram deixados para proteger a fortaleza da Toca, estavam todos sentados à mesa da cozinha. Ginny Weasley, sua irmã mais nova, estava à direita de George enquanto Fred estava sentado à sua esquerda. Percy, seu irmão mais velho, sentou-se ao lado deles ao lado de sua mãe, Molly. Em um silêncio estranhamente confortável, a família comeu. O coçar dos talheres já usava placas de madeira e os pequenos goles de suco de abóbora eram os únicos ruídos. Até que a batida de um bico de coruja na janela os assustou em defesa.

Foi George quem saltou para pegar a carta do pássaro estranho de penas escuras. Ele ficou desconfiado no início, mas, ao reconhecer a caligrafia, ficou excitado. Ele rasgou o lacre de cera, encantado para garantir a segurança, e a carta respondeu ao seu toque. A página saiu de suas mãos como um balaço e rapidamente se dobrou em um rosto de papel com um raio rasgando no topo. O sussurro apressado de Harry Potter ecoou pela Toca.

"Se for seguro, diga a senha." Com um movimento de sua varinha e um murmúrio de 'gingersnaps', Ginny retirou a barreira de segurança e uma rápida mensagem começou.

"Eu sei que esta é a primeira comunicação desde que saímos. Não poderíamos arriscar a possibilidade de interceptação durante a missão, mas isso é uma emergência. Eles a têm. Hermione. Sequestradores a pegaram enquanto ela tentava mantê-los longe de Ron e eu. Foram para o sul, a sudoeste da Floresta do Norte, perto de Rodin. Mande a Ordem, envie ajuda. Eles a pegaram."

Dois meses atrás, ele ouviu essas palavras e George ainda ouvia as instruções em expansão dentro das cavernas de sua mente. O soluço abafado que veio do outro lado da mesa ainda perfurou seu peito. Ele se lembrava de Percy colocando uma mão reconfortante em sua mãe chorando enquanto ela lutava para conter suas lágrimas. E a maldição murmurada que Fred deixou escapar ainda alimentava seu pânico interno.

Dois meses atrás, George saiu correndo da porta da cozinha, caindo de joelhos bem na periferia do jardim da Toca. A dolorosa dor da inação rasgou-o em dois. Ele sabia muito bem a tortura que os demônios a colocariam e que ele não podia fazer nada, isso o matava.

Dois meses atrás, a guerra de repente se tornou muito real para George Weasley. Dois meses atrás, ela foi levada, mas fazia apenas dois minutos desde que George Weasley olhou para o rosto de Hermione Granger.

No chão duro de uma cela de masmorra, a primeira membro da Ordem capturada estava diante dele. Espancada, sangrenta e quebrada.

Marcas de lágrimas marcavam o sangue e a sujeira que cobriam a carne morena, enquanto os hematomas estocavam quase cada centímetro dela. As feridas eram tão escuras que as lesões púrpuras atingiram a noite ao redor. Ela era uma bagunça espancada.

Atrás dele, a porta bateu e a fechadura se fechou. Ele estava congelado no lugar assistindo as respirações que Hermione tomava. As paredes de pedra estavam se fechando sobre ele e ele fechou os olhos para acalmar seus nervos. Certamente ele achava que poderia encontrá-la, mas não queria. Não com eles. Ele se lembrou do caos e da destruição que aconteceram apenas algumas horas antes. A batalha fora da Toca projetava-se na tela em branco de suas pálpebras fechadas. Ele viu sua família escapar e esse foi o único consolo. Logo depois que a forma de Ginny se transformou em nada, a maldição da tortura passou por ele e ele caiu no chão em agonia.

A lembrança era tão vívida; Enquanto as chamas subiam pelas paredes da fortaleza, ele podia sentir o calor em seu rosto, queimando seus cortes com intensidade. O feitiço o consumiu com agressividade feroz e isso foi espelhado no inferno destruindo seu lar de infância. Em sua mente, ele ainda estava deitado na grama suspensa na agonia catatônica do passado, mas um gemido chamou-o para fora.

Todo pensamento o abandonou.

George rastejou pelo chão de concreto; Pequenos seixos recortados cobriam a base quebrada e maltratada e rasgavam seus braços. Esses pequenos cortes empalideciam em comparação com os cortes nas costas, que se arrastavam contra o teto baixo, forçando-o a se aproximar do chão.

Esta cela era um buraco. Um buraco no chão de uma masmorra. Era dificilmente maior do que o espaço rasteiro do bangalô de sua tia Muriel e o fedor de sangue, urina e morte era incubado no ar.

"Hermione," Sua voz quase um sussurro quando ele percebeu a extensão do dano. Gentilmente, George tirou uma mecha de seu cabelo castanho manchado de sangue do rosto e o polegar roçou sua bochecha machucada. Hermione Granger estava quebrada.

Ele checou por uma batida do coração e ficou imediatamente agradecido pela batida suave abaixo das camadas de roupas rasgadas e carne esfarrapada. Ele olhou para a parede de tijolos à sua frente, observando as fracas linhas de registro arranhadas no leito rochoso. Lentamente, movendo-se em direção a ele, George apoiou as costas contra os blocos, colocou a cabeça no colo e colocou o suéter sobre ela como um cobertor.

"Logo", sua voz quebrou o silêncio. Ele mal podia acreditar que ela era capaz de falar, mas o gemido escapou de seus lábios inconscientes. Ele sentiu como se tivesse engolido uma bigorna com o peso do que poderia ter significado.

"Logo", ele repetiu para ela. Incapaz de desviar o olhar, George a segurou. Hermione Granger, a mulher que a Ordem havia declarado "em paz", estava vivendo no inferno. "Tudo acabará em breve."