Bleeding.

Isolamento.

Um longo tempo se passou e Hermione ainda estava para recuperar a consciência. O nascer do sol atravessou a janela gradeada de cinco centímetros e meio por cinco vezes. A cada ciclo, a luz brilhante aquecia a cela para parecer uma sauna sobrecarregada, mas, quando se punha, a prisão ficava coberta pelo frio da noite. Este dia não seria diferente.

O meio-dia estava em cima deles, e o suor escorria de seus corpos, recolhendo uma pequena poça ao redor deles. Apesar do calor, Hermione ainda tremia, e sua pele era como gelo. George ficou imóvel enquanto a segurava; ele se recusou a se mover, esperando dar-lhe o máximo de calor que pudesse. George só se moveu para mandar um sinal de emergência por hora, e embora ele tenha enviado três até agora, não houve mensagem de resposta. Acrescente isso em cima da incapacidade de acordar Hermione ou mesmo curá-la adequadamente, e George ficou completamente desamparado.

Esperar por ajuda que parecia nunca vir era exaustivo. Não era como se George não tivesse tentado escapar sozinho. Ele examinou cada centímetro da cela quando os Comensais da Morte pegaram Hermione pela primeira vez. George vasculhou cada centímetro do concreto, tentando encontrar algum tipo de fraqueza, mas surgiu de mãos vazias. Sem sua varinha, George não tinha como reagir. E quando ela voltou, e tudo o que ele podia fazer era pegá-la em seus braços e deixar que a finalidade de tudo isso afundasse.

George estava preso e, mais importante, Hermione estava presa. Foi o desespero puro que o levou a se agarrar a uma esperança que parecia mais distante de seu alcance a cada segundo que passava e era bastante desmoralizante. A prisão era realmente enlouquecedora, e ele de repente entendeu a instabilidade mental de Sirius Black ao escapar de Azkaban.

Olhando para Hermione com uma mistura de admiração e preocupação, George se perguntou como ela ainda era tão sã. Ela era uma espécie de brinquedo para o prazer doentio de seus captores e o próprio pensamento o deixava extremamente nauseado. Este lugar era o inferno e Hermione estava aqui por dois meses a mais que ele. George não tinha ideia de como ela ainda estava viva, muito menos ainda tão ferozmente determinada a ficar contra eles. Essa garota tinha uma espécie de convicção que era surpreendentemente tenaz.

O que o surpreendeu ainda mais, no entanto, foi que os bastardos sádicos não tinham voltado para um deles. A partir da surra e dos gritos que berravam da sala acima, George supôs que outros membros da Ordem eram de maior prioridade, e, por mais horrível que parecesse, ele estava realmente muito agradecido. Ele engoliu o pedaço de culpa em sua garganta quando o pensamento passou por ele. Era horrível e completamente vil dele desejar dano a seus colegas lutadores, mas Hermione finalmente recebeu uma chance para descansar, e pelo tempo que ela passou inconsciente, George assumiu que esta era a primeira vez que os bruxos das trevas a deixavam.

Ambos foram esquecidos, deixados a desaparecer no som ensurdecedor de suas respirações combinadas. Se não fosse pelo demônio mascarado com um queixo duplo pronunciado deixando um pequeno prato de lama pouco apetitosa e um copo d'água perto da porta, ele teria pensado que esse era o estratagema dos Comensais da Morte: fazer com que o isolamento os leve à insanidade. Eles foram condenados a tornarem-se um nada absoluto dentro da escuridão e isso foi estranhamente aliviado.

No isolamento, ele podia mostrar suas emoções. Ele não precisava ser estoico. Ele podia se preocupar e se importar com Hermione e planejar sua fuga, não que ele tivesse feito muito progresso. Mas aqui, no vasto nada que era essa solidão, George podia deixar transparecer toda sua admiração e respeito. Ele podia protegê-la, tratar suas feridas o melhor que podia, e segurá-la perto, algo que ele achou bastante reconfortante. Essa devoção que se formou o confundiu, mas ele queria lutar por isso e experimentá-lo com o mesmo nível de tenacidade que Hermione possuía. A própria idéia de Hermione deixar os braços deixou George incompleto no vazio frio, e apesar do desejo egoísta de mantê-la perto, George teria prazer em andar sozinho para o nada da morte se isso significasse que ela estaria segura.

Quando a luz do sol começou a se afastar da janela, deixando o ar abafado e grosso a chance de esfriar, George finalmente sentiu Hermione se mexer e a preocupação o feriu. O gordo bastardo acabara de sair pela primeira e única vez naquela noite, por isso George não se preocupou com eles, tomando-a novamente; ele sabia que qualquer coisa que seria amanhã. O que o preocupava eram seus pensamentos conscientes e despertos.

Hermione acabara de ser espancada. Porra, palavras vil foram esculpidas em sua carne, como ele deveria se recuperar de seu ódio quando tudo o que ele queria fazer era desmembrar cada um deles por colocar a mão nela? Tudo o que ele podia registrar era essa necessidade de protegê-la, mesmo que fosse por suas próprias emoções, e o sentimento surgiu em suas veias como um fogo ardente. Como exatamente ele deveria consolá-la depois de tudo isso?