Laços - Supercorp

Prólogo

Antes da existência de qualquer vida na Terra dois astros viviam vagando sem rumo, inertes na escuridão de suas existências pensando que estavam solitários, ambos se sentiam sem utilidade, vazios e incompletos. Por vezes esses astros quase se encontraram, mas estavam tão fechados dentro de suas escuridões que não conseguiam perceber a grandeza que estava ao redor.

Em um dos momentos que estavam perdidos, vagando sem rumo certo, se esbarraram, foi então, pela primeira vez que abriram os olhos para o que estava perto de si.

Sol e Lua.

O magnetismo que surgiu foi instantâneo, e a partir daquela encontro se apaixonaram, e foi diante dos olhos do outro que enxergaram a própria beleza.

Sol era quente, com uma pele dourada, longos cabelos ondulados de fogo e um sorriso radiante, a Lua possuía uma pele platinada, um sorriso delicado, olhos que pareciam carregar uma galáxia em suas órbitas e seus cabelos negros caiam como cascatas por seus ombros.

Começaram a viver o que sentiam e se perderam em seus braços, passando a se preencher com a companhia do outro, sempre estando lado a lado e juraram nunca mais se separar, foi a primeira vez que o céu foi inundado de amor.

Porém aquele era apenas o começo da criação, e Deus queria encher a Terra de vida, portanto tinha planos especiais para seus astros, foi quando Ele lhes deu uma função: o Sol recebeu um brilho incandescente e passaria a iluminar os dias, enquanto a Lua passaria a clarear as noites com seu brilho cândido.

Ambos conseguiram ficar ainda mais lindos e se apaixonaram mais ainda e a certeza que queriam passar a eternidade juntos era ainda mais forte, mas daquela dia em diante não conseguiram ficar na presença do outro como faziam e isso pesou em seus corações, deixando uma marca triste em seus peitos.

A Lua e o Sol voltaram ao estado anterior de se apaixonarem, sentindo novamente sozinhos e perdidos, nem o brilho, poder, importância e grandeza que possuíam era capaz de suprir a ausência de quem amavam, apenas o vazio os abraçava agora.

A Lua se encheu ainda mais de tristeza com o passar dos dias e chorava copiosamente pelo seu destino, o Sol não aguentou ver sua amada daquela forma e buscou coragem para questionar Deus, pedindo que lhes ajudasse, que pelo menos a Lua pudesse ter companhia, então Deus criou as estrelas, para quando a Lua estiver no céu possa ter algum consolo.

O tempo passou e nada substituía a ausência do outro, diversas vezes eles tentavam se reencontrar, a Lua buscava ficar mais uns minutos no céu quando o Sol começava a despertar de manhã e o Sol tardava em se pôr para poder vê-la despontar nas tardes, mas nada adiantava. A saudade que sentiam era tão latente que comoveu Deus, não querendo que nenhum amor fosse impossível mas ainda impedido de dispor seus astros de suas funções, porque a Terra e o universo precisavam deles daquela forma, Ele buscou um outro modo de fazê-los ficarem juntos, criando o eclipse, sendo esse o momento em que ambos poderiam finalmente estar nos braços um do outro se amando.

Desde então eles vivem assim, tentando se consolar com os breves momentos que possuem, vivendo da espera de raros instantes que podem dar vida aos seus sentimentos, seguindo marcados por um grande amor que precisa ficar separado.