VIII - Autonomia

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Substantivo feminino: 1. capacidade de governar-se pelos próprios meios; 2. Filosofia, segundo Kant (1724-1804), capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exógeno com uma influência subjugante, tal como uma paixão ou uma inclinação afetiva incoercível.

Lembra quando disse pra mim

Que queria que não tivesse fim

E disse que me amava também, também

A gente se amava tão bem.

O céu estava marcado por dois astros unidos num eclipse enquanto pés descalços marcavam um trajeto na areia da praia:

- Kara? - Lena disse com evidente surpresa em seu rosto ao ver a mulher caminhando em sua direção e correu ao seu encontro terminando de romper a distância entre elas. Foi recebida por um abraço apertado, Kara a segurou firme pela cintura e a levantou do chão, girando seu corpo no ar. Era incrível estar em seus braços novamente. - O que você está fazendo aqui? O que estamos fazendo aqui? - Completou sem sair daquele aperto.

Ela estava tão perdida quanto Lena sobre onde estariam. Antes de responder suas perguntas precisou beija-la, tê-la em seus braços não era suficiente, o beijo foi carinhoso, transmitindo todo sentimento que tinha em seu peito. - Eu não sei nada além de que estamos aqui juntas Lee. - Ela manteve seus rostos próximos, testas apoiadas uma na outra e sua voz saia mansa. - Você acha que aqui é... Você sabe... Aquele lugar... - Ela viu Lena deitada perdendo a vida. Seria lógico caso fosse aquele lugar.

- Você não pode estar falando do que eu tô pensando que seja, porque não teria lógica alguma. Eu devo estar alucinando. - Foi preciso protestar daquela ideia e se desvencilhou dos braços da Danvers, ela havia levado um tiro, mas até onde ela lembrava Kara estava em perfeita saúde e segura, e principalmente, céu? Porque ela iria pra um lugar que nem acreditava que existia.

Kara a puxou de volta, apenas segurando firme as mãos dela com as suas, e a encarou firmemente. - Nosso beijo pareceu bem real para mim. Eu... eu não sei o que aconteceu, mas talvez não resisti!? - Ela franziu a testa tentando reorganizar os últimos acontecimentos e não saberia dizer se isso era uma pergunta ou afirmação. - Quando eu cheguei até você, foi tudo tão estranho, te ver... eu realmente não sei Lee.

Suas presenças ganharam companhia quando duas mulheres que caminhavam em direção a elas se aproximaram, elas não haviam percebido até que ambas estavam próximas, elas usavam longos vestidos brancos de algodão, e aparentavam estar contentes em vê-las.

- Podemos nos juntar a vocês? - A mulher de cabelos negros perguntou primeiro.

Kara logo trouxe Lena para mais perto de si permanecendo com a mão dela firme junto da sua, não importa onde ela estivessem, ela não desgrudaria de Lena até ter certeza que estava tudo bem, não depois de tudo que havia acontecido com elas, e ter assistido The Good Place não ajudava muito nesse momento. Foi Lena que respondeu: - Claro... Hum, vocês sabem onde nós estamos?

- Sabemos. - A outra mulher de cabelos castanhos, respondeu. - Aqui é o lugar de vocês, sua casa.

- E estamos aqui pra ajudá-las, tudo parecerá meio intenso a princípio. - Completou a mulher de cabelos negros. - Mas vocês irão entender que aqui sempre foi o lar de vocês. Aqui é onde vocês pertencem e poderão estar juntas, para sempre.

- Desculpa. - Interrompeu Lena. - Eu não acho que estejamos entendendo direito o que vocês querem dizer. Vou ser mais direta. Isso daqui é uma espécie de céu? Porque não fui uma mulher religiosa.

Laços - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora