Prologo 46

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Ana Sophia

------"Quando eu te conheci
Você era o oposto e foi isso que me encantou
Eu tive que ralar pra conquistar o seu amor
Gastei todos os créditos
Que eu tinha com você

Eu enfrentei
Todos os medos até o de andar de avião
Mas eu guardei o medo dentro do meu coração
E esse medo eu jurei não contar pra você

Era o medo que eu tinha
De um dia não te fazer mais sorrir
De não dar boa noite
E um beijo na testa antes de ir dormir
De olhar pra sua mão e ver que
O anel que eu te dei não esta lá
Esse é o meu medo

De passar o domingo sozinho
Em casa assistindo TV
De não ter mais ninguém
Perguntando bravinha o que vamos fazer?
De chegar no banheiro
E ver que sua escova não está mais lá
De ouvir da sua boca
Que está cansada e quer terminar

Resumindo meu medo
É um dia ficar sem você(Meu medo -Zé Neto e Cristiano)

Sentada tocando meu violão eu sinto tudo de novo e por mais que meu maior medo eu nunca disse a Jhon que era perdê-lo, foi exatamente o que aconteceu primeiro.
Lembrar nao e tao dolorido quanto era no inicio.
Eu nao me aperto toda chorando e posso falar o nome dele sem chorar.

1095 dias se passaram.
26.280 horas se passaram.
1.576.800 minutos se passaram.
94.608.000 segundos se passaram
Totalizando 3 anos sem Jhon.
Eu queria acordá-lo com beijo e dizer que estou prestes a gravar meu primeiro DVD e que Yuri ja sabe contar de um a dez e o nome da maioria das cores e arranha um pouco de inglês.

Voce demoraria alguns segundos provavelmente se perguntando se eu nao poderia esperar tu acordar pra eu contar,  mas viraria pro meu lado com seu sorriso tao branco entrando no meu nível de empolgaçao.

Chegou um dia que doei as roupas e calçados de Jhon, joguei sua escova de dente fora e os shampoos ja vencidos.
Eu guardei seu perfume e aquela camiseta preferida e o shorts.
Eu nao queria perdê-lo de vez.

Encontrei na minha profissão e no meu filho a força que eu precisava pra voltar a caminhar.
Minha mae estava errada numa coisa, nao precisei reaprender a andar, pois o que eu precisei foi soltar cada uma das amarras do sofrimento que me mantinham em casa debaixo da coberta.

                  *******
Abrir um show no. Villa Mix foi muito mais do que eu poderia sonhar. Eu vim no onibus com a banda pra Sao Paulo e foi divertido cantar so voz pelo caminho todo os modao da vida tomando uma dose de tequila pra distrair.
Antes que chegue a conclusão,  nao sou nem de longe uma alcoólatra,  apenas estou curtindo um pouco com os amigos e rindo das asneiras .

------Oi mae acabei de encerrar o show esta tudo bem?
------Entao filha,  o Yuri esta febril chamando por você. Voce sabe que nao gosto de te ligar e te preocupar, mas acho mesmo que ele esta doente de saudades dessa vez.
-----Vou ver se consigo uma passagem agora mãe. Assim que possível estarei ai com voces.

Converso um pouco com meu pequeno e me permito me sentir culpada por nao dar a devida atenção a ele...
O pessoal da banda tenta me convencer que podem encerrar a viagem e ir comigo, mas e o Vila Mix em algumas horas os melhores shows estarão sendo visualizados ali e digo que so irei em um onibus diferente.
Chego no Tiete as dezanove horas e a atendente me diz que so vai ter onibus as 23 e ja esta praticamente lotado com apenas uma poltrona liberada.
-----Qual número?
-----46.
-----Ok.
Pago a passagem mesmo nao gostando de viajar no fundão.
Ando praticamente a rodoviária inteira ate que de a hora do onibus .

O portão se abre e assim que sento na poltrona 46 tomo um comprimido de dipirona pra dor de cabeça e fecho os olhos aguardando que o onibus de inicio a viagem.
Lembro de quando Jhon e eu viajamos do Rio pra Minas e estava a noite.
Ele me dizia que teve um sonho e nesse sonho a gente tinha sofrido um acidente.
A gente andava andava de onibus e nunca chegava a algum lugar.
Nos íamos conversando sobre tudo e sobre nada o tempo todo, mas ao olhar para o lado de fora do onibus parecia que a gente via a mesma estrada com os mesmos postes.
E eu dizia..
-----Sera que morremos e estamos vagando.
Eu que nao sou escandalosa ria alto de nervoso.
Ate que vimos a entrada de Pouso Alegre e pudemos descer na rodoviária.
Eu juro que suspirei aliviada.

Escuto alguém me chamando baixinho e cutucando meu braço.
Abro os olhos e percebo que dei um cochilos que mais pareceu um coma.
-----Com licença.
Eu estava com minha coberta de oncinha e demorei a me situar que ele queria ocupar o banco ao meu lado.
Levanto-me batendo a cabeça na altura do seu ombro e logo eu que nem reparo na espécie masculina vi que ele era mais velho, porem lindo com boné pra trás.
Ele se senta e pede desculpas por me acordar .
-----Sem problemas. Eu nem sei como dormi tao rápido.

A verdade é que os três dias sem dormir direito somado o dipirona que tomei, estava cobrando seu preço.
Volto a me ajeitar no meu ninho e so acordo na rodoviária.
Nunca um onibus pareceu tanto com um berço como hoje.

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Boa noite meus amores, pra quem NAO sabe eu trabalho a 18 km de casa numa cidade vizinha que demora em torno de 20 minutos o que é basicamente o tempo que uso para escrever.
Como a agência de onibus que uso,COUTINHO, faz apenas viagens interurbanos eu nao tinha como homenagear muito,  mas 46 é dedicado a minha relação de amor e odio com o Coutinho que as vezes me deixa pra tras ou atrasa, mas que me leva para o serviço e me tras de volta pra casa a quase 5 anos e que há um pouco mais de um ano me ajuda a escrever pra voces.

Tia Helen ama voces e em breve posto o cronograma de postagens.

(Completo)46 O RECOMEÇO DE ANA SOPHIA Onde histórias criam vida. Descubra agora