Capítulo 08 - Últimos Capítulos

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Capítulo 08 - Últimos Capítulos

Doze horas mais tarde Ino estava exausta e, definitivamente, seu otimismo decrescera.
Pareciam ter viajado milhares de quilômetros de carro, e tinha certeza de que haviam cruzado o estado de Konoha do Sul pelo menos duas vezes no esforço de localizar Inoue.
Era possível que sua mãe tivesse deixado o estado, mas, já que nenhuma pista que Gaara possuía levava a crer nisso, continuavam a explorar áreas às quais Inoue poderia estar ligada, como a cidade onde nascera e fora criada, a reserva onde morara com Inoichi Yamanaka assim que se casaram, e antes que fugisse com a pequena Ino, além de vários outros lugares pequenos e acessíveis por meio de atalhos.
Tendo parado apenas rapidamente para almoçar, Ino e Gaara aproveitaram cada minuto em sua busca sem descanso.
Ino estava contente por ele dirigir, porque mal conseguia manter os olhos abertos, e precisava erguer a mão à boca a cada momento para abafar os bocejos que insistiam em assaltá-la.
O sol já desaparecera fazia algum tempo, e a cidade de Sioux Falls estava iluminada pelos anúncios em néon e as luzes que piscavam nos edifícios comerciais onde, era óbvio, ainda havia movimento e pessoas trabalhavam. Por sorte o tráfego parecia mais calmo, e haviam pegado só alguns sinais vermelhos, conseguindo passar com tranquilidade pelo centro da cidade no caminho de volta para a casa de Ino.
Gaara estacionou junto à calçada, deixando o motor ligado enquanto se voltava no assento para fitar Ino. Sua aparência era tão cansada quanto a dela, os olhos semicerrados, as linhas no rosto mais pronunciadas do que no início da manhã quando saíram.

— Creio que será melhor eu passar a noite em meu apartamento — disse ele com a voz pastosa de cansaço. — Preciso tomar um longo banho quente e trocar de roupa antes de sairmos de novo amanhã. Acha que ficará bem sozinha?

Ela desafivelou o cinto de segurança e abriu a porta do passageiro, dizendo:

— É claro. Nós dois precisamos de uma boa noite de sono.

Gaara relanceou um olhar para seu terno italiano caríssimo, que no momento estava mais amassado que o focinho de um buldogue, e sorriu com ironia, resmungando:

— Amanhã usarei alguma coisa mais confortável.
— A que horas virá me buscar? — perguntou In9.
— Seis horas em ponto é muito cedo?

Ela reprimiu um bocejo diante do horário tão matinal, mas respondeu com animação:

— Tudo bem. Estarei pronta.

Saindo do carro, virou-se e se debruçou na janela para fitá-lo.

— Obrigada por hoje. Estou muito grata, e sei que mamãe ficaria também.

Ele apenas balançou a cabeça com brevidade e ficou em silêncio.

— Boa noite — disse Ino.
— Boa noite — respondeu Gaara em voz baixa.

Ela fechou a porta do carro e rumou para os degraus da casa. Deixara a luz da entrada apagada nessa manhã, portanto subiu a escadinha com cuidado e usou a minúscula lanterna que trazia presa ao chaveiro para iluminar o caminho e abrir a porta.
Gaara permaneceu dentro do carro, o motor do Mercedes ronronando suavemente, até vê-la entrar em segurança, trancar a porta e acenar da janela para que ele soubesse que estava tudo bem. Ino não podia garantir por causa da escuridão, mas lhe pareceu que ele acenava de volta antes de dar partida no motor.
O antigo Gaara, que conhecera desde criança, não teria sido tão prestimoso. Oh, sem dúvida iria se assegurar de que ela chegasse sã e salva em casa, porém, assim que Ino saísse do carro, daria a partida o mais depressa possível e a deixaria por conta própria.
Esse Gaara, o novo Gaara, como o chamava em pensamento desde que haviam começado esse estranho e novo relacionamento, parecia mais atencioso e compassivo.
Pelo menos com ela, refletiu. Com a família, Gaara sempre fora feliz e espontâneo, mas com ela sempre se fechara, agindo com cautela e sisudez.
Ela não sabia exatamente o que tinha mudado, exceto pelo súbito desaparecimento de sua mãe. Porém Inoue já sumira há algum tempo, e Gaara só passara a ser mais cortês com ela recentemente.
Era provável que tudo se resumisse a sexo, pensou Ino, cruzando a sala. Deixou a bolsa e o casaco pendurados nas costas de uma cadeira na cozinha, ciente de que precisaria deles logo pela manhã, e depois subiu a escada.
A cada passo ia desabotoando ou afrouxando outra peça de roupa, o que facilitava que se despisse, indo por fim se deitar na cama.
No momento em que seu corpo tocou o colchão, suspirou de alívio. Não teria problemas para adormecer essa noite, cansada como estava.
Já que Gaara era seu primeiro amante, não podia se declarar uma especialista em sexo e saber como afetava a personalidade das pessoas. Entretanto, era só nisso que conseguia pensar para explicar a mudança de atitude de Gaara a seu respeito. Não drasticamente, mas de uma maneira fácil de notar.
Entretanto, para dizer a verdade, Ino pouco se importava com as razões que o haviam feito mudar a seu respeito. Mesmo que Gaara estivesse sendo apenas gentil com ela e fazendo tudo isso para ajudar a encontrar sua mãe, ou porque se sentisse culpado por tê-la levado para a cama e tirado sua virgindade, ou porque agia assim com todas as mulheres com quem dormia, Ino se sentia apenas grata. E se não fosse durar... Bem, lidaria com isso quando chegasse a hora.
Pelo momento, entretanto, sentia-se fortalecida com a presença e o apoio dele... Sua vida fora tão tensa e estressante nos últimos tempos que era bom poder se apoiar no ombro forte de Gaara um pouquinho. Era bom não se sentir tão sozinha no mundo.
Nunca fora realmente sozinha, sabia disso. O resto da família Sabaku, em especial Rasa, estava tão preocupado e triste com o sumiço de Inoue quanto ela mesma, que era sua filha. Mas como sempre havia se sentido uma intrusa atirada no meio do fechadíssimo clã dos Sabakus, e porque ela e a mãe eram tão chegadas uma à outra, sentira-se especialmente isolada desde que Inoue desaparecera.
Gaara a fizera sentir que alguém compreendia seu drama, e que poderia haver uma luz no final do túnel.
Era difícil impedir que seu coração e sua imaginação detectassem mais coisas no comportamento dele do que de fato existiam. Ino já podia se sentir escorregando, desejando acreditar que amava Gaara de verdade, e que tudo não era apenas fruto e projeção de sua paixonite de criança, e que ele poderia amá-la um dia.
Mas sempre que se via enredada na fantasia tentava ao máximo dominar seus pensamentos e voltar a plantar os pés firmemente no chão... e na realidade.
Decidiu que fosse lá o que viesse a acontecer, jamais iria se arrepender de ter perdido a virgindade, e seu coração com Gaara.
Mesmo que ele não desejasse lhe entregar o coração também.

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