2. Rap

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Olá, bebês!

Espero que curtam a leitura!

♪♫


Changkyun me visitava todas as tardes e eu, consequentemente, passei a adiantar meus horários de trabalho - os fazia sempre de manhã, para conseguir dar atenção à ele na parte da tarde -, quando eu precisava ir na empresa, ele ia me buscar.

Ele é uma boa companhia, como sempre eu mais o ouvia do que falava, entretanto eram poucas as coisas que eu julgava desagradáveis com a convivência dele, uma delas era o fato de ele ter outros amigos e os mesmos tentarem o afastar de mim. É claro que, a julgar pela minha situação, eu, de longe, não sou a melhor pessoa para se conviver...

Ele conseguiu entrar para a empresa que o transformaria em rapper profissional, já até criou um pseudônimo: I.M. Ele disse que quer ser ele mesmo sem que precise se comparar ou ser comparado aos outros, então foi uma abreviação ao "I am what I am".

Tá legal, o nome soou bem.

Eu não sei se eu gosto desse novo emprego dele, sei que ele se sente realizado por estar seguindo seu sonho e conseguindo sucesso, porém ele anda se afastando cada dia mais, desculpas e mais desculpas. Eu não sei porque me importo sendo que antes dele chegar eu vivia super bem.

Mas é inegável, sinto falta das nossas conversas, do seu jeito infantil de brincar com Plutão ou até quando ele insistia para eu comer. Changkyun mudou bastante, não era mais aquele jovem puro que conheci e o que assusta é ver que o tempo passou em frente aos meus olhos e eu não percebi. Já fazia quanto tempo que conheci ele? 2 meses? 3? Talvez mais ou um pouco menos.

Me acostumei com sua presença marcante, sua voz rouca chamando "hyung!" por toda a casa, até mesmo quando ele inventava de dormir aqui mas no meio da noite ele sempre ia para minha cama e roubava minha coberta.

Eu percebi que eu estava o perdendo quando veio a primeira mentira. Changkyun disse que iria sair com os amigos da empresa, quando na verdade ele estava saindo com um outro rapaz que amizade já não seria o termo correto. Para minha sorte, eu estava no banho, senti meu coração doer a ponto de pensar em arrancá-lo com minhas próprias mãos, o pior é que eu já conhecia essa dor antes: a dor da mentira. Vi a pele da minha coxa trincar e as rachaduras foram aumentando até se unirem de ponta a ponta, fazendo quebrar uma parte de mim, exatamente como quando você deixa uma boneca de porcelana cair e quebra uma parte sensível de sua "casca". Eu conseguia enxergar o vazio, não havia ossos, nem carne, era apenas oco, literalmente como um boneco - um boneco que não suporta mentiras -.

É claro que eu só pensei em Changkyun no momento, ele era o único próximo demais para me fazer ficar vulnerável. Ele era o único capaz de trazer essa maldição de volta...

Eu pedi, incansavelmente, para que ele não mentisse para mim, porém por algum motivo ele continuava fazendo. Confesso que depois de tanto tempo e pensando que isso nunca aconteceria novamente, eu me acostumei com a dor...

Me acostumei em acordar de madrugada, com o peito ardendo, queimando, doendo tanto mas tanto, que nem mesmo a morte adiantaria, provavelmente você não tem noção do que é isso. Na época de Sungjoo, eu tentei cravar uma faca no meu peito, por não aguentar tantas mentiras, mas eu não morri, nada adiantou.

Sabe, é irônico, você prometer de todas as formas possíveis que não iria se deixar levar, que iria se isolar de tudo e todos e ainda assim, você encontrar um outro alguém que irá te destruir novamente.

Lies DollWhere stories live. Discover now