CAPÍTULO 3 - Eu escolheria você, Cassie

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CAPÍTULO 3

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CAPÍTULO 3

"Nós não somos amigos.
Nós poderíamos ser qualquer coisa se nós tentarmos,
para manter esses segredos seguros."

Ed Sheeran – Friends

ANTES

Estalei os meus dedos uns nos outros, tremendo dos pés à cabeça e observando a garrafa girar na minha frente.

Olhei ao redor e vi todos os meus amigos se entreolhando com sorrisinhos e risadinhas. Abaixei meu olhar para a garrafa, sentindo-me nervosa. Parecia que o meu coração ia pular para fora do peito a qualquer momento.

Foi então que o que eu mais temia aconteceu: a garrafa parou em mim. Prendi a respiração no mesmo instante e arregalei os olhos, chocada. Ouvi as risadas e as piadinhas sendo ditas na roda e levantei a cabeça lentamente, olhando para quem estava na outra ponta da garrafa.

Vincent Sartori sorria sem jeito enquanto os outros meninos o cutucavam e riam.

– O armário é todo de vocês... – Kim, uma das minhas amigas, balançou as sobrancelhas para mim de forma sugestiva. – Vai lá, Cassie!

– Eu realmente preciso...? – murmurei aterrorizada e quase sem voz.

Kim revirou os olhos diante do meu desespero, mas sorriu e sussurrou:

– O Vincent é um garoto legal. Se você não quiser, diga a ele.

Engoli em seco e assenti. Olhei de relance para Vincent e percebi que ele me observava, parecendo esperar uma atitude minha. Todos na roda começaram a colocar pilha sobre nós dois e ficamos de pé.

Droga, no que eu fui me meter? Bem que papai dizia que aos 12 anos ainda se é muito jovem para ir a festinhas. Como diabos eu me meti nessa situação? Eu nunca havia abraçado um garoto na vida! Como poderia, de repente, passar 7 minutos dentro de um armário escuro com um?

Quando Vincent fechou a porta do armário, o silêncio se instalou entre nós. O espaço era minúsculo e ficamos de frente um para o outro, com um metro de distância entre nós dois. Havia alguns casacos e capas de chuva pendurados ao nosso lado e precisei empurrá-los para me encaixar no espaço.

Conseguia escutar a sua respiração lenta e tranquila, enquanto meu coração parecia batia forte como um tambor.

Meu Deus do céu, eu deveria ter escutado o papai e ficado em casa. Por que a minha mãe me deixou vir? Eu poderia estar assistindo meus filmes a essa hora, lendo um livro ou...

– Isso é estranho, né? – Vincent sussurrou tão baixo que eu mal escutei. – Eu tenho a sensação que todos estão com os ouvidos colados na porta.

– Sim – sussurrei de volta, sem conseguir evitar um sorrisinho. – É constrangedor.

– Se não quiser, tudo bem. Vamos apenas sentar aqui e esperar acabar os sete minutos.

Apesar do breu, meus olhos se acostumaram com a escuridão e pude ter um vislumbre de Vincent sentando no chão. Fiz o mesmo e sentei ao seu lado. Apesar do alívio, ainda não estava nem um pouco calma.

Seu ombro encostava no meu e não pude deixar de sentir uma sensação boa com isso. Eu nunca havia estado tão perto de um garoto antes e Vincent era o que Kim chamava de "um gatinho".

Nós convivemos frequentemente porque os nossos pais eram amigos desde que éramos bebês, mas não éramos próximos. Brincávamos muito quando éramos menores, mas nosso contato diminuiu há um bom tempo.

Seus cabelos escuros e seus olhos cor de mel costumavam atrair a atenção das outras meninas, mas ele era tão quieto que passava despercebido por mim.

Eu odiava admitir, mas a minha atenção se voltava inteiramente a Ian Harris, do 8º ano... e as probabilidades de ele sequer olhar para mim eram praticamente nulas, mesmo que eu estivesse apenas um ano abaixo dele.

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Suspirei tristemente ao constatar que no ano seguinte ele iria para o 9º ano, portanto, iria para a escola secundária, acabando de vez com qualquer esperança que eu nutrisse. Meu amor iria embora e nunca teria a chance de confessar os meus sentimentos.

Acordei dos devaneios ao sentir Vincent se remexer ao meu lado.

– Cassie, você... – disse baixinho, talvez temendo que alguém estivesse tentando escutar no outro lado da porta. – Você já beijou alguém?

Ah, droga, voltei a tremer feito uma idiota. Pigarreei antes de responder, tentando deixar minha voz o mais firme possível.

– Não, eu... – murmurei, estalando meus dedos uns nos outros novamente. – Eu nunca beijei ninguém.

Ele soltou um resmungo em resposta. O silêncio se fez entre nós novamente e pude sentir um clima estranho se formando naquele cubículo. Vincent se remexeu outra vez e, dessa vez, seu ombro e coxa encostava em mim. Era estranho, mas o calor que seu corpo emanava era... bom.

– Eu também não – confessou baixinho.

Isso me surpreendeu, porque por mais que eu não prestasse muita atenção nele, sabia que a maioria das meninas do oitavo ano adoravam olhá-lo enquanto ele jogava futebol.

– Pode parecer estranho, mas... – sussurrou rapidamente, parecendo nervoso. – Se eu pudesse escolher com quem dar o meu primeiro beijo, escolheria você, Cassie.

Fiquei chocada ao ouvir aquilo, mas não me afastei quando ele tateou o chão entre nós à procura da minha mão. Quando senti o seu toque suave envolvendo-a, não pude evitar devolver o gesto, virando-a para cima e entrelaçando os nossos dedos.

Acho que isso bastou para Vincent Sartori tomar a atitude que tomou: ele aproximou seu rosto do meu, naquele cubículo escuro e apertado, e me beijou.

Foi calmo, tímido e com direito a três selinhos singelos no final, fazendo meu coração bater descompassado dentro do peito.

Ele interrompeu o beijo, mas pude sentir seus lábios se curvando em um sorrisinho, ainda tocando os meus suavemente, e sorri da mesma forma. Nossas testas estavam encostadas e havia algo extremamente confortável naquilo.

Eu me senti totalmente boba, apesar das minhas mãos trêmulas, que ele ainda segurava entre as suas de forma mais firme.

Nunca havia beijado alguém antes, mas percebi que se todos os beijos eram daquele jeito... Agora eu entendia por que as pessoas o endeusavam tanto.

A mágica foi quebrada quando a porta do armário foi aberta de supetão e a luz atingiu os nossos rostos. Vincent largou as minhas mãos rapidamente e tivemos que sair do armário, tentando ao máximo não transparecer nosso real humor.

Ouvimos piadinhas e risadinhas, aguentei as meninas me cutucando com sorrisinhos no rosto, mas apenas revirei os olhos para todos e fingi que nada havia acontecido. Percebi que Vincent fez o mesmo, balançando a cabeça negativamente para seus amigos como se eles fossem uns idiotas.

Giraram a garrafa e todos voltaram a se distrair, olhando para as suas paixonites, com expressões afoitas e ansiosas, claramente torcendo internamente para que a garrafa caísse em alguém que queriam beijar.

Eu e Vincent nos olhávamos, sem que ninguém percebesse, e sorrimos timidamente um para o outro.

A lembrança do meu primeiro beijo seria algo que eu não esqueceria tão fácil. 

O primeiro dia do resto da minha vida (Duologia Dias I) - [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora