4

117 6 0
                                    

- Silêncio, por favor! - O Rafael grita.

Ele vai até a lousa, pega o giz e escreve bem grande a palavra Redação.

- Bom pessoal, agora que eu sei o gosto de vocês para leitura, os conheci um pouco, quero que façam sua primeira redação. Nele vocês terão de escrever tudo que queira falar para uma certa pessoa, mas não tem coragem. Pode ser um amigo, crush, parente, o que preferir. - Ele sorri. - Pode ser em primeira ou terceira pessoa, o que preferirem. Peguem seus cadernos e comecem.

- Tem que ser formal? - Pergunto.

- Não, informal. Só não use gírias.

Abro minha mochila e pego meu caderno. Pego a caneta e começo a escrever todas as coisas que vem em minha cabeça, relacionado a ele.
Se passam 20 minutos e eu termino de escrever.

- Terminaram? - Ele pergunta a todos, se levantando da cadeira. - Alguém gostaria de ler?

Levanto minha mão rapidamente, para ser a primeira.

- Por favor, pode ler Jennie.

Olho para o caderno muito nervosa, respiro fundo e começo:

- Você não acha que uma noite pode significar muita coisa? Tivemos uma química ótima naquele momento. Da mesma forma que eu sonho com esse momento, eu não duvido que você passe pelo mesmo. Quando me disse que o que tivemos não foi nada, eu fiquei muito mal. Palavras doem, e muito. Me de uma chance, porque tentar não será o fim de nada, apenas o começo de algo bom. Quando nos beijamos, nunca fiquei tão eufórica. Acho que de muitas pessoas em minha vida, a única que me identifiquei, foi você. Temos os mesmos interesses e gostos em tantas coisas. Disse tudo que queria lhe dizer, então por favor, aceite essas verdades.

Todos batem palma e o Rafael sorri de lado por alguns segundos.

- Tem alguém apaixonada aqui, não é mesmo? - Um menino grita no fundo da sala.

- Quem será que é, em Jenjen? - Escuto o Michael falar baixinho, só para eu ouvir.

Coloco minhas mãos em minha bochecha e vejo que estou bem quente. Dou um soco no braço esquerda de Micha e coloco as minhas duas mãos no rosto, totalmente constrangida.

Não foi fácil ler esse tipo de assunto em público, mas pelo menos eu disse tudo o que queria. Não era para dizer tudo? Pois eu disse.

Mais algumas pessoas leem suas redações e o sinal toca, para o lanche. Continuo sentada e espero todos saírem da sala. E antes que Michael saia também, ele encosta a porta. Obrigada Micha.
Me levanto e vou até sua mesa.

- Gostou do meu texto? - Apoio minhas mãos na mesa.

Ele me olha, dá uma breve risada e começo a colocar seus cadernos dentro de sua mala.

- Está perguntando só porque foi para mim? - Pergunta, sem ao menos me olhar.

- Olha pra mim, e me diz o que achou - Tiro minhas mãos da mesa e me aproximo mais dele, ficando em sua frente.

Ele se levanta, e novamente, ficamos frente à frente. Só que muito mais perto. Eu sinto sua respiração, da mesma forma que ele sente a minha.

- Você quer me provocar? - Fala baixinho, palavra por palavra.

- Porque eu faria isso? - Aproximo mais meu rosto do seu.

Nossos olhos se cruzam. Vejo que seus olhos brilham e instantaneamente dou um mini sorriso. Ele toca delicadamente seus dedos em meu lábio e a contorna lentamente. Meus olhos não sabem se olham para sua mão em minha boca ou se continuo o olhando.

- Seus lábios... - Ele o olha com desejo.

- O que tem ele? - Tento falar sem mexer muito o lábio e continuo com o tom de voz baixo.

- Eu queria muito, muito mesmo, Jennie, ter algo. Você está certo, não foi apenas uma noite. Mas não muda o fato de que, não podemos ficar juntos. - Ele tira sua mão de minha boca e desvia o olhar.

- É claro que podemos. - Seguro sua mão e entrelaço-a com o meu. - Ninguém vai saber da gente, eu prometo.

Ele começa a negar com a cabeça, pega a minha outra mão e o leva até seu lábio, a beijando delicadamente. Sorrio suavemente com sua ação e não tiro meus olhos do seu.

- Desculpe, Jennie. - Ele solta nossas mãos. Segura minha cabeça, coloca meu cabelo atrás da orelha.

Ele beija minha testa, e quando faz isso, fecho meus olhos rapidamente e retribuo o beijando na boca. Ele não hesita. Pressiona mais seus lábios no meu, ficando muitos segundos sentindo o paraíso. Sinto ele se afastar, e não quero abrir os olhos para ver isso.

Ele passa um de seus dedos em meu nariz e vai para a sobrancelha direita. Sinto cócegas e sorrio.

Nos afastamos e minha expressão muda quando fazemos isso. Finalmente abro os olhos.

- Então... - Vou me afastando com dificuldade e chegando na porta. A abro completamente e me apoio nela. - Tenho que ir pro lanche, fome. - Rio do que digo.

Ele acena com a mão e eu retribuo. Vou me afastando aos poucos de costas, ainda o olhando.

- Cuidado...

Antes mesmo que ele termine de falar, esbarro sem querer em alguém. Me viro e vejo que é a enfermeira que me ajudou. Lembro que ela tinha flagrado eu e o Rafael grudados em sua sala.

- Desculpa!

- Tudo bem. Pode ficar tranquila. - Ela toca meu ombro.

Sorrio constrangida. Olho para sua blusa e nele está escrito, em uma plaquinha, seu nome. Chiara. Tão diferente, gostei.

- Está tudo bem com vocês? - Ela pergunta sorrindo.

- Com certeza! - Rafael e eu falamos ao mesmo tempo.

Olho para ele e rio baixinho por termos falado juntos. Ele coloca sua mochila nas costas e sai da sala, sem ao menos olhar para trás.

- Tenho que ir também. - Falo para Chiara. - É muito obrigada por ser uma boa enfermeira. Fiquei muito melhor depois que me ajudou. - Sorrio.

- Eu estou aqui para isso e muitas outras coisas também. - Ela mexe suas sobrancelhas várias vezes.

Não entendi o que ela quiz dizer com isso. Mas gostei dela da mesma forma.

Aceno para ela e vou em direção ao refeitório com um sorriso de orelha a orelha. Preciso dizer mais verdades para que isso aconteça de novo. Foi incrível!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 13, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Meu Professor Onde histórias criam vida. Descubra agora