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Jughead on

Ela não causou todos os meus problemas, mas quando estava comigo eles sumiam, depois que paramos de nos falar, tudo voltou à tona, ela sempre falava que eu não tinha que ter vergonha do que eu sentia, mas eu odiava me sentir um fardo e uma preocupação para ela, então eu não falei nada, nunca. Teve um momento em que passou, a dor, e a tristeza, ela sempre sabia quando eu estava mal, mas me dava o espaço e a liberdade que eu quisesse para fazer o que bem entendia.

Quando ela foi definitivamente embora, eu voltei a me sentir como quando ela ainda não estava na minha vida, depois de resistir muito, e baixar o orgulho de homem adulto busquei ajuda, e paguei um idiota para me ouvir falar como ela era incrível por uma hora e meia, uma vez por semana, eu não queria fazer terapia de jeito nenhum, ia ser como desenterrar todo o meu passado e a perda da minha mãe e a minha irmã, mas fez bem para mim, e eu nunca tive a oportunidade de agradecer a Betty.

- no que você está pensando? - meu colega de trabalho o qual não me importei em saber o nome, entra na sala com um pacote de salgadinhos na mão - hein, está me ouvindo

- em nada - respondo seco

- você sabe que não pode se envolver com as crianças, se não você está fodido, esse é o nosso trabalho cara, ser frios e cuidar dos joelhos ralados à doenças raras dessas crianças

- porque você tá falando isso para mim? - pergunto, porque esse cara se abriria comigo

- sabe, Jones, não é justo, essas crianças não fizeram nada para merecerem estar doentes desse jeito, nada - ele olha para o chão e aperta os olhos com a mão - lembra da Evie? - ele direciona o olhar triste para mim, ela era uma menininhas de cabelos ruivos que tinha HIV, por causa do pai, ela estava melhorando muito, uma vez ela disse para mim que queria morrer, e eu perguntei o porque e ela só disse "ah tio, é que contas de hospital são muito caras, e eu nunca vou sarar", ela só tem 6 anos mas é muito inteligente - ela morreu, cara você tem noção disso, ela era muito pequena, e.... - só tinha 6 anos e era muito inteligente, meu peito arde

- os pacientes morrem, isso acontece - digo frio para não chorar agora, ontem ela disse para mim que tudo bem perder as vezes, ela não se importava em ter que ir pro céu

- não vem de durão para cima de mim Jones - ele diz com lágrimas nos olhos

- eu queria que as coisas fossem diferentes - digo baixinho mas ele escuta

- é eu também - ele levanta da cadeira que sentou e sai da sala onde ficamos no tempo entre consultas e cirurgias.

Me pego chorando por aquela menininha dos cabelos ruivos encaracolados, eu tenho que dar a noticia aos pais, é sempre assim, se não ele não teria vindo até aqui, que merda, eu odeio essa parte. Ajeito o jaleco em meu corpo e lavo o rosto, passo no posto de enfermagem onde uma enfermeira me diz o que aconteceu com a Evie, passo pelo corredor e vejo os cabelos ruivos da mãe com as mãos cobrindo o rosto enquanto o pai passa a mão pelas costas dela, chego mais perto e limpo a garganta

- Pais de Evie Sandberg - pergunto como se nem conhecesse a filha deles, eles se levantam roboticamente - sou o Dr. Jones, eu sinto muito mas Evie não resistiu à cirurgia - vejo o mundo daquela mãe se despedaçar na minha frente - vocês podem ir até o quarto 307 para se despedir, levem o tempo que precisarem eu sinto muito - repito olhando nos olhos dos pais dela, me viro para seguir ao corredor

- é tudo culpa sua - a mãe da menina cuspe as palavras em mim

- desculpa, senhora? - mantenho a postura

- é culpa sua, de todos vocês - ela desmorona e bate em meu peito, me mantenho parado - vocês deveriam saber, ela era só uma criança, como vocês pudera? - ela golpeia meu tórax enquanto chora e o marido a segura pelos braços

- eu sinto muito, fizemos tudo o que podíamos

- "fizemos tudo o que podíamos", vocês só conhecem essa frase

- senhora, isso é meu ambiente de trabalho, nos tentamos todo o tipo de procedimento, mas isso é uma doença que ainda não tem uma cura descoberta

- vocês poderiam ter feito mais

- quando terminarem de se despedir avisem alguma enfermeira, ela explicara as opções do que fazer

- se fosse sua filha lá, você não deixaria ela morrer, não entende o que estou passando - entendo, e como entendo

- ela era uma menina muito especial e muito querida, isso abalou todos nós, sinto muito, e sei como isso é doloroso para uma mãe, mas eu não estava na sala de cirurgia porque somos recomendados à não nos envolver e eu gostava muito da Evie e não queria prejudica-la com isso, não fiz a cirurgia, a culpa não é minha nem de ninguém que a operou, sei que todos eles fizeram o melhor que podiam - hesito sem saber o que esperar - com licença

Entro novamente na sala dos médicos e desabo, o barulho do interfone me tira de transe, limpo a garganta e atendo

- dr. Jones, precisam de você na ala 4, parece que um menino chegou com fratura exposta

- façam os procedimentos de primeiros socorros, eu estou indo - passo a mão no rosto e vou rapidamente até a ala 4, que é o pronto-socorro

- o nome dele é Mark Bennet, ele caiu da rampa, estava com skate e....

- me leve logo ao menino - digo apressado, ela me leva à uma sala que fui poucas vezes

- já começaram com uma pequena dose de morfina - entramos na sala e mais uma mãe chora desesperada

- bom dia, sou o dr. Jones, como está com a dor - me aproximo do menino - isso está muito feio - digo me referindo ao braço - vai deixar uma cicatriz maneira - digo amenizando a tensão da situação, ele sorri para mim e a mãe quase infarta

- sério?

- claro, você é muito forte mesmo, vamos começar o procedimento, você vai ficar bem 

><

oi gente, capítulo mostrando um pouco da vida do jug, espero que vocês gostem, vou tentar postar o próximo no domingo
e que final de temp foi aquele meu jesus deixem suas teorias nos comentarios

FALLING APART [concluída] - livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora