As pessoas superestimam demais o felizes para sempre.Talvez esse seja só um conceito que algum maldito depressivo e mal amado criou para que todo o resto do mundo sofresse com ele, procurando e desejando esse tal de felizes para sempre, mas nunca sendo capaz de alcançá-lo. Restando somente a frustração e a dor de ter desperdiçado a vida perseguindo a sombra de um sonho que nunca foi possível, inútil como tentar segurar água com as mãos.
Ainda assim eu queria o meu felizes para sempre.
É, eu era só mais uma na infinita lista de malucos que achava que poderia perseguir algo que, no fundo, nunca existiu.
Mas também, não podia dizer que eu estava completamente triste e arrasada. Não mesmo. A realidade era longe disso.
Eu estava feliz. Mais feliz do que eu podia lembrar de ter sido em muito, muito tempo. Minha mãe estava ali, como eu sempre sonhei, dizendo as coisas que sempre quis ouvir, cuidando de mim como se eu fosse sua garotinha, ainda que já fosse uma mulher adulta.
E ele também estava ali.
De alguma forma, eu fui agraciada com um presente. O mais lindo e precioso presente. Meu coração de volta. Poder me sentir acolhida e amada por aquele que foi feito para mim. Poder conversar, abraçar, beijar o garoto que me conquistou no primeiro olhar. Eu pude tê-lo de volta. Pude tocar sua pele quente e sentir que ele estava ali e não era mais um sonho que se transformava em pesadelo no momento em que eu abria os olhos, só para perceber que nunca mais o teria ao meu lado.
Não era meu Keith.
Mas era uma parte dele. Eu sentia que uma parte de Keith vivia em Nathaniel, e mesmo assim, eu não o amava só por isso.
Durante aquele mês, aprendi a amar Nathaniel por mais do que apenas os olhos do meu grande amor. Nate era um poço de contradições que me fazia rolar os olhos em irritação, rir e querer beijá-lo no mesmo minuto. Ele dizia as coisas mais lindas, era completamente entregue ao que sentia, não tinha medo de enfrentar os próprios sentimentos.
E ao mesmo tempo achava que a simples ideia de uma garota frequentar a universidade era absurda.
Não que eu tivesse dito para ele que fazia faculdade, é claro. Apesar de ter descoberto que ele frequentou a Western Oregon University também. Uma coincidência inesperada. Para ser sincera, eu nem sabia que minha faculdade era tão velha assim, estivera tão dopada dr sentimentos nos últimos anos que não havia apreendido muitas informações sobre o lugar em que vivia e estudava.
Depois da noite do nosso primeiro beijo, fiquei uma semana inteira sem ver Nate. Ele achava um escândalo que nós nos amássemos e eu me recusasse a abandonar meu noivo.
Talvez se eu tivesse dito que me recusava a abandonar meu tempo, ele tivesse sido mais compreensivo. Ou – o que eu achava mais provável – tivesse me chamado de louca e implorado para Lucy me colocar em um hospício.
Foi uma semana horrível. Eu fiquei tão triste que nem Missy veio me incomodar com seu falatório interminável. Já Lucy parecia muito estranha, eu sempre a surpreendia olhando para mim especulativamente, como se suspeitasse de alguma coisa, mas sempre sorria e falava sobre qualquer bobagem para disfarçar.
Eu não me sentia bem nem para conversar com ela, então ficava a maior parte do tempo no banco da varanda, olhando para o nada e pensando que talvez eu nem precisasse me preocupar em machucar Nathaniel quando finalmente fosse embora, já que estava claro que ele não me queria mais mesmo.
É claro que eu não acreditava nisso. Não que eu fosse metida ou egocêntrica a ponto de achar que era irresistível demais para o cara. Não. Eu só sabia que um homem que me olhava do jeito que Nathaniel olhara na nossa primeira noite no mar...só podia estar apaixonado.
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Ocean Eyes
RomanceO mar me tirou quem eu mais amava, o menino com olhos da cor do oceano. Olhos de oceano que foram fechados para sempre. Mas eu não sabia que, ao mergulhar em águas desconhecidas, os veria novamente. História inspirada por cinco músicas do álbum Ocea...