Hunter, i choose you

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— Harry, você precisa superar isso. — Hilde começou a falar antes mesmo que Harry abrisse a boca — Eu não quero ser mãe. Nunca quis e você sabe. Eu só tenho dezesseis anos e você também! Não sabemos nada sobre bebês, nem terminamos a escola, meus pais não vão me apoiar e nem os seus. — suspirou —Além disso, eu vou mudar de escola no ano que vem. E no outro ano, se tudo der certo, vou para a faculdade, aliás, nós vamos para a faculdade. Poderíamos fazer intercambio, estudar outras línguas, conhecer o mundo, outras pessoas. Você podia investir na carreira musica, você é tão talentoso... 

Harry a olhava daquele jeito que sempre desarmava Hilde. Com um olhar compreensivo e triste, de alguém que tenta te entender por mais que discorde. Odiava quando ele fazia isso.

—Amor, — primeira vez em muito tempo que o chamava assim. Tocou a mão dele —Eu sei que 'to te magoando e talvez nunca possa me redimir, mas você precisa entender que...

—Eu fico com o bebê.

Hilde deu um leve salto para trás quando ouviu aquilo. Harry inclinou o corpo para frente, talvez ela não tenha entendido. Cuidadosamente ele envolveu a mão dela nas suas e encarou aqueles olhos castanhos com seus olhos verdes

—Eu fico com o bebê — disse pausadamente —Você não precisa repetir o que todo mundo vem me dizendo esses dias. Eu não to nem aí para ser racional, parar de pensar com o coração e... Eu não me importo, Hilde. Eu quero essa criança!

— Mas, Harry...

— Eu sei que ficar grávida, ter aquela barriga e tudo mais não é problema pra você. Você não é como as outras que se importam com esse tipo de coisa e eu acho que isso que te torna tão legal. —Harry não era muito profundo com seus elogios — Esses sete meses não serão o problema e sim ser mãe. E, tudo o que vai vir com isso, o que você vai perder. Então, me dá ele. Eu vou cuidar dele, ou dela. Arrumo um emprego, estudo a noite, faço supletivo... dou o meu jeito!

— Harry, pelo amor de Deus não é tão simples assim! Isso não é uma boneca! É uma pessoa que vai existir pro resto da sua vida e por, sei lá dezoito anos vai precisar de você...

— Eu sei! — soltou a mão dela e nervoso colocou as mãos no rosto —Eu já sei de tudo isso, Hilde! E quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não me importo!

—Você vai perder a sua vida inteira, seus amigos, sua carreira, seu futuro...

—Ok, que seja! Eu não acho que seja esse desastre que as pessoas dizem. Mas isso vai ser meu problema e de mais ninguém.

—O que? – Até então Hilde não tinha compreendido onde Harry queria chegar — E quanto a mim? Digo, e quanto a nós, Harry?

—Não existe mais nós, Hilde — ele respondeu depois de três silenciosos segundos encarando a menina —No momento em que você tomou essa decisão, me obrigando a pedir ajuda aos seus pais, aos meus pais, aos nossos amigos. Lutar sozinho nessa merda toda... deixou de existir esse "nós". — ele engoliu seco, pois por dentro era um terrível massacre dizer aquelas palavras e ver a expressão de Hilde —Você tá certa. Você me magoou e nunca vai poder curar isso. Então, pela nossa amizade me deixa ficar com o bebê. Eu vou cuidar dele e amá-lo e fazer tudo por ele e você pode seguir a sua vida, fazer a sua faculdade, seu intercambio, conhecer o mundo, dominar o mundo... E eu vou ser pai, porque é isso que eu sempre quis na minha vida. Tudo o que vier depois, vai ser lucro. — deu de ombros.

O silêncio se fez na praça em que o casal conversava. Hilde processava aquela informação. Como foi que Harry amadureceu tanto em tão pouco tempo? E se tornou tão frio a ponto de abrir mão da relação deles dois por alguém que nem tinha nascido ainda.

—Ok... — murmurou com lágrimas nos olhos — Deixa ser como você quer então, eu te entrego o bebê depois que nascer.

—Obrigado, Hilde. — aliviado ele a abraçou, aumentando o choro da menina e causando o choro dele.

—Desculpe-me por estragar tudo, Harry. Eu te amo tanto.

—Você não estragou nada, flor. Você tem os seus sonhos, eu tenho os meus e nós vamos fazer-los darem certo. — a afagou carinhosamente — Eu também te amo e você sempre será a garota da minha vida.

...

Sete meses e meio se passaram. Hilde e Harry concluíram o penúltimo ano do colégio e se despediram dos antigos colegas. Hilde mudou-se para o colégio interno como planejara e Harry deixou os estudos para que pudesse trabalhar e, com nenhuma ajuda de seus pais, ser um bom pai para Hunter Nathaniel Styles. Um pequeno bombonzinho com adoráveis covinhas nas bochechas e brilhantes olhos verdes em um rostinho cor caramelo.

Nos primeiros dois anos ele morou com seu filho na casa dos pais, até para receber um curso intensivo de como ser um pai de família antes de sair rumo à independência. Tentou estudar em casa, mas fracassou logo nos primeiros meses. Estudar álgebra, filosofia ou química, tendo um bebê chorando com cólicas, fazendo barulhinhos engraçados com a boca ou aprendendo a rolar na cama era impossível. Isso tudo sem contar as fraldas, mamadeiras, banhos, noites mal dormidas, resfriadinhos ou doenças que todo mundo achava bobo, mas para Harry era motivo de desespero... É, não tinha lugar para escola em sua nova vida. Além disso, sempre soube de sua falta de habilidade nas matérias da escola. Algumas pessoas não nascem para a vida acadêmica. Mesmo contra a vontade de seus pais – atitude que vinha se tornando um habito – e sendo algo que ele mesmo admitia ser errado, ele desistiu de vez e passou a dedicar o tempo livre que Hunter lhe concedia no que era bom de verdade. A musica. 

Our Little ShipOnde histórias criam vida. Descubra agora