Capítulo 1: Visita de Elanor

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Os ventos gelados com os raios quentinhos do sol eram praticamente a maior definição de Galad. Nunca era exatamente frio ou exatamente calor nesse país montanhoso e esverdeado. Eu gostava, ou pelo menos, me acostumei a gostar, afinal, eu deveria aprender a gostar já que aqui é o meu lugar desde que me entendo por gente.

Mamãe sempre dizia que Galad seria a salvação do Continente, mas ela nunca disse como antes de morrer há 12 anos de uma doença congênita. Quem sabe ela está realmente em um lugar melhor onde não precise mais se preocupar com o que acontece aqui, no mundo dos vivos. Seja lá onde ela estiver.

Mas, não tenho muito do que reclamar, afinal, ser princesa tem lá todos os caprichos e adornos que devem fazer jus aos de sangue azul, como Zoé costuma dizer, com sua língua mais afiada que uma lâmina de barbear. Entretanto, ser princesa também é carregar uma responsabilidade que nem sempre é desejada por ser tão pesada, assim ressalta constantemente Caterine. Cate.

Para mim, ser princesa é traçar o caminho da sujeição a testes e mais testes, onde no final, o que você ganha é um punhado de estresse e julgamentos. E nem sempre são pedidas as opiniões.

Mas, devo concordar com Zoé, assim como tenho que concordar com Cate, até porquê, sem ambos os pilares ditados por elas, nunca seria alcançando o que eu realmente almejo desde que me dei conta da proporção do que essa palavra significa para meu povo: a paz.

E quando digo paz, quero dizer a paz dá guerra, uma grande perda de vidas e tempo por mais alguns hectares de terras. Ok que são terras valiosas mas não deixam de ser terras.

Uma guerra que consome vidas por anos e mais anos, muito antes mesmo de eu nascer.

Meu país não participa da guerra atualmente, entretanto, já participou num período antes de papai ser o rei e só esse tempo foi o suficiente para eu saber, por mais que através da história, que não quero isso nunca mais para meus súditos.

— Princesa.— Ouço a voz de um dos lacaios. Ergo o queixo para olhá-lo nos olhos. Estava tão absorta encarando a sombra e a claridade que refletia nas folhas de uma árvore velha graças a rotação da Terra.— Sua Majestade deseja vê-la.

— O que meu pai quer comigo a essa hora da manhã?— Questiono mais para mim do que para o lacaio enquanto me desembolo no meio daquele mundaréu de panos que constantemente me acompanhavam como vestido. O lacaio não responde, obviamente, era apenas um recadista.

Segurei firme o pano pesado e dei passadas largas. Poderia admitir facilmente que estava curiosa para saber o que o rei queria comigo pouco depois do desjejum.

Atravessei o castelo que conhecia de cabo a rabo. Poderia andar aqui de olhos vendados e me sairia melhor que um visitante.

Dois guardas a mais estavam na porta do escritório de papai. Dois guardas de uniformes diferentes, azuis, uniformes que nunca havia visto antes mas ao notar o emblema prateado, não havia como não perceber que pertenciam a Elanor, uma ponta do país que guerreava com a outra ponta, Haldir. Ambos os principais países que têm causado noites sem sonos, desespero e pouca estrutura para seus cidadãos.

Eu não gostava desses países e muito menos de seus representantes.

— Chloé, veio depressa, que ótimo.— É a primeira coisa que papai fala ao se levantar de sua cadeira de couro de cordeiro que ele aderiu ao invés do clichê trono, pelo menos aqui porque quando se era necessário, era em seu trono que ele deveria sentar e não sair mais.

Sangue azul avermelhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora