Capítulo 4: Baile de recepção

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Eles eram bons, tinha que admitir. Fizeram meu quarto parecer o máximo possível com o de Galad para eu "me sentir em casa" e não estranhar tanto a princípio o meu novo lar. Realmente pensaram em casa detalhe mínimo e o tornaram sólido exclusivamente para mim.

Desde que voltei do jardim não sai mais daquele quarto graças às minhas damas que vasculharam cada centímetro da minha pele em busca de qualquer mínimo arranhão, embora finalmente tivessem aceitado o fato do turbilhão de panos ter amortecido a queda, ainda assim, garantiram que eu não teria dores musculares ou qualquer coisa do tipo fazendo com que eu mergulhasse em um banho com ervas e sais por horas para aliviar futuras dores, segundo elas mesmas.

Eu devia estar perfeita para ser apresentada para essa sociedade. Deveria ser perfeita e fazer jus do porquê me escolheram e não qualquer outro reino dos arredores. E eu devia fazer minha parte de mostrar porque eles me escolheram e quando for definitivo, iniciar minhas soluções para ao menos tentar ajudar aqueles que não foram e que foram extremamente prejudicados pela guerra, por mais que eu saiba que famílias já tenham sido destroçadas por morte ou perdas incomparáveis porque eu já vi de perto e sei como é, eu devia isso à eles. Devia por ser a representante deles, e eu faria isso.

Já beirava a noite quando vi carruagens de diversos modelos e tamanhos chegarem ao castelo. Mais cedo, ouvia perfeitamente os passos no corredor com pressa para lá e para cá para fazer tudo ser perfeito.

Não tinha ideia de como estava lá fora mas à julgar pelas feições fascinadas de minhas damas que vez ou outra iam bisbilhotar, estaria ficando muito bom.

Tentava esticar o pescoço ao máximo para tentar ver pelo menos alguma pessoa, qualquer pessoa, mas o parapeito de blocos não permitia.

- Princesa.- Zoé me chama atrás de mim e ao me virar, dou de cara com um vestido magnífico. Ele era vermelho, como a cor da minha bandeira. Tinha um decote pequeno em V e na barriga era repleto de rubis vermelhas mais escuras. As mangas eram transparentes avermelhada e soltas, como tule, mas mais justas no pulso dando um contraste lindo. Nas bordas do vestido subindo em degrade havia detalhes dourados que iam se escurecendo até o mesmo tom da pedraria conforme subiam mas que iam apenas até o meio da saia longa.- Foi de sua mãe, Cate e eu fizemos apenas alguns ajustes para caber perfeitamente na senhorita.

- Não fizemos nenhum ajuste brusco, apenas apertamos um pouco mais na cintura e soltamos mais no quadril.- Cate complementa rapidamente temendo que eu dissesse algo sobre os ajustes, mas...

- Está perfeito.- Falo, maravilhada e elas sorriem.- Tiveram um ótimo trabalho, meninas.- Falo dedilhando o vestido com as pontas dos dedos e sorri imaginando como minha mãe devia ter ficado perfeita no vestido.

Cate se ocupou em preparar um penteado que não me deixasse desconfortável, a meu pedido e ela nem mesmo pestanejou, provavelmente já havia pensado em algo e sabia que eu pediria por isso, enquanto Zoé faziam com que minhas bochechas ficassem mais ruborizadas e meus lábios mais brilhosos.

Elas tagarelavam enquanto me preparavam e tentavam ainda decifrar como seria a aparência do rei sem nunca tê-lo visto. Eu divagava em meus pensamentos me lembrando de Fergus e o quão incrível seria montá-lo. Anotei mentalmente procurar por aquele cavalariço amanhã e pedir para ser realizada minha vontade de montá-lo.

Instigante, era o que aquele cavalariço aparentava. Me lembro ainda do quão penetrante ele me observava e em como sua reverência era tão perfeita para um serviçal. Poderia facilmente ser o próprio cavalariço do rei, já que a rainha-viúva disse que o mesmo gosta de cavalgar. Seriam detalhes que eu descobriria apenas ao longo dos dias e usaria até mesmo para conhecer mais por aqui.

Sangue azul avermelhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora