❦ 006 ❦

84 9 2
                                    

H O P E

Após o termino do por do sol, voltamos para acasa de Blue, assim como os pais dela haviam me prometido eles me levaram para minha casa depois que eu terminei um banho quente e refrescante e coloquei roupas limpas que Blue fez questão de me emprestar.

 O dia foi tão bom, e só de pensar no que estava para vir me fazia querer me ajoelhar no chão e implorar que eles me deixassem aqui para sempre, mas de qualquer forma, eu teria que lidar com isso. Querendo ou não, a pessoa que eu mais temia era meu pai e por mais que não quisesse aceitar isso, ele é a pessoa que eu mais preciso ajudar e eu sinto no fundo da minha alma que ele me ama. Mesmo que seja da maneira mais dolorosa, é amor.

Neguei os pedidos de Blue de dormir ali aquela noite e entrei no carro, por alguns minutos tive uma sensação de pertencer a um lugar, a uma família. Mas essa sensação foi embora quando o carro parou e eu consegui ver o portão de casa. Me despedi daqueles pais tão amorosos e retornei a minha realidade. 

 Os portões tão grandes fazia com que eu me sentisse a pessoa mais pequena do mundo, ele era preto e tinha ferrugens em toda parte. Os muros eram pintados de tinta cinza mas já estavam desgastadas. Tirei a chave de dentro da mochila e abri o portão e entrei no meu inferno particular. 

O cheiro de cigarros e álcool era tão presente que eu acredito que mesmo com todos os produtos de limpeza esse cheiro nunca iria sair - mesmo eu sabendo que eu era única que sentia isso-, a casa era gigante, os portões e muro davam impressão de uma casa simples e descuidada mas a realidade era longe disso.

Tinha câmeras em todos os lugares, seguranças andando de um lado pro outro armados do dente aos pés, e empregadas limpando cada canto do que supostamente era minha casa. 

Assim que coloco o pé dentro da sala, vejo olhares de pena sobre mim das duas empregadas que estavam ali. A sala era grande, e a única coisa clara que havia ali era os tons de cinzas da paredes. Os sofás eram pretos e formavam uma espécie de L, havia um espelho gigante que chegava do teto até o chão, uma tv tão grande que ocupava quase toda a parede mas que nunca estava ligada.

Na sala havia duas portas: uma que te levaria para cozinha e outra para a sala de estar. Na sala também havia uma escada onde te levaria para inúmeros quartos que estavam constantemente vazios e o escritório que eu não podia nem pensar em passar perto.

 Subi as escadas e andei até o meu quarto, mas não consegui entrar. Apenas senti um braço forte me puxando. Meu pai. Com seu terno impecável, e uma alma impenetrável. 

- Pai. - Falei tentando fingir que sua presença não era tão dolorosa mas sua falta era esmagadora.

- Eu pago aquela escola todo mês, para chegar de um longo dia de serviço e receber uma ligação dizendo que você foi suspensa e ainda por cima sem saber onde você está? Eu te dei o melhor celular pra você atender essa porcaria e não deixar desligado. Eu não tenho tempo pra me preocupar com uma adolescente que não sabe dos privilégios que tem. Pelo amor de Deus Hope, não me coloque como vilão só por que eu não ter tempo pra te dar atenção 100% do meu dia. - Robert, meu pai diz. 

- Não quero sua atenção, não depois de tudo do que o senhor me fez passar. O senhor não é superior a mim só porque criou um império, e quer saber? Eu sei muito bem como esse seu império começou e não é nada parecido como todo mundo diz. Eu não sei porque eu ainda tenho esperanças de você realmente me enxergar. - Termino de falar e só sinto o tapa de sua mão em meu rosto. 

 A dor do tapa não era nada comparado a dor da rejeição que eu sentia todos os dias. 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 19, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

hope ⟲ hunter rowlandOnde histórias criam vida. Descubra agora